DI_93BF35b
Without Title
ID | 93 |
Participant | F. Jacques |
Gender | Feminino |
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é
bonito
este
texto
é
?
é
e
eu
não
li
foi
o
título
Memória
de
Outra
Banda
pois
é
mas
eu
agora
hhh
/
foi
eu
reparei
que
não
tinha
lido
o
título
mas
não
faz
mal
na
altura
re
não
ti
Memória
da
Outra
Banda
porque
na
altura
não
?
acontece
muitas
vezes
há
muita
gente
que
aborda
o
texto
imediatamente
sem
eh
eh
ler
o
título
memória
da
outra
banda
faço
sempre
quando
é
assim
depois
acabo
por
pedir
às
pessoas
para
lerem
o
título
sim
sim
sim
sim
foi
?
mas
ah
/
espontaneamente
e
só
agora
é
eu
tinha
eu
tinha
reparado
mas
depois
digo
assim
"
bem
agora
vou
continuar
a
ler
e
fez
bem
bem
porque
estava
a
mas
ah
não
fazer
uma
leitura
como
devia
ser
de
um
texto
e
às
tantas
está
a
interromper
hhh
/
e
no
no
ainda
bem
que
não
disse
/
hhh
/
A
Memória
da
Outra
Banda
"
mas
é
muito
bonito
é
?
é
mas
costuma
levantar
muitas
dificuldades
de
leitura
a
muita
gente
mas
é
bonito
o
texto
porque
para
já
nem
toda
a
gente
está
habituada
a
ler
alto
/
não
é
?
por
outro
lado
ah
há
muito
vocabulário
no
texto
que
não
é
de
uso
corrente
/
que
levanta
dificuldades
próprias
tem
levantado
problemas
de
leitura
devia
ter
escolhido
um
texto
mais
ah
fácil
de
leitura
ah
quer
dizer
eu
ah
/
gostei
e
estava
a
ler
e
estava-me
a
lembrar
porque
são
coisas
que
têm
a
ver
com
a
minha
pois
exatamente
com
a
minha
especialidade
com
a
História
há
bocadinho
quando
disse
hhh
o
o
moinho
de
maré
do
D.
Nuno
Álvares
Pereira
não
é
?
há
bocadinho
quando
estava
a
dizer
que
mais
parecia
uma
aula
de
Geografia
/
e
eu
pensei
asism
para
mim
"
agora
parece
uma
aula
de
Geografia
e
História
hhh
/
e
História
mas
é
bonito
hm
hm
ah
o
texto
não
é
meu
foi
retirado
/
embora
com
adaptações
do
daquela
revista
do
Expresso
/
do
José
Quitério
sim
sim
pronto
é
do
género
dele
não
é
?
sim
sim
é
é
muito
bonito
é
conhecia
aquilo
?
sim
quer
dizer
e
eh
[
/
]
eh
/
é
interessante
porque
foi
há
muito
pouco
tempo
sobre
precisamente
o
problema
dos
barcos
e
de
recuperação
no
Seixal
a
Câmara
do
Seixal
/
e
foram
todos
todos
aqueles
barcos
que
navegaram
no
Tejo
é
uma
pena
não
serem
a
maior
parte
sim
sim
ainda
há
muitos
que
se
perderam
as
canoas
as
fragatas
todos
aqueles
barcos
seriam
lindíssimos
é
uma
pena
de
facto
eu
por
acaso
não
sabia
que
a
muleta
também
lá
existia
pensei
que
fosse
só
em
Aveiro
na
ria
também
existia
eu
fiquei
a
saber
por
aí
e
e
também
existia
ali
naquela
hm
hm
é
muito
bonito
então
vamos
cá
ah
/
voltar
a
a
o
a
outros
assuntos
sim
a
sua
experiência
de
dar
aulas
/
conte-me
lá
casos
com
o
que
é
que
acha
disto
/
que
tipo
de
aluno
é
que
se
tinha
e
se
tem
/
hoje
em
dia
tem
que
a
disciplina
/
quer
dizer
é
é
como
é
que
é
?
sim
eh
quer
dizer
é
muito
complexo
/
é
porque
eu
quer
dizer
foram
foram
/
quer
dizer
sou
professora
em
épocas
muito
diferentes
muito
diferentes
claro
e
em
cada
época
com
aspetos
negativos
e
os
positivos
não
é
?
e
portanto
eu
vivi
ah
uma
série
de
reformas
ensino
do
do
do
do
do
sistema
/
e
do
ensino
não
é
?
