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ID87
ParticipantJ. Oliveira
GenderMasculino

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[1]
O que é que o senhor achou disto tudo ?
C. Rodrigues
[2]
diga-me com franqueza
C. Rodrigues
[3]
ah
J. Oliveira
[4]
muito cansativo ?
C. Rodrigues
[5]
não quer dizer cansativo não ... eu normalmente sou de leitura muito rápida quer dizer não não não faço muita pausa quer dizer pelo menos na parte das palavras acho que a fiz assim bastante apressada ? não sei
J. Oliveira
[6]
não não fez fez com o à vontade que uma pessoa que faz mas não o fez muito muito ...
C. Rodrigues
[7]
n eu normalmente costumo costumo ler muito apressadamente em público não é ? ah
J. Oliveira
[8]
hum hum mas por quê ? é uma questão de nervosismo ?
C. Rodrigues
[9]
talvez não quer dizer não sei se é por nervosismo mas se não por norma hum
J. Oliveira
[10]
faz assim
C. Rodrigues
[11]
e quando falo para o público normalmente entusiasmo-me muito não é ? e esse entusiasmo é que me obriga muitas vezes a falar rápido não é ? quer dizer ...
J. Oliveira
[12]
e tem muitas circunstâncias em que fala em público
C. Rodrigues
[13]
faço
J. Oliveira
[14]
C. Rodrigues
[15]
sim sim normalmente por exemplo em
J. Oliveira
[16]
em debates em colóquios em seminários por por por norma cust
J. Oliveira
[17]
intervêm
C. Rodrigues
[18]
sempre sempre sempre
J. Oliveira
[19]
hum hum em que tipo de colóquios e seminários pronto
C. Rodrigues
[20]
de caráter pedagógico por exemplo quando foi na lei de base do sistema educativo que foi lançada e eu aqui um grande plenário em em Braga não é ? com algumas centenas de pessoas e a nível do ensino primário eu intervim em quase todas as situações
J. Oliveira
[21]
sim
C. Rodrigues
[22]
eh
J. Oliveira
[23]
estava bem fundamentado ?
C. Rodrigues
[24]
sim quer dizer porque estive sempre ligado quer dizer ao ensino e quer dizer fazia fazia muito auto-formação /
J. Oliveira
[25]
e sempre que tocava alguma coisa no ensino primário eu gostava de defender de certo modo a classe não é ? quer dizer e isso hum /
J. Oliveira
[26]
fez-se em todos em todos em todos os colóquios em todas as intervenções
J. Oliveira
[27]
/ todos os colóquios tanto é que depois pediram sempre a minha opinião por exemplo por escrito para para a lei de base quando eu estava ligado por exemplo à inspecção
J. Oliveira
[28]
a novos programas portanto fui sempre ... portanto chamado a intervir nisso quer dizer a dar o meu o meu parecer
J. Oliveira
[29]
parecido com o
C. Rodrigues
[30]
inclusivamente neste neste recordo-me nesse na quando foi a lei de bases lançamento
J. Oliveira
[31]
hum hum
C. Rodrigues
[32]
recordo-me que depois a comissão que estava portanto a fazer isso ? portanto e eventualmente tinha a televisão também acompanhada eh
J. Oliveira
[33]
e por umas coisas que eu disse portanto obrigaram-me portanto a portanto vir fora dizer isso para para a televisão não é ? portanto é diziam que a escolas estavam destruídas e eu tinha dito na altura que se destrói aquilo que não se ama não é ?
J. Oliveira
[34]
claro
C. Rodrigues
[35]
portanto se as crianças não amam a escola têm que a destruir destroem-na não é ?
J. Oliveira
[36]
quer dizer riscá-las nas carteiras e tal e depois quiseram parar aquilo quer dizer eu pôr-me na na na Universidade do Minho ali junto a uma grade se a escola era ou não uma prisão e tal e para que é que lhe serviu
J. Oliveira
[37]
o senhor acha que contribuiu decisivamente para que as crianças tenham esse tipo de atitude face à escola ?
