DI_176BF24b
Sem título
ID | 176 |
Participant | M. Maia |
Gender | Feminino |
Opções de representação
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/
/
/
/
/
/
/
/
ah
e
pronto
agora
podemos
relaxar
um
pouco
mais
hhh
podemos
falar
de
outra
o
assunto
qualquer
então
conte-me
lá
hhh
ah
esses
ahm
/
essas
pessoas
que
a
procuram
fundamentalmente
que
tipo
de
informações
é
que
necessitam
é
oh
senhora
doutora
aquilo
é
mediante
o
curso
que
estiverm
sociologia
?
e
a
área
sim
sim
sociologia
ah
é
investigação
ah
mas
ah
há
um
pormenor
senhora
doutora
é
que
tod
portanto
quando
vão
lá
para
ter
acesso
aos
livros
têm
de
ter
uma
autorização
dos
/
/
dados
precisamente
porque
ah
como
aquilo
que
eu
disse
à
senhora
doutora
que
nós
não
podemos
facultar
nem
dados
hm
hm
nem
dar
qualquer
dado
que
sirva
relativo
à
à
vida
das
pessoas
imagine
que
é
uma
pessoa
divorciada
e
não
quer
que
se
saiba
pois
isso
não
pode
/
/
nenhuma
portanto
só
com
uma
autorização
que
o
que
é
estatístico
desses
mat
registos
hm
hm
ah
quem
é
que
o
faz
?
é
o
ah
nós
todos
os
meses
temos
todo
no
dia
catorze
de
cada
mês
temos
que
mandar
um
um
verbete
estatístico
digamos
portanto
mandamos
a
estatística
todas
as
semanas
de
quem
morre
de
quem
nasce
e
de
quem
se
casa
hm
hm
/
e
mandamos
mensalmente
todos
os
atos
praticados
quantos
bilhetes
de
identidade
se
tiraram
quantos
morreram
quantos
casaram
quantos
processos
de
divórcio
houve
quantos
processos
de
afastamento
/
/
desculpe
mas
em
que
é
que
quantas
reclamações
quantas
requisições
consiste
um
processo
de
afastamento
?
é
o
tal
afastamento
da
presunção
da
paternidade
só
esses
é
ah
afastar
a
presunção
porque
a
lei
presume
que
a
mulher
casada
os
filhos
são
sempre
do
marido
todas
as
mulheres
são
fiéis
à
partida
presuma
não
quer
dizer
que
não
o
presume-se
ou
presume
que
a
mulher
casada
só
tem
filhos
do
marido
portanto
o
processo
chama-se
ah
afastamento
da
presunção
da
paternidade
exato
hoje
em
dia
hhh
portanto
ela
só
tem
que
provar
as
pessoas
sim
sim
senhora
doutora
ah
muitos
hm
hm
não
mas
aparecem
muitas
mas
sim
sim
bastantes
senhora
doutora
bastantes
e
e
devem
ser
casos
muito
delicados
e
ah
e
delicados
mas
também
portanto
são
casos
às
vezes
senhora
doutora
que
já
há
uma
separação
há
muito
tempo
e
que
não
estão
divorciados
hm
hm
oficialmente
porque
a
maior
parte
das
pessoas
agora
não
mas
dantes
separavam-se
ah
só
claro
mais
nada
e
portanto
eles
continuariam
casados
sempre
e
depois
ambos
cada
um
já
tinha
a
sua
vida
já
tinha
a
sua
relação
já
tinha
outra
vida
hum
e
depois
por
um
motivo
qualquer
a
mulher
engravida
e
aí
é
que
surgem
os
e
então
a
partir
daí
ela
vai
fazer
o
divórcio
ou
não
vai
ou
porque
depois
também
o
divórcio
é
caro
quando
ela
diz
"
oh
senhora
doutora
"
e
às
vezes
as
pessoas
não
querem
ser
nem
um
nem
outro
a
pedir
mantêm
só
porque
hhh
depois
da
mulher
ir
lá
registar
o
filho
claro
diz
"
eu
sou
casada
mas
o
filho
não
é
do
marido
"
claro
que
fica
sem
o
nome
dela
mas
temos
que
f
mas
temos
que
lavrar
um
auto
ao
não
?
lado
não
não
não
somos
nós
que
que
provamos
quem
é
o
pai
ela
nós
só
temos
ali
que
fazer
a
prova
depois
ela
regista
e
depois
ao
fim
de
sessenta
dias
hm
hm
é
convidada
a
apresentar
prova
então
ela
é
ouvida
e
diz
que
já
não
está
com
o
marido
desde
xis
hm
hm
tal
que
mora
não
é
?
que
que
vive
com
outra
pessoa
que
já
não
mantém
relações
de
facto
e
ainda
se
encontram
esse
é
um
caso
importante
porque
às
vezes
estão
separados
e
jun
e
ainda
se
encontram
que
já
não
tem
relações
portanto
nós
temos
que
limitar
aqueles
dez
meses
fazer
a
prova
de
que
/
durante
durante
os
dez
meses
ela
não
teve
qualquer
tipo
de
relações
sexuais
de
ordem
naturalmente
qualquer
tipo
de
ordem
sexual
não
é
?
ahm
e
então
depois
prova
com
testemunhas
de
que
por
exemplo
que
aquele
filho
que
ela
tem
nunca
foi
tratado
nem
rebutado
como
sendo
filho
do
marido
de
que
quando
o
bebé
nasceu
o
marido
o
afeto
o
marido
nunca
teve
qualquer
gesto
de
amor
de
claro
afeto
como
se
de
filho
se
tratasse
porque
isso
é
uma
coisa
e
depois
há
um
uma
coisa
que
eu
me
esqueci
de
dizer
à
senhora
doutora
que
é
que
é
o
principal
é
que
no
ato
ela
tem
de
dizer
onde
mora
o
marido
hm
hm
/
porque
é
a
primeira
pessoa
a
quem
nós
vamos
notificar
/
/
e
a
esposa
também
?
nós
vamos-lhe
mandar
uma
carta
a
dizer
para
ele
comparecer
e
ele
"
olhe
a
sua
mulher
veio
cá
registar
o
filho
e
diz
que
não
é
seu
"
claro
e
ele
geralmente
ou
sabe
da
situação
e
diz
"
sim
senhor
não
não
é
"
o
mais
civilizado
ou
por
uma
questão
de
...
de
hhh
seja
o
que
for
de
ciúmes
de
raiva
e
ele
diz
"
não
assino
"
mas
só
que
se
ele
não
assinar
imagine
senhora
doutora
que
ela
vai
lá
e
regista
e
diz
"
o
filho
não
é
do
meu
marido
"
nós
avisamos
tem
sessenta
dias
para
vir
cá
para
vir
pôr
um
ai
é
?
processo
gratuito
senhora
doutora
que
não
paga
um
tostão
é
feito
lá
ah
se
sobe
pena
se
não
o
fizer
ao
fim
de
sessenta
dias
nós
lançamos
à
margem
do
assento
do
miúdo
que
é
filho
do
marido
da
mãe
se
não
provou
porquê
?
foi-lhe
dada
a
oportunidade
de
ela
provar
não
provou
e
depois
o
problema
é
do
marido
o
marido
terá
que
impugnar
judicialmente
e
dizer
"
não
eu
não
sou
o
marido
"
claro
mas
aí
já
não
é
connosco
isso
aí
já
é
via
judicial
e
então
ah
ah
depois
ah
ah
o
mais
normal
é
é
devem
surgir
as
situações
...
mais
desde
ah
aquele
aquele
marido
/
/
desculpe
/
/
desde
aquele
marido
enganado
aquilo
é
...
que
já
sabe
há
montes
de
tempo
e
que
chega
lá
pois
e
diz
"
essa
fulana
essa
prostituta
mas
nos
termos
cultos
que
pode
calcular
"
"
já
tem
outro
e
tal
é
...