e
quando
comecei
a
dar
aulas
as
escolas
eramm
muito
poucas
ah
o
ensino
era
muito
seletivo
/
muito
elitista
/
muito
pouca
gente
hm
hm
ah
estudava
a
maior
parte
não
completava
a
instrução
primária
/
sequer
eu
andei
nos
anos
quarenta
na
escola
primária
não
não
terminava
nem
os
quatro
anos
de
escolaridade
obrigatória
na
altura
obrigatório
entre
aspas
porque
eu
estava
obrigatório
na
lei
mas
não
era
cumprido
era
como
nós
mas
na
prática
não
não
não
não
não
não
não
era
cumprido
ah
/
depois
ah
/
continuar
portanto
fazer
na
altura
a
admissão
ao
Liceu
/
ou
às
escolas
Comerciais
/
já
era
de
facto
só
para
alguns
uma
minoria
era
uma
minoria
e
depois
entre
a
escola
ah
/
comercial
e
o
Liceu
já
havia
diferenças
portanto
/
ou
se
queríamos
se
queríamos
seguir
carreira
liceal
/
ah
o
o
entrar
no
Liceu
/
tínhamos
que
fazer
a
admissão
ao
Liceu
/
que
não
servia
para
entrar
numa
escola
comercial
nem
uma
admissão
feita
numa
escola
comercial
servia
para
entrar
no
Liceu
pronto
já
aqui
se
estabelecia
uma
diferença
muito
grande
/
que
tinha
muito
a
ver
com
elitismo
entre
o
ensino
que
na
altura
era
o
ensino
técnico
/
e
a
e
o
e
o
liceal
/
porque
pensava-se
e
com
razão
que
o
ensino
liceal
era
quem
pretendia
depois
/
muitos
poderiam
seguir
para
a
universidade
para
o
Ensino
Universitário
ah
/
quando
comecei
a
dar
aulas
o
esquema
era
este
exacto
portanto
era
o
mesmo
que
que
existia
quando
eu
era
aluna
não
é
?
e
então
havia
era
um
ensino
muito
teórico
/
ah
os
programas
muito
rígidos
/
livros
únicos
que
duravam
sem
fim
anos
e
anos
e
anos
<
e
anos
>
portanto
que
tinha
desvantagens
e
tinha
vantagens
claro
que
era
as
vantagens
até
até
económicas
quer
dizer
/
o
mesmo
livro
dava
para
uma
série
de
filhos
não
é
?
continuassem
a
estudar
os
pais
não
tinham
hm
hm
a
a
não
sei
se
a
intenção
era
não
fosse
essa
/
hm
não
é
?
mas
mas
aa
intenção
do
do
do
regime
ah
/
podia
não
ser
essa
mas
que
era
era
era
era
mais
económico
para
os
pais
e
e
mas
havia
eh
quer
dizer
/
para
o
professor
o
professor
sabia
tinha
a
sua
carreira
at
era
tudo
muito
claro
porque
estava
tudo
de
tal
maneira
ah
normalizado
/
hm
hm
hm
hm
sabíamos
o
que
podíamos
e
o
que
não
podíamos
fazer
/
como
é
que
que
era
era
tudo
estava
tudo
tão
claro
/
que
de
facto
estava
facilitado
nesse
aspecto
estava
facilitado
nesse
aspecto
a
vida
do
professor
/
que
tinha
aqueles
programas
o
professor
de
história
eu
mesmo
como
alunos
numa
universidade
nós
fazíamos
um
curso
de
História
sem
estudar
da
História
oficial
da
história
ah
que
o
regime
deixava
que
se
estudasse
ah
pois
que
o
regime
permitia
com
professores
universitários
que
foram
saneados
pelo
pela
pelas
pelos
seus
ideais
e
pelo
pelo
imprimir
pela
abertura
que
tentaram
ah
imprimir
porque
tiveram
problemas
gravíssimos
portanto
os
outros
ou
eram
de
facto
seguiam
aquilo
de
alma
e
coração
porque
claro
ou
então
teriam
mesmo
de
o
fazer
não
é
?
porque
eh
e
a
maneira
de
de
não
criarem
problemas
havia
períodos
da
da
da
história
importantíssimos
/
acabava-se
um
curso
superior
e
nós
não
não
nos
transmitiam
conhecimentos
sobre
a
República
a
primeira
República
era
bizarro
não
era
?
foi
?
a
república
que
aquilo
parecia
que
era
quase
uma
coisa
para
o
para
o
regime
que
hhh
/
ouvir
falar
em
república
só
a
palavra
república
devia
pô-los
assim
um
bocado
até
à
Assembleia
não
se
chamava
de
República
era
a
Assembleia
Nacional
não
é
?
tinham
era
eramos
muito
nacionalistas
parecia
que
um
estigma
hhh
/
ah
revolução
francesa
muito
só
a
palavra
revolução
devia
causar
ah
a
revolução
Francesa
/
ah
já
para
não
falar
na
Revolução
Socialista
isso
nem
pensar
nem
pensar
não
é
?
ah
ficava
assim
a
cabeça
muito
e
eh
pronto
ficávamos
assim
muito
truncados
/
das
pessoas
quando
viam
que
havia
lapsos
voluntário
eh
era
era
era
quer
dizer
havia
alunos
muito
jovens
que
aceitavam
aquilo
nem
pensavam
pois
pois
/
/
claro
era
assim
e
era
assim
não
é
?
