"Aquele que imigra é como o que vai ao fundo dos abismos onde nem a morte chega sem medo, para daí trazer uma imagem amada, a imagem da terra em que se criou"

Todos, pelo menos uma vez na nossa vida, tivemos o desejo de partir para encontrar o nosso destino, para nós perceberemos o sentido da nossa existência. Mesmo que não se trate de uma viagem verdadeira, feita de comboio, de carro ou de avião, cada um de nos, partiu. Conhecer uma pessoa é uma viagem. É possível viajar, ficando em casa tranquilamente, lendo um livro ou vendo um filme.

"Quem parte, sabe do que está a fugir, mas não sabe do que vai em buscana procura"*1; ir "ao fundo dos abismos" gera medo, mas também é verdade que, sem que se faça isto, sem risco nenhum, não se pode ser capazes de reconhecer o bom que a vida nos oferece, assim "trazer uma imagem amada"

Geralmente, perdemos o nosso tempo em correr de um lado para umo outro, sem poôr atenção no que está ao nosso redor e esquecemosesquecemo-nos de olhar a fundo para as coisas que fazemos todos os dias e que gostamos, mas não sabemos de gostarapreciar, pelo menos, até nos irmos-nos embora ("Passa-se muito fora de Portugal para que Portugal seja mais nosso").

Partir é uma moeda que tem duas faces: se de um lado o sentimento que nos anima é a curiosidade de descubrir o que está além do nosso cantinho, "fome" de saber, de conhecer as intermináveis diversidades que estão no mundo à nossa volta, do outro, o "aborrecimento" sugere fugir a fuga dos "pensamentos e das suas consolações".

Seja o que for, viajar é uma grande oportunidade como também um grande desafio que a vida põe à nossa frente.

Podemos viajar em cada momento do nosso dia, olhando para tudo com curiosidade e vontade de descu compreender.

*1 cit. "Ricomincio da Tre" - film de Massimo Troissi