"
"
não
assino
não
faço
"
a
gente
tenta
explicar
"
olha
se
não
assinar
o
problema
é
seu
"
se
o
senhor
assinar
é
posto
de
parte
a
ideia
que
é
o
pai
claro
mas
é
muito
difícil
às
vezes
fazê-los
entender
porque
geralmente
às
vezes
também
quando
a
mulher
já
há
um
caso
de
alcoolismo
por
parte
do
marido
hm
hm
sim
às
vezes
às
vezes
e
quem
acaba
por
sair
nesse
caso
prejudicado
quando
é
bom
é
sempre
o
bebé
na
medida
em
que
é
o
bebé
não
mas
se
se
o
os
processos
na
maior
parte
concluem-se
sim
porque
o
pai
mesmo
que
vá
lá
nós
notificamos
e
dizemos
e
depois
ele
recebe
uma
fotocópia
hm
hm
da
notificação
e
do
que
ela
disse
que
o
filho
não
era
filho
do
marido
e
depois
ouvimos
as
testesmunhas
e
depois
ao
fim
senhora
doutora
hm
hm
junta
a
prova
e
diz
que
não
é
do
marido
não
diz
de
quem
é
não
diz
de
quem
é
mas
aquela
criança
não
...
aquela
criança
vai
ser
perfilhável
ah
está
aberto
o
caminho
para
o
pai
verdadeiro
o
ir
perfilhar
não
acontece
pois
o
que
às
vezes
não
acontece
o
que
às
vezes
não
acontece
então
fica
a
criança
assim
sem
hã
?
ser
perfilhada
nós
comunicamos
ao
tribunal
depois
o
tribunal
a
senhora
doutora
sabe
que
já
há
ah
eu
não
posso
precisar
mas
eu
julgo
que
desde
ah
quando
foi
foi
criada
esta
lei
do
ah
esta
hhh
este
novo
código
onde
previa
o
afastamento
também
foi
pois
temos
que
comunicar
sempre
que
há
um
filho
sem
pi
temos
que
comunicar
ao
tribunal
e
são
poucos
os
que
ficam
sem
pai
um
caso
ou
outro
que
conheço
senhora
doutora
até
era
de
uma
pessoa
licenciada
hm
hm
hhh
e
que
que
disse
"
eu
não
quero
que
o
pai
perfilha
e
não
quero
e
não
quero
"
e
nós
"
olhe
não
há
problema
nenhum
não
é
aqui
que
tem
que
dizer
porque
nós
temos
que
tr
nós
temos
que
li
comunicar
ao
tribunal
sempre
que
a
mãe
solteira
hm
hm
ou
viúva
ou
divorciada
regista
um
filho
sem
pai
nós
temos
quarenta
e
oito
horas
ao
advogado
de
menores
para
ele
fazer
a
investigação
da
paternidade
/
hhh
ele
chama
a
mãe
e
depois
a
mãe
tem
que
indicar
e
eu
julgo
que
ess
que
essa
senhora
terá
ido
lá
terá
ido
lá
e
porque
não
queria
que
se
soubesse
quem
era
o
pai
não
ou
porque
ela
não
queria
pois
que
ele
perfilhasse
eu
até
falei
com
ela
depois
particularmente
e
disse-lhe
que
não
era
ele
nem
ela
que
estavam
claro
a
prejudicar
era
o
filho
e
ela
disse
"
eu
mais
tarde
vou
pensar
nisso
"
/
/
provavelmente
ter-se-iam
aborrecido
ou
achou
mas
is
acho
que
no
tribunal
disse
que
não
sabia
ou
seria
uma
pessoa
a
quem
ela
se
arrependeu
de
de
se
ter
relacionado
de
se
ter
relacionado
com
ele
ou
alguém
muito
importante
ou
alguém
não
quis
comprometer
de
forma
alguma
que
exatamente
/
/
mas
é
uma
situação
muito
delicada
porque
a
criança
/
/
muito
vai
ser
sempre
prejudicada
no
caso
de
não
ter
sido
perfilhada
há
um
momento
em
que
se
vai
interrogar
porque
é
que
não
tem
pai
ao
contrário
de
todas
as
crianças
é
é
é
senhora
doutora
sim
sim
sim
sim
/
/
hhh
realmente
com
cada
situação
é
e
e
]
/
]
e
era
isso
que
estava
a
dizer
à
senhora
doutora
e
é
eu
acho
hm
hm
gosto
muito
de
fui
para
lá
com
dezoito
anos
quando
acabei
o
curso
na
altura
começou
fazendo
ah
é
óbvio
que
que
dá
eu
fui
para
lá
porque
ah
eu
queria
ser
professora
de
ginástica
e
como
queria
ser
professora
de
ginástica
tinha
que
ir
naquele
tempo
senhora
doutora
dois
anos
ou
três
ou
para
Coimbra
que
era
o
ISEF
exato
na
altura
chamava-se
e
os
meus
pais
não
tinham
hm
hm
o
que
é
que
eles
faziam
?
possibilidades
de
me
pôr
fora
hm
hm
porque
eu
o
meu
pai
é
pintor
de
arte
é
aquele
pinto
que
pinta
aqueles
quadros
e
estas
aguarelas
hm
hm
também
ah
ele
dá
aulas
no
INATEL
agora
hm
hm
de
pintura
a
a
pessoas
com
tempos
livres
e
mas
naquela
altu
senhora
doutora
sabe
que
agora
agora
as
pessoas
têm
poder
de
compra
para
comprar
sim
sim
claro
hhh
mas
naquela
altura
era
muito
difícil
e
então
a
minha
mãe
era
doméstica
e
nós
éramos
três
irmãs
eh
e
éramos
as
duas
andávamos
as
duas
a
estudar
eu
julgo
que
éramos
eu
nós
as
duas
e
outra
as
únicas
da
freguesia
que
estudávamos
íamos
a
pé
e
vínhamos
da
cidade
e
viviam
aqui
?
hm
viv
vivi
e
nasci
sim
os
meus
pais
viveram
cresceram
nasceram
não
podia
ir
e
então
senhora
doutora
aconteceu
que
e
eu
queria
tanto
e
eu
disse
ao
meu
pai
"
eu
gostava
de
ser
professora
de
ginástica
"
/
/
claro
era
muito
e
"
oh
filha
mas
eu
não
tenho
possibilidades
para
t
"
e
não
tinha
muito
difícil
e
então
"
oh
e
agora
eu
vou
concorrer
para
professora
de
trabalhos
manuais
"
para
professora
porque
eu
ah
"
vais
para
o
magistério
dizia-me
ela
mas
agora
nas
férias
para
não
estares
sem
fazer
nada
"
depois
acaba-se
por
se
ficar
naquela
de
vais
para
o
registo
civil
porque
está
lá
uma
amiga
de
uma
tia
minha
que
era
professora
hm
hm
e
vais
para
lá
porque
eh
só
nas
férias
não
é
para
ficares
lá
só
para
não
estares
sem
fazer
nada
porque
nas
aldeias
ah
houve
uma
fase
que
íamos
aqui
para
a
obra
das
mães
e
hoje
a
minha
irmã
obra
das
mães
era
aquilo
não
sei
se
a
senhora
doutora
conhecia
que
era
uma
organização
social
que
havia
uma
senhora
que
vinha
/
/
ai
é
?