aqueles
que
de
facto
queriam
saber
eh
investigação
própria
tinha
de
ser
própria
escondida
própria
escondida
porque
havia
livros
que
não
se
encontravam
na
na
nem
nas
bibliotecas
da
das
das
Universidades
/
pois
pois
pois
nem
nas
próprias
livrarias
basta
dizer
que
a
maior
parte
e
não
era
só
em
livros
ah
de
ensino
/
é
que
os
livros
do
Jorge
Amado
muitos
deles
não
não
se
encontravam
à
venda
está
bom
pelo
menos
assim
/
assim
livros
mas
era
porque
porque
estava
no
index
é
é
/
hhh
da
censura
porque
estava
não
se
podiam
não
se
podiam
ler
e
e
pronto
/
e
ainda
por
cima
os
autores
nacionais
por
isso
tinham
de
ter
muitos
cuidados
depois
como
professora
/
hm
hm
tínhamos
de
contornar
a
situação
/
porque
tínhamos
o
programa
e
então
tínhamos
de
cumprir
o
programa
claro
e
havia
momentos
um
bocado
complicados
porque
eu
nunca
me
esqueço
que
nós
tínhamos
de
falar
era
a
semana
do
ultramar
/
que
vinha
para
as
escolas
/
portanto
uma
circular
os
professores
de
História
e
Geografia
não
é
?
a
falar
do
ultramar
mas
eh
falar
do
que
lhe
convinha
duma
mace
politicamente
favoravelmente
à
situação
da
colónia
/
aquelas
terras
não
são
colónias
são
províncias
/
tal
como
o
Minho
e
o
Algarve
apenas
são
e
aquilo
é
nosso
por
isto
e
por
aquilo
quer
dizer
/
e
havia
alunos
e
o
professor
quer
dizer
às
vezes
falar
nisto
/
"
eu
não
concordo
nada
com
isto
mas
como
é
que
eu
como
é
que
eu
vou
dar
a
volta
a
isto
?
faço
?
"
então
a
maneira
de
dar
a
volta
ao
texto
tinha
de
ficar
no
sumário
a
semana
do
ultramar
/
para
controlar
?
ah
/
nunca
sabíamos
os
alunos
que
tínhamos
os
pais
em
casa
as
perguntas
que
poderiam
fazer
não
é
?
às
vezes
até
sabíamos
não
é
?
então
não
podemos
fugir
claro
eu
por
exemplo
fazia
assim
/
semana
do
ultramar
/
Angola
/
uma
aula
para
Angola
outra
para
Moçambique
/
para
a
Guiné
/
não
dizia
/
dava
uma
aula
de
Geografia
ah
boa
/
hhh
/
e
então
era
angola
onde
está
situada
Angola
não
é
?
ah
é
banhada
pelo
oceano
Atlântico
e
tal
/
serras
rios
e
fauna
e
flora
e
vocês
já
viram
/
/
hhh
/
quer
dizer
eu
dava
uma
aula
de
Geografia
mas
ninguém
podia
dizer
que
eu
não
tinha
falado
em
Angola
/
hhh
/
/
hhh
em
Angola
hhh
/
não
era
e
eu
não
não
nem
me
atrevia
a
a
falar
nem
sim
senhora
devemos
defender
aquilo
ou
não
devemos
defender
/
hm
hm
mesmo
depois
de
ter
começado
a
guerra
não
é
?
ah
/
até
antes
isto
tam
pois
pois
antes
e
depois
prolongou-se
não
é
?
no
durante
portanto
não
não
não
me
metendo
nisso
/
porque
isso
então
já
eram
caminhos
que
podiam
ser
perigosos
claro
e
nós
tínhamos
de
nos
auto-censurar
tinha
que
ser
era
era
é
/
criámos
a
pessoa
criou
isso
quer
dizer
/
de
tal
maneira
se
enraizou
que
nós
tínhamos
só
só
que
tínhamos
uma
auto-censura
já
já
tão
tão
tão
tão
enraizada
/
que
às
vezes
nem
nos
apercebíamos
que
nos
estávamos
a
auto-censurar
hm
hm
e
como
é
que
foi
depois
eh
a
mudança
para
o
pós
vinte
cinco
de
abril
?
depois
mas
tem
mas
tem
uma
coisa
quer
dizer
mas
havia
um
um
aspeto
na
na
nesse
período
/
que
eu
considero
muito
que
me
agradou
hm
hm
portanto
/
por
um
lado
era
mau
porque
havia
uma
seleção
muito
grande
de
quem
estudava
sim
mas
os
que
estudavam
/
a
maioria
/
porque
os
que
não
eram
assim
eram
exceções
/
e
acabavam
por
ter
que
se
enquadrar
na
no
no
no
sistema
e
no
meio
/
eram
alunos
de
uma
grande
educação
hm
hm
de
uma
maneira
geral
portanto
havia
claro
as
exceções
mas
eram
exceções
muito
educados
/
que
respeitavam
de
facto
/
o
professor
para
eles
ainda
representava
uma
figura
um
modelo
respetado
um
modelo
a
seguir
e
respeitado
e
havia
um
respeito
muito
grande
claro
e
como
não
tínhamos
problemas
nesse
aspeto
/
ah
/
ma
as
escolas
muito
muito
limpas
disciplinadas
muito
organizadas
muito
limpas
até
no
liceu
aquilo
muito
limpo
tudo
bonito
aquilo
o
sistema
estava
todo
aquilo
era
mesmo
porque
já
em
casa
também
a
maior
parte
de
nós
vinha
com
aquelas
regras
aquele
tipo
de
educação
e
aquelas
regras
de
conduta
que
compõem
saber
como
estar
que
não
nem
sequer
pensávamos
em
fazer
determinadas
coisas
ou
dizer
claro
portanto
tudo
corria
assim
bem
nesse
aspeto
era
era
positivo
porque
de
facto
o
mal
o
sistema
digamos
pedagógico
/
ah
mesmo
a
didática
da
disciplina
quer
dizer
/
depois
dependia
quer
dizer
a
aula
/
nós
tínhamos
tendência
a
repetir
/
muitas
vezes
aquele
professor
de
quem
tínhamos
gostado
imitávamos
não
é
?