C. Rodrigues
[38]
e eu digo isto quer dizer porque realmente a escola não diz pouco à à criança quer dizer diz pouco diz pouco porque a escola paralela ah tem outros outros valores e portanto a escola portanto a escola institucional não tem não tem possibilidade de certo modo de atender às necessidades dos alunos quer dizer e normalmente a formação dos professores está centrada portanto numa numa num num tipo de aula padrão
J. Oliveira
[39]
hum hum
C. Rodrigues
[40]
e dificilmente se poderá corresponder às necessidades de cada de cada aluno em particular portanto hoje numa escola de massas é realmente difícil quer dizer os problemas que traz para a escola não é ? a família de casa e tudo mais quer dizer
J. Oliveira
[41]
e o professor
C. Rodrigues
[42]
e o professor não pode
J. Oliveira
[43]
normalmente não resolve quer dizer não por falta de formação mas também por porque foi preparado com bastante organização quer dizer foi preparado para uma para um tipo de escola da sala aula universal não é ?
J. Oliveira
[44]
não se aprende quer dizer e portanto não se passa mais daí quer dizer não não não se prepara para a diferença não se trabalha para a diferença e é nessa diferença
J. Oliveira
[45]
que realmente se enriquece o coletivo da escola quer dizer é aproveitando a diferença
J. Oliveira
[46]
não é aproveitando que realmente se enriquece o coletivo da escola quer dizer é aproveitando a diferença não é aproveitando não é não é cortando a diferença
J. Oliveira
[47]
não é cortando a diferença não é portanto estandardizando todos os alunos ao mesmo nível quer dizer e isto torna-se muito difícil quer dizer e os professores
J. Oliveira
[48]
eu digo isto porque tive muito tempo ligado à formação de professores e eu como profissional gostava muito de trabalhar com os alunos
J. Oliveira
[49]
quer dizer e mas atendia a essas irregularidades por exemplo e daí que os professores normalmente eu por exemplo
J. Oliveira
[50]
vinte anos muitas vezes não usava o livro da escola usava o jornal o jornal é isto quer dizer /
J. Oliveira
[51]
e era sobre o jornal por exemplo que se trabalhava durante quinze dias quer dizer e não muito o livro o livro adotado
J. Oliveira
[52]
quer dizer hoje as pessoas normalmente tudo está fabricado fabricado para o professor
J. Oliveira
[53]
exato
C. Rodrigues
[54]
é o livro o manual é o livro de fichas tudo quer dizer o professor nem pensa nem precisa de pensar está tudo feito
J. Oliveira
[55]
está
C. Rodrigues
[56]
está tudo feito não é ? quer dizer e eu às vezes chego chego chego a por em causa se realmente a a gama de livros que estão expostos para para seleção dos professores para em relação aos seus alunos
J. Oliveira
[57]
está a ser útil porque o professor normalmente faz do livro adoptado o livro único não é ?
J. Oliveira
[58]
exatamente
C. Rodrigues
[59]
e o livro único tinha a grande vantagem era pelo pelo menos não tinha fichas não é ? o professor tinha de dar a lição
J. Oliveira
[60]
pensar e preparar
C. Rodrigues
[61]
e e portanto não podia ler como eu li aqui isto
J. Oliveira
[62]
não é ? sem preparar antes não é ? saber se saiu alguma asneira não é ? tinha que pelo menos em casa preparar a lição /
J. Oliveira
[63]
o texto não é ? tinha de fazer a ficha ou então levar os alunos a construir a ficha etc etc ?
J. Oliveira
[64]
exato
C. Rodrigues
[65]
isto permitia um trabalho prévio do professor hoje não o professor pega
J. Oliveira
[66]
e vai com o com o manual
C. Rodrigues
[67]
com o manual
J. Oliveira
[68]
e com com o livro e o aluno praticamente mm também pensa pouco põe o sim ou não ou põe a chave põe a cruzeta ou cruzinha e tal quer dizer e o aluno como não escreve ...