às
tardes
para
ensinar
a
fazer
crochet
a
bordar
era
era
muito
engraçado
isso
já
não
existe
?
e
ah
já
não
existe
era
engraçado
e
e
então
ah
eu
julgo
que
não
existe
porque
a
maior
parte
das
pessoas
sai
da
escola
e
vai
trabalhar
claro
e
dantes
havia
muita
gente
que
não
trabalhava
e
e
os
os
meus
a
minha
mãe
punha-me
lá
a
mim
e
à
minha
irmã
/
pois
para
aprender
os
lavores
ah
nas
férias
para
aprendermos
e
eu
eu
gostei
muito
gostei
muito
foi
uma
claro
chamava-se
obra
das
mães
era
isso
era
ensinar
a
bordar
a
pregar
botões
hhh
fazer
fazer
crochet
e
então
ele
para
não
estar
sem
fazer
nada
eu
ia
para
o
registo
civil
só
para
não
estar
a
fazer
acontece
senhora
doutora
que
foi
para
lá
ah
ah
as
minhas
colegas
eram
todas
de
idade
como
as
repartições
públicas
dantes
de
bata
preta
ui
sim
era
obrigatório
tinha
um
bata
preta
que
era
para
não
sujar
a
roupa
por
causa
dos
livros
e
ah
e
o
meu
colega
o
único
que
lá
havia
que
era
um
senhor
que
podia
ser
meu
avô
tinha
uns
eu
não
sei
sim
como
é
que
é
?
manguitos
pretos
para
não
sujar
a
camisa
hhh
e
ah
umas
caras
a
senhora
doutora
imagina
eu
com
dezoito
anos
no
meio
daquela
gente
...
eu
com
dezoito
anos
nos
anos
sessenta
em
que
se
começava
a
pintar
os
olhos
e
usar
a
minissaia
e
aquelas
coisas
eu
sei
lá
exatamente
e
ah
e
met
no
meio
elas
eram
extremamente
educadas
e
ah
quer
dizer
eu
acho
que
a
minha
sorte
naquela
altura
foi
com
o
conservador
era
uma
pessoa
licenciada
já
muito
velhinha
/
/
hhh
como
é
que
lhe
chamavam
?
mas
ele
chamava-me
o
Benjamin
porque
eu
devia
de
ser
um
ar
fresco
naquela
repartição
o
Benjamim
o
Benjamim
pois
claro
que
é
e
então
ah
ah
eu
fiquei
lá
a
aprender
então
aquele
contacto
com
o
público
eu
disse
"
ah
ah
passado
uns
meses
de
lá
estar
entretanto
já
andava
a
concorrer
para
as
escolas
porque
se
poderia
dar
aulas
de
datilografia
aqueles
tipo
de
miniconcursos
esse
tipo
de
miniconcursos
e
então
ah
eu
estava
lá
e
surge
um
colega
meu
que
estava
lá
foi
para
a
guerra
e
a
foi
para
Angola
e
portanto
aqueles
dois
anos
que
eles
iam
eles
não
perdiam
os
lugares
só
que
aquele
lugar
era
hum
ocupado
interinamente
por
outra
pessoa
já
lá
estava
e
então
o
que
o
senhor
conservador
naquela
altura
que
já
morreu
e
não
porque
lá
estava
e
talvez
porque
eu
também
eh
não
eh
fazia
por
fazer
bem
interessava-me
era
cumpridora
nos
horários
aquelas
coisas
todas
hhh
arrumava
os
livros
que
as
minhas
colegas
deixavam
ficar
fora
do
sítio
e
entretanto
aquilo
sabe
que
é
montes
de
livros
aquelas
coisas
contam
/
coisa
eh
era
digamos
a
menina
dos
recados
não
é
?
fazer
os
depósitos
à
caixa
aquilo
e
então
o
conservador
disse
eh
eu
queria
aproveitar
durantes
dois
anos
para
quê
?
e
não
sabia
quem
nunca
ganhou
dinheiro
na
vida
aqui
que
para
ir
para
o
registo
civil
gastava
dinheiro
porque
eh
depois
de
autocarro
e
eh
aquilo
o
melhor
que
podia
acontecer
para
mim
e
para
os
meus
pais
e
portanto
não
havia
hhh
passei
a
ganhar
dinheiro
mas
era
interinamente
quando
ele
chegasse
eu
tinha
que
abandonar
entretanto
ele
veio
e
já
havia
aquela
pena
que
eles
tinham
"
oh
coitadinha
e
tal
e
agora
"
e
então
eh
acontece
senhora
doutora
que
ele
veio
e
disse
eu
não
vou
ficar
aqui
eu
vou
para
um
banco
pronto
ficou
eu
vou
para
o
banco
Sotto
Mayor
fiquei
naquele
naquele
naquela
espera
os
meus
pais
também
naquela
altura
o
meu
pai
era
hm
hm
presidente
da
junta
daqui
de
Real
e
digamos
que
eh
como
não
digo
que
era
cartola
mas
ainda
hoje
a
gente
se
vale
das
amizades
que
tem
claro
ah
o
meu
pai
na
altura
falou
com
o
uma
pessoa
que
estaria
ligada
a
eu
julgo
que
era
o
pai
do
doutor
ai
era
?
hm
Rebelo
Marcelo
Rebelo
de
Sousa
que
era
o
do
doutor
Baltazar
de
Castro
Baltazar
Rebelo
de
Castro
ministro
que
era
naquela
altura
qualquer
coisa
de
ministé
ministro
hm
hm
bem
sei
que
ele
era
amigo
pessoal
aqui
do
Santos
da
Cunha
e
o
san
e
o
meu
pai
como
presidente
da
junta
que
era
há
muitos
anos
o
presidente
da
Cunha
era
o
presidente
da
Câmara
e
eh
e
o
meu
pai
disse-lhe
que
se
era
possível
portanto
se
era
possíel
eu
tinha
os
requisitos
todos
claro
hm
mas
o
importante
de
todos
é
que
eu
tinha
a
preferência
do
conservador
hm
claro
a
sua
que
que
era
importante
que
o
conservador
desse
olhe
senhora
doutora
e
lá
fiquei
e
a
partir
daí
?
e
a
partir
daí
fiquei
ali
trinta
e
dois
anos
senhora
doutora
hhh
passo
a
passo
já
tenho
colegas
ainda
que
no
tempo
quando
eu
hm
hm
fui
para
lá
eh
e
eu
fui
ultrapassando
e
elas
também
se
viam
mais
velhas
não
é
?
foi
porque
quer
dizer
porque
nós
somos
a
/
/
pois
era
eram
mas
mas
mas
a
velhice
eram
posto
na
na
na
função
ainda
é
senhora
doutora
aqueles
escalões
o
que
acontece
é
que
nós
somos
inspecionados
de
três
em
três
anos
hm
hm
há
os
inspetores
que
vêm
vinham
de
serviço
fazem
perguntas
e
oh
senhora
doutora
é
normal
com
as
minhas
colegas
teriam
teriam
habilitações
literárias
reduzidas
para
aquela
época
algumas
mais
outras
menos
ah
pessoas
com
poucos
hábitos
de
leitura
não
teriam
talvez
com
aquelas
...
as
mesmas
...
não
liam
os
jornais
não
é
?