lá
está
o
professor
modelo
a
gostavamos
daquelas
aulas
de
História
/
que
eu
gostava
muito
de
História
/
o
professor
não
seguia
História
e
então
a
gente
quer
dizer
é
natural
que
a
aula
fosse
na
maior
parte
das
vezes
expositiva
/
claro
porque
sim
só
que
resultava
dava
porque
o
aluno
outro
tipo
de
estava
atento
interessava-se
/
trabalhava
e
até
se
conseguiam
resultados
hm
/
o
relacionamento
afetivo
foi
como
sempre
quer
dizer
havia
professores
que
impunham
respeito
de
uma
maneira
que
o
homem
metia
um
bocado
de
medo
e
havia
outros
que
respeitavam
porque
o
professor
tinha
uma
relação
afetiva
óptima
eu
penso
que
até
sempre
tive
/
hm
hm
não
sei
porquê
/
ah
/
é
o
gosto
de
dar
aulas
eu
só
sei
não
sei
se
é
pelo
eu
gosto
de
eu
gosto
muito
de
gosto
de
dar
aulas
e
e
gosto
do
convívio
com
com
as
pessoas
e
falar
/
eu
não
sei
porquê
mas
às
vezes
o
meu
marido
ri-se
e
diz
"
tu
ao
fim
de
cinco
minutos
paras
numa
paragem
de
autocarro
/
à
espera
do
autocarro
/
está
lá
uma
pessoa
começa
a
falar
contigo
e
dali
a
pouco
falas
com
uma
pessoa
como
se
a
conhecesses
toda
a
vida
"
/
hhh
/
/
hhh
/
sim
hhh
é
já
estamos
a
falar
de
coisas
e
falo
pronto
/
e
quer
dizer
isto
é
porque
eu
gostava
que
fosse
assim
que
a
gente
pudesse
falar
assim
com
as
pessoas
assim
/
com
todas
as
pessoas
assim
não
é
?
e
não
estar
de
pé
atrás
/
exato
e
poder
dizer
tudo
aquilo
ou
que
se
quer
dizer
sim
uma
pessoa
ser
com
com
educação
não
é
?
com
respeito
mas
poder
conversar
não
é
?
e
não
sei
se
por
isso
eu
sempre
me
entendi
com
os
alunos
quando
eram
mais
crescidos
/
ah
alguns
mais
velhos
do
que
eu
/
quando
comecei
a
dar
aulas
à
noite
/
ah
começou
à
noite
?
eu
tratava-os
por
senhores
hhh
/
hhh
eram
mais
velhos
do
que
eu
/
hhh
senhor
tal
e
senhora
tal
hhh
/
eu
acho
uma
graça
depois
com
os
mais
pequeninos
/
com
os
mais
novos
é
o
relacionamento
afetivo
é
mais
fácil
hm
hm
e
há
ma
eles
prendem-se
muito
mais
sim
sim
ao
professor
afetivamente
se
de
facto
for
for
bom
é
e
depois
e
depois
do
vinte
cinco
de
abril
/
veio
mudar
tudo
não
é
?
ah
/
mudou
quer
dizer
mudou
uma
pessoa
como
professora
pode
não
ter
mudado
individualmente
não
é
?
pode
ter
continuado
/
só
que
o
esquema
mudou
/
os
alunos
mudaram
/
e
depois
passou-se
do
oito
para
o
oitenta
que
é
o
é
o
é
o
vício
do
português
nós
nós
somos
de
extremos
e
ah
/
não
é
?
já
é
já
já
está
já
está
nós
não
somos
de
meio
de
meios
termos
e
depois
somos
muito
por
eh
imitação
de
eh
/
até
nas
modas
não
é
?
tudo
nós
imitamos
modas
importamos
tudo
e
depois
ah
ah
temos
um
tudo
tudo
tudo
audiovisual
o
os
meios
de
comunicação
a
televisão
/
ah
/
são
são
por
um
ládo
óptimos
porque
uma
criança
pode-se
ap
sim
pode-se
aprender
em
cinco
minutos
de
facto
muito
mais
rápido
nós
já
assistimos
a
certas
séries
daquelas
da
da
National
Geographic
/
em
que
vemos
aqueles
ah
pr
uma
pessoa
aprende
mais
ali
no
no
no
em
cinquenta
minutos
meia
hora
/
do
que
às
vezes
numa
série
de
aulas
/
porque
há
uma
filmagens
quando
é
tudo
uma
uma
obra
bem
feita
não
é
?