J. Oliveira
[69]
não sabe ...
C. Rodrigues
[70]
não sabe escrever
J. Oliveira
[71]
portanto assim como para ler para aprender a ler é preciso ler muito
J. Oliveira
[72]
naturalmente
C. Rodrigues
[73]
não é ? para escrever é preciso escrever
J. Oliveira
[74]
claro
C. Rodrigues
[75]
e hoje a escola escreve pouco está tudo feito
J. Oliveira
[76]
é verdade é
C. Rodrigues
[77]
põe a cruzinha e tudo mais quer dizer e isto traz traz esses problemas que estamos a ver
J. Oliveira
[78]
gostava de saber o que é que o senhor pensava sobre aquela questão dos ah currículos alternativos que andaram para a falar para aqueles alunos que tinham um uma taxa de insucesso bastante elevada
C. Rodrigues
[79]
olhe eu vou-lhe dar uma experiência que eu tenho ah a nível de de uma turma portanto eu vou-lhe por o problema é o seguinte era um um aluno um professor que era sapateiro
J. Oliveira
[80]
/ e veio e veio veio para o ministério portanto para a escola de Guimarães na altura também era professor mas depois saí
J. Oliveira
[81]
/ ah e ele tirou o curso em Guimarães e um dia eu fui visitá-lo eu na altura estava na inspeção e fui visitá-lo
J. Oliveira
[82]
hum hum
C. Rodrigues
[83]
era uma escola que me pediram para visitar frequentemente porque tinham insucesso insucesso muito grande não é ? era um insucesso muito grande /
J. Oliveira
[84]
não é ? e eu fui visitar esse professor portanto a quem lhe deram esses professores novos normalmente dão-lhe uma turma de repetentes
J. Oliveira
[85]
/ os piores alunos não é ? e ele estava desesperado e chorou comigo
J. Oliveira
[86]
exacto
C. Rodrigues
[87]
disse-me ah que possivelmente iria abandonar o ministério porque realmente estava oito dias aqui oito dias acolá e este ano que tinha uma turma para um ano inteiro tinha aquilo que se via não é ? quer dizer he uma turma com alunos que estavam três e quatro anos no primeiro ano de escolaridade
J. Oliveira
[88]
não é ? e eu portanto disse " não não não vai chorar eu venho todas as semanas vamos ajudá-lo " não é ? " eu vou ajudá-lo "
J. Oliveira
[89]
ah olhe em primeiro lugar é pôr de parte os livros que eles adot adotam não é ? que eles têm o livro três e quatro anos não aprenderam a ler ...
J. Oliveira
[90]
não é agora ...
C. Rodrigues
[91]
portanto esse livro está está todo roto quer dizer não diz nada quer dizer
J. Oliveira
[92]
claro
C. Rodrigues
[93]
vamos eu e eu então comecei eu a trabalhar com os alunos durante um dia
J. Oliveira
[94]
hum hum
C. Rodrigues
[95]
como é que eu como é que eu fazia portanto em função daquela turma não é ? conversei com eles e tal e começava a escrever no quadro o que eles diziam
J. Oliveira
[96]
/ / algumas palavras algumas frases que diziam " então tu disseste isto " e continuamos até que ... fazíamos um texto
J. Oliveira
[97]
não é ? o texto e depois o texto era explorar por exemplo então ou e explorado e tal e começávamos a explorar e tal o texto e então depois fazíamos uma leitura global
J. Oliveira
[98]
hum hum
C. Rodrigues
[99]
eu fazia uma leitura global e eles também faziam uma leitura global portanto han globalmente que dizer eles não não não conheciam maior praticamente as letras não é ?
J. Oliveira
[100]
razão do global e então havia a preocupação portanto
J. Oliveira

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