informação
e
não
teriam
hm
sim
e
essas
coisas
vêm
sempre
ao
de
cima
claro
essas
coisas
vêm
sempre
ao
de
cima
e
então
as
inspeções
vinham
e
e
e
começaram
a
pronto
aquela
chamavam
cada
um
a
senhora
fez
isto
porque
fez
porque
não
fez
e
tal
isto
aquilo
eh
e
a
gente
acaba
por
pronto
sobressair
e
acontece
que
ao
longo
de
muito
hhh
ainda
era
escriturária
estava
há
pouco
tempo
muito
bom
aspirar
era
o
máximo
de
que
se
poderia
aspirar
deu
brado
aquilo
deu
deu
deu
hhh
exatamente
senhora
doutora
e
não
era
muito
frequente
eu
era
eu
tinha
vinte
e
poucos
anos
hm
hm
e
e
pronto
fiquei
muito
bom
depois
passado
outra
vez
de
te
depois
entretanto
isso
da
essa
classificação
dá-nos
a
possibilidade
de
num
concurso
ter
preferência
legal
sobre
o
outro
sobre
qualquer
outro
e
foi
sempre
disso
que
eu
me
vali
porque
se
fosse
pela
não
chegava
lá
tão
cedo
idade
nunca
nunca
chegava
eu
cheguei
muito
cedo
ao
topo
da
carreia
porque
porque
geralmente
dos
dados
principais
já
são
...
pronto
tem
que
ter
pessoas
com
muita
muitos
anos
muitos
muito
muito
muito
porque
o
registo
civil
é
muito
miudinho
senhora
doutora
eh
são
coisas
que
se
a
gente
não
estiver
atenta
falha
podem
passar
pode-nos
passar
sei
lá
claro
é
eh
mas
eu
gosto
muito
senhora
doutora
como
disse
gosto
acabou
por
gostar
muito
daquilo
se
calhar
não
se
arrependeu
eh
e
engraçado
estava
lá
há
pouco
tempo
e
ainda
era
solteira
e
e
as
minhas
colegas
iam
todas
para
a
caixa
para
a
segurança
pessoal
e
e
elas
ganhavam
mais
que
que
no
registo
civil
eu
eu
quinhentos
escudos
naquele
tempo
era
muito
dinheiro
e
eu
"
oh
meu
pai
eu
quero
ir
para
a
caixa
eu
não
quero
estar
ali
a
"
oh
meu
pai
"
não
deixa-te
estar
olha
que
aquilo
é
um
lugar
"
"
diferente
e
eh
"
e
o
certo
e
o
certo
passar
lá
o
tempo
e
ainda
hoje
nós
fazemos
pa
parte
dos
quadros
técnicos
da
função
pública
portanto
nós
não
ganhamos
o
vencimento
somos
considerados
funcionários
normais
hhh
nós
temos
recebemos
em
função
/
/
portanto
temos
o
nosso
vencimento
temos
hm
hm
uma
participação
porque
realmente
e
&n
não
é
isto
não
é
dizer
"
nós
somos
os
melhores
nem
maiores
acho
que
para
se
ser
funcionário
do
registo
civil
notário
ou
predial
não
é
ser
funcionário
da
Câmara
Municipal
sabe
com
o
devido
respeito
claro
ser
funcionário
dali
da
da
caixa
da
segurança
há
uma
responsabilidade
enorme
social
porque
enorme
é
preciso
muito
trabalho
senhora
doutora
trabalhar
é
preciso
saber
muito
claro
e
quem
não
souber
vai
ficar
para
trás
obviamente
e
quem
não
souber
não
há
ali
não
há
hipóteses
hm
hm
e
agora
está
estamos
a
computorizar
eu
eu
quase
eu
não
tenho
a
certeza
mas
quase
posso
afirmar
que
a
repartição
onde
eu
trabalho
deve
ser
a
única
que
tem
é
?
ai
sim
?
contabilidade
computorizada
mas
isso
graças
ao
meu
filho
tenho
um
filho
que
é
engenheiro
sim
ajudar
e
então
eles
eles
eles
forneceram-nos
dois
dois
computadores
e
ah
a
maior
parte
das
conservatórias
está
embalado
que
bom
senhora
doutora
nem
os
abrem
porque
não
tem
não
têm
condições
para
eu
não
resistia
àquilo
também
já
tínhamos
aqui
computador
desde
que
ele
era
pequeno
a
gente
foi
sempre
mudando
e
mas
era
joguinhos
só
começa-se
assim
?
mas
é
exatamente
informatizei
a
contabilidade
processos
é
é
o
meu
braço
direito
também
sem
ele
não
mas
ele
está
lá
também
agora
ou
...
não
era
capaz
o
não
o
computador
sim
mas
o
seu
braço
direito
o
computador
?
tenho
pensei
que
o
seu
filho
também
colaborasse
não
não
não
o
meu
filho
ensinou-me
e
foi-me
lá
meter
os
programas
que
eu
lhe
pedi
claro
é
bastante
?
não
aqui
e
depois
agora
quando
tenho
dúvidas
tenho
aqui
o
computador
claro
e
chegar
a
esse
ponto
e
eu
eu
chego
a
ca
já
às
vezes
lhe
tenho
telefonado
para
a
fábrica
porque
ele
trabalha
na
ai
é
?
já
lhe
tenho
trab
telefonado
para
lá
oh
"
filho
aconteceu-me
aqui
um
erro
"
e
ele
diz
"
olha
carrega
naquela
tecla
"
mas
mas
mas
tenho
muito
gosto
agora
na
hm
hhh
e
e
por
vezes
e
por
vezes
por
também
depende
dos
chefes
não
é
senhora
doutora
?
portas
travessas
acabamos
por
ir
parar
ao
sítio
certo
é
é
capaz
senhora
doutora
é
porque
eu
gosto
muito
do
relacionamento
com
o
público
é
estimulante
?
e
muito
muito
cansativo
e
dar-nos
um
certo
muito
cansativo
claro
eu
estive
ao
longo
destesa
anos
todos
fiz
muita
coisa
como
deve
calcular
então
eu
estive
onze
anos
direitinhos
a
fazer
assentos
de
nascimento
porquê
?
porque
tinha
uma
letra
muito
bonita
legível
hm
hm
bonita
entre
aspas
não
é
?
uma
letra
certinha
porque
para
o
registo
civil
agora
não
agora
é
máquinas
elétricas
mas
antes
era
tudo
à
mão
senhora
doutora
claro
e
tinha
que
ser
uma
letra
que
se
lesse
daqui
a
cem
anos
dizia-me
o
conservador
e
então
eu
eu
gostei
sempre
de
portanto
então
estive
onze
anos
senhora
doutora
estava
já
não
aguentava
mais
saturada
que
horas
nasceu
?
menino
ou
menina
?
tinha
o
tempo
todo
"
como
se
vai
chamar
?
"
assine
aqui
leia
para
o
outro
senhor
ou
menino
ou
menina
os
presentes
dá
dá
muito
dá
muito
e
con
e
tinha
testemunhas
dantes
agora
professora
foram
evoluindo
foram
melhorando
mas
dá
muito
é
muito
engraçado
porque
é
uma
área
onde
ninguém
está
mal
disposta
os
nascimentos
os
óbitos
o
o
utente
a
pessoa
está
sempre
feliz
/
/
não
?
é
os
óbitos
é
terrív
não
mas
não
é
a
família
que
faz
os
óbitos
senhora
doutora
é
o
é
o
cangalheiro
digamos
é
o
da
claro
funerária
não
é
?
nunca
é
a
família
os
casamentos
também
mais
ou
menos
mais
ou
menos
a
sério
?