mas
por
outro
lado
cria
uma
standardarização
uma
sociedade
uma
família
/
na
nas
crianças
que
depois
isso
é
cria-lhes
determinadas
eh
/
preguiça
mental
/
porque
o
miúdo
habitua-se
à
imagem
à
imagem
e
à
gravura
em
excesso
/
e
olha
para
a
gravura
nem
vê
o
que
está
escrito
eh
não
pensa
no
que
ali
está
/
é
a
máquina
é
a
maquinazinha
de
fazer
os
cálculos
/
é
é
uma
sociedade
que
por
imitação
como
tem
as
as
hm
hm
as
telenovelas
os
filmes
as
séries
americanas
e
sem
ser
americanas
/
quer
dizer
é
pensa
que
a
sociedade
muitas
vezes
há
quem
pense
que
a
América
é
aquela
América
do
do
do
Rockfeller
e
do
do
Kennedy
/
e
dos
milionários
e
não
pensa
que
há
outras
Américas
a
América
do
do
desempregado
a
américa
do
do
analfabeto
/
milhares
que
são
milh
milhares
ou
milhões
/
dos
que
não
têm
casa
dos
que
não
têm
Segurança
Social
dos
não
têm
assistência
de
saúde
os
desempregados
não
existem
praticamente
eles
não
existem
para
a
para
o
sistema
americano
não
é
?
e
então
tentam
é
imitar
e
todos
querem
ter
aquelas
casas
é
é
com
aquelas
piscinas
daquelas
artistas
de
Hollywood
e
e
e
aquelas
aquelas
piscinas
aqueles
carros
e
e
aquilo
tudo
e
é
eh
/
os
valores
são
assim
/
e
vem
muitas
vezes
de
casa
eu
pen
é
o
aluno
hoje
não
traz
quer
dizer
a
criança
falta-lhe
aquele
modelo
pai
mãe
/
que
eles
necessitam
claro
ter
como
modelo
de
imitação
de
de
mas
um
modelo
que
se
imponha
/
primeiro
realmente
que
se
imponha
mas
pois
pois
ah
podem
ter
é
um
mau
modelo
e
os
valores
que
lhes
são
transmitidos
em
casa
é
de
facto
o
estar
bem
na
vida
/
vir
a
ganhar
muito
não
não
interessa
como
em
pouco
tempo
/
para
ter
como
o
vizinho
tem
ou
como
ele
vê
não
é
/
hm
hm
aqueles
carros
aquelas
e
a
criança
chega
à
escola
e
e
nós
ah
ah
de
uma
maneira
geral
isso
sente-se
na
criança
e
depois
no
jovem
falta
de
valores
de
ideais
de
e
aquela
aquela
degradação
social
os
valores
que
tem
são
mesmo
valores
sim
e
depois
é
um
não
há
o
mínimo
de
regras
a
cumprir
porque
a
pedagogia
passou-se
de
uma
pedagogia
às
vezes
muito
ah
de
/
eu
não
digo
autoritária
mas
sim
sim
sim
com
autoritarismo
no
mau
sentido
nalguns
casos
não
aquele
professor
aquele
sistema
que
se
impunha
/
por
si
por
respeito
e
por
si
/
e
por
valor
e
por
mérito
e
porque
o
professor
de
facto
era
uma
pessoa
respeitada
/
não
só
porque
era
uma
pessoa
educada
/
que
impunha
o
respeito
e
sabía
que
sabia
que
era
competente
/
e
que
exigia
um
determinado
tipo
de
conduta
que
ele
também
próprio
cumpria
agora
não
porque
agora
quer
dizer
a
família
está
em
desagregação
conflitos
terríveis
/
hm
hm
/
/
normal
crianças
em
psiquiatras
parece
que
é
uma
coisa
normal
que
é
que
é
aflitivo
pensar
claro
que
é
aflitivo
de
pensar
e
depois
/
uma
pedagogia
permissiva
totalmente
permissiva
tenho
impressão
que
uma
aula
nossa
de
pedagogia
actual
/
é
em
excesso
a
a
permissividade
quase
total
não
se
pode
fazer
e
vem
de
casa
hm
hm
pois
é
não
se
faz
nada
à
criancinha
que
ela
traumatiza-se
coitadinha
da
criança
fica
traumatizada
/
e
chega-se
à
escola
não
se
pode
chamar
à
atenção
oh
não
o
aluno
tudo
ah
colegas
que
dizem
"
ah
/
eu
isso
não
eu
estou
aqui
para
ensinar
/
quero
lá
saber
/
e
os
pais
que
o
eduquem
"
por
mais
que
se
diga
"
mas
ele
passa
mais
tempo
contigo
e
comigo
e
com
outro
colega
do
que
com
os
pais
portanto
também
és
responsável
passa
o
dia
aqui
"
passa
o
dia
"
és
um
educador
/
e
têm
de
te
ver
como
um
educador
se
não
não
te
respeitam
"
é
e
os
pais
quando
eles
chegam
a
casa
fazem
uma
coisa
que
não
deveriam
ah
"
o
que
é
que
te
ensinam
na
escola
?