às
vezes
há
aquele
que
vai
contrariado
sim
sim
sim
casar
logo
contrariado
isso
é
meio
caminho
para
o
divórcio
senhora
doutora
sabe
que
ainda
se
ainda
há
quem
os
pais
ainda
fazem
às
vezes
uma
certa
pressão
porque
engravidou
ou
/
/
bom
antes
do
vinte
e
cinco
de
abril
era
hhh
é
quase
pior
não
é
porque
havia
muitos
que
eh
s
tendo
engravidado
raparigas
tinham
mesmo
de
casar
com
ela
não
quisesse
senão
senão
iam
presos
exato
maior
não
?
pensava
se
fosse
menor
se
fosse
menor
maior
não
portanto
eu
sou
do
ano
eu
sou
do
tempo
que
foi
quando
se
começou
a
dar
ah
digamos
ah
ah
hhh
como
é
que
eu
hei-de
dizer
a
inserção
dos
ciganos
na
na
comunidade
na
nossa
nossa
comunidade
hm
hm
e
apareciam
muitos
?
e
eu
e
eu
sim
há
famílias
de
ciganos
/
/
desde
essa
altura
que
eu
os
conheço
a
todos
e
que
inclusivamente
eles
vão
lá
tirar
as
certidões
e
eles
não
sabem
o
ano
em
que
fazem
os
registos
porque
eles
nunca
se
registam
certos
não
se
sabe
onde
nasceram
é
uma
coisa
que
é
é
eles
mentem
mas
há
famílias
inteiras
de
ciganos
que
se
registaram
registaram
os
filhos
e
então
eles
vão
lá
tirar
o
bilhete
de
identidade
e
dizem
"
ah
a
senhora
é
que
sabe
vem
cá
"
e
eu
às
vezes
lemb
não
eu
não
dig
eu
não
sei
o
dia
mas
sei
situar-me
mais
ou
menos
se
foi
antes
ou
depois
antes
ou
depois
foi
o
tempo
que
eu
estava
nos
nascimentos
e
eu
digo
"
olha
e
ah
e
foi-me
nesse
altura
que
eles
começaram
a
bem
algumas
famílias
aquelas
que
se
que
mais
tradicionais
e
essa
gente
que
se
fixaram
em
Braga
é
é
que
se
fixaram
em
Braga
é
?
continuam
mesmo
?
são
vendedores
ambulantes
todos
é
todos
todos
todos
todos
o
mesmo
ninguém
trabalha
sem
ser
a
vender
o
que
quer
que
seja
a
vender
o
que
quer
que
seja
também
já
jé
me
aconteceu
senhora
doutora
de
ir
à
cadeia
porque
nós
temos
que
ir
à
cadeia
sempre
que
formos
solicitados
ai
é
?
é
uma
obrigação
hhh
é
as
pessoas
?
obrigação
que
dê
o
hospital
não
fazer
um
assento
de
nascimento
ah
duma
criança
que
a
mãe
é
solteira
e
o
pai
está
preso
/
/
tem
que
ser
os
dois
a
assinar
ainda
sou
do
tempo
em
que
eles
vinham
algemados
senhora
doutora
degradante
que
era
contra
todas
as
re
degradante
j
mas
ainda
aqui
já
na
porque
nós
mudámos
de
edifício
não
não
sei
não
se
se
a
senhora
doutora
sabe
nós
antes
/
/
sim
hm
hoje
o
estivaleiro
era
onde
era
o
quartel
em
frente
ao
quartel
e
agora
estamos
na
na
avenida
central
num
apartamento
ali
num
apartamento
mas
ainda
sou
daquele
tempo
já
aqui
neste
novo
portanto
já
depois
de
mil
novecentos
e
setenta
e
nove
nós
fomos
para
ali
em
setenta
e
nove
em
que
veio
um
arguido
e
veio
algemado
até
à
porta
veio
de
elevador
até
à
porta
de
entrada
na
porta
de
entrada
o
guarda
os
guardas-prisionais
tiraram-lhe
as
algemas
e
vieram
para
o
pé
dele
e
mal
ele
chegou
à
porta
tornaram-lhe
a
pôr
as
algemas
eu
quando
vi
claro
os
chamei
o
guarda-prisional
e
chamei
é
mesmo
necessário
?
e
eu
disse-lhe
"
faz
favor
de
entrar
para
a
sala
e
"
e
disse
para
eles
entrarem
com
eles
porque
era
degradante
claro
não
há
ninguém
que
não
olhe
senhora
doutora
por
mais
civilizadas
que
as
pessoas
sejam
não
há
ninguém
que
não
consiga
olhar
para
um
homem
que
vai
s
algemado
e
então
agora
ah
agora
agora
e
depois
disso
nunca
mais
nenhum
foi
e
e
acho
que
até
faz
parte
de
é
uma
violação
da
privacidade
ele
de
todas
as
regras
agora
nós
é
é
uma
violação
pode
até
ir
acompanhado
e
toda
a
gente
saber
que
é
preso
toda
a
gente
sabe
é
eu
atendi
esse
preso
numa
sala
ao
lado
até
numa
sala
onde
se
faz
os
casamentos
e
eu
por
curiosidade
eu
di
disse-lhe
porque
é
q
então
"
o
senhor
está
condenado
há
muito
tempo
?
"
"
ah
apanhei
vinte
e
não
sei
quantos
anos
"
porquê
?
hhh
"
e
porquê
?
"
"
matei
uma
velhota
"
"
não
sei
quantos
sei
lá
"
"
e
quanto
tempo
lhe
falta
?
"
"
ah
falta
"
"
muito
"
"
pronto
deixa
lá
mas
quando
sair
"
hhh
"
vou
lixar
o
juíz
"
portanto
agora
julga
que
aquela
pessoa
devia
estar
é
a
mentalidade
é
portanto
vê-se
para
ver
o
tipo
de
...
hhh
e
então
passámos
a
ir
às
à
à
à
cadeia
e
ah
olhe
senhora
doutora
ainda
para
a
semana
eu
vou
lá
exatamente
fazer
o
registo
de
um
traficante
de
droga
que
está
preso
e
que
um
f
menina
aqui
de
Braga
se
recuperou
se
desintoxicou
porque
hm
hm
tiveram
os
dois
em
Espanha
ele
foi
preso
novamente
aqui
em
Braga
ela
está
parece
recuperada
e
pelo
menos
parece
recuperada
e
portanto
tenho
um
filhote
com
dez
anos
que
entra
para
a
escola
que
não
está
registado
mas
nasceu
em
Espanha
hhh
e
portanto
vamos
fazer
o
registo
da
criança
em
Portugal
porque
os
hm
hm
pais
são
portugueses
e
eu
julgo
que
está
marcado
para
quarta-feira
salvo
o
erro
claro
e
então
eh
isto
era
a
respeito
dos
ciganos
e
q
as
pe
algumas
vezes
que
vou
assim
vou
à
cadeia
e
como
é
que
é
agora
já
não
vou
muito
senhora
doutora
porque
já
não
tenho
muito
tempo
hm
hm
eh
a
cadeia
é
assim
tem
que
portanto
tem
que
ir
um
ajudante
o
ajudante
que
é
é
a
pes
portanto
era
que
ia
lá
no
registo
civil
é
o
conservador
e
depois
o
primeiro
e
o
segundo
ajudante
hhh
ah
portanto
portanto
um
dos
ajudantes
tem
que
ir
ah
eu
de
vez
em
quando
ah
ia
porque
morava
aqui
dava
jeito
hm
hm
o
transporte
porque
se
eh
eles
te
portanto
a
assistente
social
da
cadeia
telefona-me
marcamos
o
dia
e
a
hora
vai-nos
buscar
lá
com
com
um
carro
um
carro
particular
de
hm
hm
seja
de
quem
for
levar
e
trazer
não
podemos
eh
quer
dizer
o
transporte
tem
que
ser
de
dentro
da
cadeia
é
óbvio
e
ah
e
bilhetes
de
identidade
vamos
tirar
lá
muitas
vezes
doutora
casamentos
ainda
não
fizemos
mas
já
organizámos
processos
organização
para
casar
quando
sair
da
cadeia
hm
hm
hhh
por
exemplo
hm
e
hospital
tenho
ido
muitas
vezes
ao
hospital
/
fui
há
di
há
pouco
tempo
fui
fazer
um
casamento
civil
duma
senhor
que
passado
três
dias
morreu
e
ela
seria
/
/
hhh
estava
já
em
fase
terminal
ele
estava
perfeitamente
lúcido
ele
eh
convém
é
que
os
dois
estejam
e
haver
duas
testemunhas
não
é
?
e
eu
disse-lhe
"
é
de
sua
livre
vontade
?