"
é
isso
é
logo
é
toda
a
sociedade
/
porque
geralmente
a
crise
da
sociedade
é
sempre
atirada
à
escola
/
como
instituição
/
é
que
sofre
todas
as
pressões
sofremos
todas
as
pressões
da
socied
é
/
de
todo
o
lado
é
são
pressões
e
a
escola
é
sempre
culpada
do
sistema
e
dos
males
do
do
do
sistema
a
escola
é
neste
caso
também
é
vítima
pois
somos
/
porque
a
escola
acaba
por
sofrer
todas
as
pressões
da
sociedade
e
dos
e
somos
vítimas
não
há
dúvida
então
toda
essa
atitude
tão
permissiva
que
se
nota
em
pequeninas
coisas
/
naquelas
pequeninos
nadas
/
parecem
pequeninos
mas
daí
é
todo
é
todo
arquitetado
todo
todo
todo
para
um
processo
que
estas
crianças
chegam
a
adultos
sem
sem
sem
determinado
tipo
de
valores
assimilados
mas
é
absolutamente
verdade
eu
vejo
porque
ah
/
começam
a
chegar
às
Faculdades
e
com
ignorâncias
terríveis
culturais
principalmente
o
que
eu
acho
que
ainda
há
outra
coisa
mais
grave
que
são
a
falta
de
conhecimento
é
a
falta
de
preparação
para
o
raciocínio
pois
é
isso
é
isso
mesmo
que
eu
que
eu
também
que
eu
digo
é
uma
coisa
terrível
eu
dou
uma
cadeira
de
Linguística
que
exige
dos
alunos
de
Letras
uma
coisa
elementar
toda
a
pessoa
tem
quase
espontaneamente
e
pode
exercitar
que
é
o
raciocínio
lógico
sim
sim
e
os
meus
alunos
têm
muitos
têm
muitíssima
dificuldade
em
em
iniciar
em
explicitar
os
raciocínios
lógicos
como
é
que
isto
é
possível
?
é
é
que
eu
não
lhes
estou
a
pedir
nada
de
mirabolante
/
não
lhes
estou
a
pedir
divagações
/
não
estou
a
pedir
uma
descrição
impressionista
/
eu
estou
a
perdir-lhes
que
raciocinem
logicamente
/
a
pedir
isto
é
consequência
daquilo
/
ou
se
isto
e
e
aquilo
então
necessariamente
aquilo
sim
mas
eles
não
são
capazes
de
fazer
esse
raciocínio
à
partida
ou
melhor
eles
fazer
fazem
/
eles
são
capazes
de
me
dar
a
conclusão
correta
/
não
sabem
é
explicitar
o
raciocínio
e
é
isso
é
que
é
incrível
pois
não
não
não
sobretudo
em
alunos
de
letras
não
nem
oralmente
nem
nem
de
forma
escrita
têm
uma
dificuldade
enorme
/
e
a
e
a
e
a
eu
fico
às
vezes
assim
"
isto
não
é
possível
pa
parece
impossível
"
e
eu
e
eu
aos
aos
tenho
quintos
e
sextos
anos
/
hm
hm
portanto
eles
já
são
grandes
entram
muito
cedo
cinco
anos
para
aqui
/
entram
entram
para
a
primária
cinco
anos
é
incrível
não
não
não
não
dá
e
e
na
mas
tem
tenho
alguns
no
sexto
ano
ah
ah
/
de
ano
para
ano
ah
piores
piores
é
?
sim
sim
mas
em
tudo
/
quer
dizer
não
só
na
preparação
/
ah
/
que
também
com
certeza
é
impossível
com
cinco
anos
como
é
que
se
consegue
esta
é
a
idade
de
estar
no
no
no
na
no
jardim
escola
a
fazer
determinado
tipo
de
trabalhinhos
a
a
desenvolver
determinado
tipo
de
de
de
de
de
gestos
de
cuidados
de
gestos
de
observação
de
rac
quer
dizer
tanta
coisa
que
podia
dar
porque
e
depois
chegam
ao
quinto
ano
não
estão
preparados
eu
tenho
uma
aluna
que
não
sabe
ler
não
sabe
ler
eu
não
posso
pô-la
a
ler
um
texto
no
livro
de
História
/
porque
ela
não
lê
não
consegue
ler
aquilo
está
a
soletrar
está
a
soletrar
ela
nem
lê
a
palavra
quanto
mais
a
frase
e
depois
a
ideia
portanto
ler
é
o
outro
outro
de
analfabetismo
é
uma
coisa
impressionante
e
por
mais
simples
que
tentemos
ser
/
ela
eles
não
entendem
e
depois
transmitir
por
mais
simples
que
o
programa
mas
de
qualquer
maneira
temos
de
dar
a
idade
média
temos
de
falar
o
que
são
coutos
/
as
terras
senhoriais
da
nobreza
como
se
vivia
a
vida
quotidiana
/
a
própria
palavra
quotidiana
eles
não
e
depois
o
couto
explicar-lhes
o
que
era
o
couto
e
como
se
vivia
yyy
ficam
a
olhar
mas
será
que
eu
estou
a
falar
chinês
?
se
percebem
/
nem
me
admiro
nada
/
que
estudem
só
que
eles
não
trazem
preparação
nenhuma
claro
que
há
outros
alunos
que
trazem
há
exceções
claro
claro
depois
quando
estou
em
em
na
História
/
em
determinados
períodos
/
por
exemplo
na
na
liberalismo
hm
hm
pouco
estuda
ainda
ah
ao
nível
deles
não
é
?