"
quando
lhe
perguntei
"
é
de
sua
livre
vontade
casar
?
"
e
ele
assim
já
com
a
voz
disse
assim
"
é
o
que
eu
mais
quero
na
vida
"
/
/
que
/
/
que
é
acho
que
sabia
sabia
que
estava
mal
sabia
e
não
queria
morrer
sem
se
casar
uma
pessoa
de
idade
até
foi
muito
são
situações
...
eh
é
as
tais
coisas
são
às
vezes
é
um
bocadinho
traumati
/
/
chocantes
chocantes
e
e
e
que
/
/
claro
e
e
e
eu
tenho
uma
certa
sensibilidade
cer
todas
as
mulheres
temos
não
é
?
que
toca
hh
e
ah
por
exemplo
senhora
doutora
estar
de
serviço
este
fim
de
semana
/
hm
hm
sim
e
isso
t
este
fim
de
semana
estive
de
serviço
nós
estamos
de
serviço
ao
sábado
porquê
?
ah
pois
para
óbitos
para
óbitos
só
por
exemplo
fazer
o
óbito
de
uma
uma
menina
de
dez
anos
e
eu
a
ver
a
causa
da
morte
"
leucemia
"
fiquei
fiquei
com
hhh
hm
hm
fiquei
completamente
porque
o
pai
/
/
estava
o
pai
tinha
vindo
ah
aqui
ao
hospital
/
/
final
acho
que
ver
a
meni
menina
e
ainda
a
conseguiu
ver
assim
na
parte
final
final
ele
estava
inconsolável
/
/
palavras
pronto
nem
tinha
nem
tinha
nada
nem
nem
conseguia
falar
nada
não
e
ah
ah
a
gente
chega
àquela
fase
que
já
não
não
pode
dizer
nada
/
hhh
é
não
não
há
nada
que
se
lhe
possa
dizer
nada
e
é
e
me
mexe
muito
mexe
muito
com
mexe
muito
porque
ao
fazer
o
óbito
a
gente
vê
sempre
a
causa
da
morte
e
sabe
sempre
menos
que
não
queira
ser
claro
curiosa
que
tinha
tantos
filhos
as
overdoses
doutora
por
exemplo
é
por
isso
que
agora
no
óbito
não
é
permitido
a
causa
da
morte
hm
agora
não
antes
no
próprio
assento
trazia
agora
não
agora
traz
na
certidão
do
médico
no
no
médico
e
e
como
um
um
agravante
ninguém
pode
tirar
certidões
desse
certificado
médico
sem
ser
familiares
diretos
claro
porque
ninguém
tem
que
saber
de
que
é
que
morreu
isto
foi
após
haver
as
sidas
hm
hm
portanto
não
as
overdoses
hhh
filho
não
fica
esse
registo
?
o
lis
não
fica
quer
dizer
um
filho
que
tira
uma
certidão
de
um
pai
daqui
há
vinte
anos
nunca
que
o
pai
sabe
se
não
quiser
saber
de
que
é
que
ele
morreu
morreu
de
overdose
pois
sui
suicídios
sabe
como
é
senhora
doutora
são
muito
mal
encarados
os
suicídios
não
é
?
mas
a
mas
sim
sim
sim
que
é
mesma
coisa
mas
as
overdoses
também
como
uma
pena
mais
é
é
senhora
doutora
é
é
pesada
e
é
uma
carga
uma
carga
muito
mais
do
mais
é
exato
e
ah
é
um
trabalho
melindroso
o
seu
e
e
e
e
pronto
t
é
mas
é
é
o
que
eu
digo
senhora
doutora
eu
gosto
hhh
é
mas
às
vezes
eh
às
vezes
por
m
a
senhora
doutora
com
certeza
que
já
ouviu
falar
os
advogados
os
médicos
deixam
ficar
os
problemas
lá
fora
porque
eh
depois
a
própria
vida
também
nos
a
própria
profissão
nos
endurece
um
bocadinho
em
relação
a
essas
coisas
se
a
gente
fosse
ficar
sempre
doente
de
cada
vez
que
que
havia
um
caso
dum
ah
simplesmente
há
um
há
há
há
sempre
claro
claro
qualquer
coisa
que
nos
que
nos
faz
lembrar
depois
no
dia
seguinte
um
filho
saudável
e
e
pensa
...
pensa
que
sorte
pois
pois
ainda
bem
que
sorte
e
que
podemos
pensar
isso
ainda
bem
exato
exato
senhora
doutora
mas
mas
mas
que
nos
dá
ah
que
eu
eu
primeiro
eu
também
tenho
tenho
a
impressão
senhora
doutora
porque
as
pes
portanto
os
conservadores
os
advogados
agora
não
mas
por
exemplo
quem
hm
hm
se
licenciasse
em
direito
tinha
que
fazer
sempre
um
estágio
de
três
meses
civil
notário
predial
exato
e
depois
a
advocacia
ou
o
tribunal
e
ah
nós
fomos
t
todas
nós
quando
estávamos
de
perto
ainda
agora
por
exemplo
conservadoras
têm
que
passar
por
lá
três
meses
claro
meses
são
pessoas
licenciadas
mas
que
precisam
da
prática
não
é
?
claro
eu
até
às
vezes
costumo
dizer
que
a
minha
universidade
é
aquela
é
não
é
prática
porque
eh
mas
e
mas
mas
eu
tenho
muito
boa
impressão
salvo
o
devido
respeito
senhora
doutora
das
pessoas
formadas
em
direito
acho
que
a
cabeça
deles
é
é
boa
vêm
as
coisas
sempre
de
uma
maneira
e
se
hm
hm
e
se
mas
há
esta
possibilidade
há
sempre
um
"
mas
"
e
ah
e
isso
n
também
nos
dá
às
vezes
também
mais
eh
o
sermos
mais
benevolentes
com
as
coisas
torna-nos
a
aceitar
as
mesmos
os
vícios
as
as
as
desgraças
e
e
os
/
sim
em
vez
de
os
julgar
em
vez
de
os
julgar
maus
caráteres
aceitá-los
e
vê-los
de
outra
forma
e
porquê
?
em
vez
de
os
julgar
senhora
doutora
porque
há
às
vezes
sempre
a
possibilidade
de
haver
uma
razão
forte
pálida
às
vezes
porquê
daquilo
e
a
gente
pensar
"
se
eu
fo
vivesse
fosse
criada
assim
como
é
que
seria
?
"
/
/
não
é
e
dá-nos
eu
por
exemplo
senhora
doutora
onde
é
que
por
exemplos
os
meus
pais
um
casamento
civil
nem
pensar
nisso
nem
pensar
a
minha
mãe
nem
nem
pensar
nisso
e
e
há
dias
foi
convidada
para
ir
a
um
casamento
civil
/
/
tinha
duma
rapariga
daqui
que
não
tinha
outra
possibilidade
porque
o
marido
sido
casado
hm
hm
o
marido
era
divorciado
e
ela
disse
"
não
porque
ia
pecar
"
"
pecar
"
ela
ia
participar
num
ato
deus
me
livre
ela
ia
pecar
ir
perigoso
e
ah
exatamente
e
deus
me
livre
que
se
uma
filha
que
se
casasse
por
civil
era
hhh
isso
nem
penso
e
e
eu
portanto
digamos
fui
educada
com
essas
regras
todas
e
agora
tem
e
eu
vejo
as
coisas
com
mais
naturalidade
senhora
doutora
se
eventualmente
chegasse
claro
"
vou
casar
civil
mãe
"
com
certeza
a
sua
mãe
é
que
não
deveria
sou
católica
tudo
bem
achar
graça
hhh
nenhuma
senhora
doutora
mas
está
a
ver
senhora
doutora
/
/
estou
/
/
hhh
estou
a
ver
é
a
prática
a
prática
exige
ah
o
a
profissão
exatamente
benevolência
e
n
e
que
não
nos
leva
a
muito
é
exatamente
senhora
doutora
benevolência
muitas
vezes
hm
e
agora
também
o
di
os
divórcios
foi
há
pouco
tempo
lá
tem
sido
um
boom
não
é
?
são
os
hhh
muito
ah
e
lá
ah
falava
há
dias
com
o
conservador
de
Famalicão
hm
hm
que
é
um
meio
fabril
um
meio
que
os
dois
ou
três
ou
quatro
já
passa
dos
cento
e
tal
desde
setembro
do
ano
passado
/
/
é
rara
a
semana
que
não
entra
divórcio
/
/
hm
hm
sabe
que
em
Lisboa
aquilo
é
uma
autêntica
/
/
porque
são
as
fábrica
uma
vez
faço
ideia
fui
ah
lá
ao
registo
civil
palácio
da
jutiça
/
a
essa
secção
dos
sim
sim
sim
são
salas
e
salas
a
funcionar
em
divórcios
pois
salas
e
sa
simultâneo
não
fazem
outra
coisa
senão
hm
hm
ah
sim
sim
sim
sim
ah
primeira
segunda
não
sei
quantas
é
é
aquilo
é
horrível
é
mas
eles
puseram
agora
precisamente
/
/
pois
dos
divórcios
no
registo
civil
para
descongestionar
os
tribunais
claro
porquê
senhora
doutora
?
porque
quando
os
dois
estão
de
acordo
não
é
preciso
estar
a
dividir
nada
nem
nada
ali
aqui
é
o
único
o
a
única
questão
é
que
ali
não
podem
discutir
nem
podem
fo
foi
por
isto
foi
por
aqui
mas
mesmo
assim
senhora
doutora
há
sempre
mesmo
sabendo
que
é
por
mútuo
consentimento
e
têm
que
estar
os
dois
de
acordo
e
não
queremos
saber
se
foi
por
isto
se
foi
por
aquilo
/
/
há
sempre
um
pretexto
para
que
sim
as
pessoas
podem
divorciar-se
portanto
para
para
às
vezes
se
melindrarem
não
querem
estar
juntas
não
estão
de
acordo
mas
elas
têm
que
estar
juntas
senhora
doutora
é
raro
doutora
houve
um
ou
outro
caso
civilizadíssimo
que
falaram
ao
tempo
que
não
te
vejo
o
que
é
que
fazer
coisas
deste
género
mas
desde
o
não
falar
e
desde
o
pôr
a
mão
para
nem
se
olhar
ate
na
hora
de
pagar
e
só
pago
dizer
é
metade
é
metade
ou
eu
não
pago
porque
foi
este
senhor
que
me
mandou
vir
aqui
ou
hhh
coisas
do
género
assim
senhora
doutora
ou
ter
uma
coisa
impressionante
mas
mas
mas
mas
dentro
o
mai
a
maioria
é
civilizado
e
é
bom
é
a
maioria
e
isto
foi
para
descongestionar
os
tribunais
senhora
doutora
porque
hm
hm
porque
é
mais
barato
portanto
não
é
preciso
advogados
senhora
doutora
claro
faz-se
logo
isso
é
um
à
primeira
conferência
nem
mesmo
com
os
tribunais
porque
a
lei
prevê
que
se
deve
pensar
amadurecer
embora
eles
quando
vão
lá
já
não
estão
juntos
senhora
doutora
mas
a
partir
desse
dia
da
primeira
conferência
ficam
desobrigados
de
viver
juntos
porque
é
uma
das
obrigações
do
casa
do
casamento
a
partilha
é
a
coabitação
a
parti
a
coabitação
a
partir
daquele
dia
da
primeira
conferência
a
única
obrigação
que
fica
suspensa
não
ficam
obrigados
a
viver
juntos
e
depois
estão
uns
três
meses
a
pensar
a
repensar
hhh
que
eles
já
estão
fartos
de
pensar
hhh
claro
hhh
mas
tem
graça
há
pouco
tempo
aconteceu
uma
coisa
um
casal
novo
foi
lá
cas
tinha
casado
em
mil
novecentos
e
noventa
hhh
marcaram
comigo
sim
há
há
mais
noventa
e
três
e
ah
os
dois
eu
achei
aquilo
muito
estranho
porque
estavam
os
dois
tristes
e
ah
deram
os
bilhetes
de
identidade
marcaram
para
quando
tal
a
dizer
que
tal
divorciar-se
/
/
e
no
dia
seguinte
hhh
no
dia
seguinte
no
dia
seguinte
telefonou-me
de
manhã
ele
e
disse
"
olhe
minha
senhora
eu
ou
o
e
tal
"
peço
desculpa
mas
já
não
"
peço
olhe
eu
era
para
dizer
à
senhora
que
desculpasse
mas
vamos
desistir
"
"
ah
ótimo
"
disse-lhe
eu
"
ótimo
"
pronto
e
a
e
a
sua
esposa
já
falou
com
ela
?
hhh
diz
ele
"
ela
também
quer
falar
com
a
senhora
que
está
aqui
na
cama
comigo
"
hhh
hhh
tinham
feito
as
pazes
estavam
eu
fiquei
assim
"
ótimo
ótimo
"
ah
foi
lá
está
aqueles
desaguisados
do
momento
e
nem
pensaram
mais
nada
"
divórcio
"
logo
como
se
fosse
a
coisa
mais
importante
depois
estavam
os
dois
a
sofrer
com
a
situação
/
/
exatamente
senhora
doutora
exatamente
é
é
que
eu
às
vezes
acho
que
há
sempre
um
que
sofre
é
?
e
às
vezes
sofrem
os
dois
doutora
ah
sim
e
são
menos
às
vezes
sofrem
os
dois
yyy
mas
também
há
aqueles
casos
senhora
doutora
que
que
não
era
muito
comum
e
que
agora
está
a
acontecer
que
é
aquele
caso
daqueles
casais
que
estão
há
vinte
e
tal
anos
casados
e
trinta
agora
e
que
depois
têm
os
filhos
criados
já
não
se
e
ela
diz
"
agora
eu
quero
passar
o
resto
da
minha
vida
"
a
doutora
sabe
que
apanhar
aquela
ah
aquela
fase
aquela
faixa
etária
dos
dois
homens
que
era
ma
machões
sim
sim
são
ditadores
as
mulheres
eram
domésticas
criar
os
filhos
e
é
e
ele
é
que
ninguém
ele
é
que
manda
ele
é
claro
mesmo
pessoas
com
certo
nível
cultural
não
era
só
o
mecânico
e
hm
hm
só
o
que
era
assim
isso
fazia
parte
de
da
cultura
do
ser-se
bem
em
relação
a
um
homem
não
é
?