eu
digo-lhes
"
olhes
se
vocês
quiserem
perceber
determinados
aspetos
da
sociedade
desta
época
/
e
que
estou
a
explicar
em
História
/
vocês
começem
a
ler
/
porque
há
talvez
alguns
consigam
com
um
certo
interesse
/
lê
o
Júlio
Dinis
/
se
vocês
fizerem
a
leitura
da
da
Morgadinha
dos
Canaviais
/
apercebem-se
de
muitas
coisas
que
estamos
aqui
a
estudar
em
História
olhem
de
facto
na
aldeia
/
a
maior
parte
da
população
era
analfabeta
/
às
vezes
havia
um
que
lia
então
as
cartas
ou
o
jornal
que
chegava
ou
as
cartas
que
vinham
do
Brasil
que
era
para
os
era
uma
pessoa
que
soubesse
ler
que
lia
para
toda
a
gente
ai
era
?
era
leiam
A
Morgadinha
que
está
lá
um
vocês
lêem
yyy
da
obra
/
que
foi
o
Costa
Cabral
/
quando
deu-se
a
yyy
da
Maria
da
Fonte
na
na
fora
das
igrejas
e
em
locais
ah
/
leiam
há
uma
cena
da
Morgadinha
nos
Canaviais
que
vocês
vao
ver
o
enterro
da
Ermelinda
"
são
aquelas
coisas
que
eu
a
primeira
vez
que
li
aquilo
chorei
e
depois
li
reli
/
com
outra
idade
e
há
assim
mas
como
é
que
eu
consegui
chorar
que
que
pena
ter
perdido
esta
esta
esta
inocência
/
hhh
/
ah
/
é
verdade
com
os
meus
doze
ou
treze
anos
quando
eu
li
aquilo
chorei
e
vivi
aquilo
chorava
como
uma
Madalena
mas
hhh
depois
já
mas
aqui
não
são
capazes
de
ler
um
livro
desses
e
eu
tinha
treze
/
doze
treze
nas
férias
/
mas
essa
do
segundo
para
o
terceiro
ano
/
era
uma
curiosidade
que
ainda
se
tinha
em
tempos
antigos
/
gostava
muito
de
ler
/
como
a
maior
parte
e
o
meu
quando
eu
fiz
anos
ah
/
o
meu
pai
perguntou-m
e
eu
disse
"
pai
arranje-me
livros
que
eu
gosto
muito
de
ler
"
o
meu
pai
sabia
não
é
?
hm
hm
e
ele
aqui
a
braga
à
livraria
Globo
que
já
não
existe
/
e
disse
"
ai
a
minha
filha
gosta
muito
de
ler
vai
fazer
treze
anos
/
quero
que
ele
literatura
que
seja
de
facto
boa
/
que
ela
aproveite
mas
que
seja
própria
para
a
idade
dela
que
ela
vá
ter
interesse
"
"
olhe
leve-lhe
a
colecção
Júlio
Dinis
não
só
escreve
bem
/
muito
bem
como
são
coisas
para
a
idade
pode
ler
à
vontade
não
há
problema
nenhum
"
e
então
foi
/
hhh
lia
os
livros
todos
hhh
/
tudo
de
enfiada
naquelas
férias
era
tudo
uns
atrás
dos
outros
hhh
/
um
atrás
do
outro
pronto
/
quando
foi
da
ai
há
lá
uma
parte
em
que
diz
que
na
República
primeira
República
/
os
republicanos
diziam
"
cada
homem
vale
por
aquilo
que
/
pela
educação
que
tem
ou
que
teve
"
eu
disse
"
olhe
se
lerem
Os
Esteiros
do
Soeiro
Pereira
Gomes
/
há
o
pai
de
um
dos
meninos
dos
Esteiros
/
que
imigra
/
porque
diz
para
o
filho
ter
a
instrução
que
ele
não
teve
/
porque
se
não
estudasse
/
um
dia
só
só
teria
duas
hipóteses
na
vida
/
ou
ser
escravo
dos
outros
ou
dar
em
vadia
em
hm
...
ah
/
ai
é
disse
isso
"
vocês
e
tal
já
houve
miúdos
que
foram
os
pais
matam-me
"
comprar
os
esteiros
eu
tenho
de
comprar
"
"
eu
vou
comprar
"
e
havia
outros
que
diziam
"
a
minha
mãe
tem
vou
ler
"
ah
eu
eu
era
a
/
hhh
/
outros
dizem-me
"
já
estou
a
ler
A
Morgadinha
dos
Canaviais
"
hhh
/
/
hhh
/
/
hhh
/
mas
era
bom
que
isso
fosse
assim
/
/
hhh
/
porque
eles
podem
muito
bem
preferir
fixar
que
na
morgadinha
aquele
episódio
se
relaciona
com
aquilo
para
poder
referir
num
teste
e
isso
realmente
como
se
tivessem
lido
/
do
que
ler
na
realidade
para
verificar
se
é
assim
ou
se
não
é
assim
porque
eu
vejo
que
que
quando
eles
chegam
à
faculdade
o
que
é
que
eles
sabem
/
o
que
eles
sabem
são
aqueles
conhecimentos
que
algum
dia
alguém
...
tendo
experimentado
/
lhes
transmitiu
é
assim
?
relacionou
isto
com
aquilo
/
e
portanto
eles
fixam
a
relação
e
depois
são
capazes
de
a
reproduzir
?
é
um
conhecimento
armazenado
não
experimentado
/
mas
adquirido
por
interposta
pessoa
/
sim
sim
e
ah
depois
obviamente
não
podem
fazer
um
bom
uso
dele
então
verifique
os
conhecimentos
que
eles
armazenaram
na
memória
não
aqueles
que
eles
experimentaram
/
eles
são
capazes
de
os
reproduzir
e
usam-nos
com
frequência
/
sim
sim
no
entanto
ah
/
não
são
capazes
de
fazer
nenhum
percurso
por
si
sós
e
isto
é
que
a
mim
me
choca
ai
/
perguntaram-me
se
eu
sigo
muitas
vezes
Os
Lusíadas
por
causa
da
expansão
e
não
só
/
mas
durante
a
expansão
e
não
só
os
Lusíadas
/
ah
perguntaram-me
"
será
que
eu
conseguia
entender
Os
Lusíadas
?
"
"
olha
Lusíadas
não
para
já
não
consegues
entender
/
mas
há
uns
Lusíadas
uma
edição
para
para
jovens
/
lês
e
depois
mais
tarde
lês
Os
Lusíadas
mesmo
porque
era
muito
difícil
tu
entenderes
/
tu
de
facto
não
estás
preparado
para
entender
/
e
em
pouco
punhas
de
lado
punhas
de
lado
"
agora
nesta
última
aula
/
com
o
quinto
ano
/
mas
os
miúdos
tem
de
ser
assim
alguns
eu
sei
que
a
maioria
não
não
aproveita
porque
não
não
entendem
o
mais
elementar
muito
menos
isto
mas
há
alguns
que
ainda
têm
a
curiosidade
hoje
um
já
me
disse
que
ia
comprar
em
banda
desenhada
estou
a
falar
na
no
no
Dom
Dinis
/
a
corte
do
rei
Dom
Dinis
o
sarau
na
corte
/
e
depois
eu
falei-lhe
na
poesia
trovadoresca
/
o
Dom
Dinis
como
trovador
não
é
?
e
depois
disse
"
olhem
vocês
sabem
quando
a
poesia
trovadoresca
depois
isto
vai
passar
quer
dizer
/
costuma
dizer-se
que
a
literatura
do
Dom
Dinis
foi
o
nosso
grande
trovador
e
último
sim
dos
grandes
trovadores
/
mas
/
ah
/
depois
surge
uma
nova
moda
/
que
são
romances
de
cavalaria
eles
sabem
que
os
nobres
são
cavaleiros
/
ou
se
não
havia
guerra
era
a
caça
a
montaria
ou
então
os
torneios
que
organizavam
portanto
estava
tudo
ia
de
encontro
aos
ideiais
deles
não
é
?
e
aqueles
cavaleiros
que
se
destinguiam
porque
ganhavam
sempre
/
então
criaram-se
olha
/
séries
parecidas
com
aquelas
que
vocês
vêm
na
televisão
o
ranger
do
Texas
o
o
que
o
he
as
histórias
são
diferentes
o
herói
é
sempre
o
mesmo
e
vence
sempre
não
é
?
"
"
ai
sim
"
"
vocês
para
já
não
vocês
não
conseguiam
gostar
de
um
romance
de
cavalaria
não
é
?
sim
"
mas
olha
há
uma
coisa
muito
engraçada
/
que
também
a
o
a
obra
vocês
não
vão
conseguir
ler
porque
ainda
não
é
para
a
vossa
idade
/
mas
vocês
sabem
que
há
uma
no
século
dezasseis
um
escritor
ah
/
para
mostrar
como
havia
de
tal
maneira
aquelas
pessoas
que
liam
tanto
romance
de
cavalaria
/
aquele
gosto
estava
na
moda
e
houve
um
que
leu
tantos
tantos
que
ficou
meio
transtornado
e
resolveu
tornar-se
um
grande
cavaleiro
que
é
o
Dom
Quixote
"
"
ai
hhh
/
"
e
/
hhh
"
vocês
não
conhecem
a
história
quer
dizer
ele
tanto
romance
de
cavalaria
leu
que
a
certa
altura
convence-se
que
era
um
cavaleiro
que
ia
com
o
seu
escudeiro
que
era
o
Sancho
Pança
/
pois
com
aquela
a
servir
da
de
de
de
elmo
aquela
bacia
do
do
barbeiro
que
servia
para
não
sei
que
mais
/
ai
que
afinal
aquele
Dom
Quixote
andou
lá
de
mais
"
não
a
obra
não
mas
em
quadradinhos
/
há
a
banda
desenhada
para
a
vossa
idade
"
"
ai
há
?
vou
comprar
"
diz-me
hoje
um
/
hhh
/
"
já
fui
já
disse
à
minha
mãe
para
me
ir
comprar
o
Dom
Quixote
de
la
Mancha
em
banda
des
"
hhh
/
não
mas
é
bom
porque
eles
aprendem
/
pelo
menos
o
os
episódios
principais
da
História
não
é
?
sim
sim
e
podem
se
quiserem
pensar
um
bocadinho
na
na
História
/
e
depois
lêem
aquilo
como
deve
ser
pois
/
agora
isso
se
eles
nunca
perceberem
que
como
deve
ser
aquilo
pode
ter
algum
interesse
para
qualquer
coisa
/
pois
bom
vamos
interromper
aqui
eu
depois
disse
claro
a
conversa
porque
eu
tenho
uma
outra
gravação
claro
ainda
ai
mas
estava
a
gravar
?
ai
/
hhh
x
...
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