/
/
e
ah
e
há
e
há
eu
acho
tem
acontecido
senhora
doutora
aquelas
mulhers
revoltadas
que
fartas
de
dizia-me
uma
senhora
"
não
quero
mais
não
quero
mais
minha
senhora
estou
cheia
"
"
eu
quero
passar
o
resto
da
minha
vida
sossegada
"
exigiu
pensão
porque
nunca
trabalhou
/
/
"
e
eu
não
quero
mais
"
mas
da
da
dizia
aquilo
com
a
maior
reflexão
da
reflexão
mas
triste
"
eu
quero
passar
o
resto
da
mi
tenho
sessenta
anos
"
dizia-me
ela
"
quero
passar
o
resto
da
minha
vida
descansada
descansada
"
tenho
os
filhos
criados
quer
dizer
porque
a
maior
parte
das
mulheres
suportava
senhora
doutora
por
causa
dos
filhos
por
causa
dos
filhos
ainda
há
esse
conceito
de
sim
olhe
ah
não
que
marca
muito
não
é
?
ontem
encontrei
uma
senhora
tem
quê
?
trinta
e
dois
trinta
e
três
anos
é
uma
mulher
que
bem
e
diz
que
vai
entrar
com
certeza
com
uma
ação
de
divórcio
muito
rapidamente
diz
que
já
estão
separados
de
facto
da
última
vez
que
a
tinha
visto
há
seis
meses
atrás
ainda
viviam
juntos
mas
é
um
caso
de
um
senhor
que
é
alcoólico
ação
de
divórcio
e
existem
duas
filhas
e
a
situação
hhh
ah
é
insustentável
é
eu
entrevistei
a
é
é
insuportável
nessa
altura
e
ela
coitada
contou-me
claro
as
mágoas
da
sua
vida
não
é
?
e
e
eu
fiquei
tudo
hhh
a
pensar
naquilo
e
realmente
não
posso
dar
conselhos
a
ninguém
como
é
evidente
mas
era
uma
situação
que
não
podia
manter-se
e
o
melhor
que
ela
tinha
realmente
a
fa
a
fazer
era
divorciar-se
porque
por
muito
pouco
que
ela
ganhasse
a
trabalhar
como
trabalhava
e
ela
trabalhava
bastante
eh
ela
só
só
tinha
tinha
que
contribuir
para
lá
quem
ajudasse
a
gastar
e
não
eh
/
/
a
gastar
a
ajudar
a
as
despesas
e
não
e
há
há
mulheres
que
sofrem
muito
senhora
doutora
e
não
fazia
sentido
uma
mulher
bonita
nova
eh
com
duas
filhas
ela
muito
cumpridora
e
tudo
e
ele
naquela
desgraça
já
viu
?
a
prejudicar
a
vida
s
e
ele
ontem
a
primeira
coisa
que
ela
me
disse
é
o
vício
do
cá
estou
"
já
es
"
como
é
que
foi
?
não
"
estou
sozinha
"
meteu
os
papéis
?
e
eu
na
altura
nem
percebi
se
ela
se
referia
ao
marido
se
se
referia
a
pessoas
com
quem
era
suposto
ela
estar
naquela
altura
não
pessoas
em
casa
de
quem
ela
estar
a
viver
estava
a
trabalha
e
ela
disse
"
não
estou
sozinha
"
hm
e
sim
sim
sim
e
o
ar
de
felicidade
dela
hhh
hhh
okay
que
bom
já
está
livre
do
marido
oh
senhora
doutora
porque
lá
está
deve
ser
insuportável
viver
com
uma
pessoa
assim
e
depois
viver
viver
s
eu
costumo
dizer
ah
quando
faço
algum
casamento
civil
ah
agora
com
com
o
novo
código
somos
dantes
não
era
obrigatório
senhora
doutora
nós
só
perguntávamos
se
era
de
livre
vontade
em
nome
da
lei
está
casado
agora
antes
tem
que
se
alertar
as
pessoas
do
das
obrigações
porque
/
/
há
obrigações
claro
mesmo
civilmente
tem
obrigações
há
direitos
e
obrigações
e
deveres
sim
sim
sim
mesmo
que
e
que
se
não
forem
cumpridos
pode
dar
anulações
e
divórcios
hhh
valha
a
pena
não
e
ah
hhh
e
ah
e
entre
os
os
deveres
que
n
temos
que
que
chamar
a
atenção
deles
e
lhes
fazer
lembrar
hm
embora
mesmo
sabendo
mesmo
que
se
as
pessoas
nós
temos
que
lembrar
que
as
hhh
ah
há
o
dever
de
cooperação
hhh
eu
acho
que
que
digo
sempre
que
acho
embora
eu
sendo
um
apologista
sendo
um
apologista
do
casamento
e
acho
que
é
ótimo
as
pessoas
viverem
em
hm
hm
como
um
casal
porque
se
se
derem
bem
e
se
for
um
casal
eu
julgo
que
é
a
comunidade
mais
perfeita
claro
hm
mas
claro
para
mim
é
o
mais
importante
acho
que
a
cooperação
que
é
o
direito
a
obrigação
de
serem
amigos
colaborarem
obrigação
de
de
se
colaborarem
nas
más
horas
claro
claro
porque
eu
acho
que
aí
é
que
se
prova
o
amor
numa
dificuldade
ter
sempre
aquele
ombro
que
a
gente
chegar
a
casa
"
pá
aconteceu-me
uma
chatice
e
tal
"
"
calma
vamos
ver
"
pois
com
quem
a
gente
possa
não
é
?
e
que
sabemos
que
está
sempre
do
nosso
lado
pelo
menos
claro
e
ah
e
eu
digo
sempre
que
é
o
mais
importante
porque
não
é
muito
fácil
de
repente
se
passar
a
viver
a
acordar
a
adormecer
com
uma
pessoa
que
não
é
da
nossa
família
e
que
a
gente
de
repente
e
eu
digo
sempre
que
os
princípios
são
sempre
os
piores
porque
eu
acho
que
mesmo
casando
apaixonada
porque
casei
muito
nova
é
sempre
sempre
sempre
ah
ah
difícil
a
adaptação
eu
lembro
que
gostava
muito
de
estar
com
o
meu
marido
e
casei
nem
morava
aqui
morava
noutra
casa
e
eu
tinha
uma
casa
em
relação
à
dos
meus
pais
um
palácio
e
e
eu
acordava
e
eu
estava
mortinha
mortinha
por
ir
à
casa
da
minha
mãe
e
a
maior
alegria
que
a
minha
mãe
me
podia
dizer
assim
"
vinde
cá
comer
à
noite
"
hhh
ai
meu
deus
que
bom
e
depois
tudo
lentamente
tudo
len
a
gente
vai
começando
e
agora
pronto
agora
é
exatamente
o
contrário
agora
se
eu
pedir
à
minha
mãe
"
mãe
venha
cá
comer
e
tal
"
isso
já
é
mais
difícil
para
ela
exatamente
ela
mora
perto
mas
mas
é
e
eu
a
adaptação
é
sempre
difícil
senhora
doutora
e
mesmo
mais
pequenas
e
portanto
o
viver-se
com
é
difícil
mesmo
mes
mesmo
havendo
amor
compreensão
e
que
sejam
pessoas
normais
ou
é
o
nosso
exato
que
fará
agora
como
essa
senhora
que
a
senhora
doutra
diz
alcoólico
pois
eu
não
maus
tratos
essas
coisas
todas
senhora
doutra
deve
ser
terrível
não
não
tinha
hhh
então
aqui
senhora
doutora
sabe
que
eu
sou
daqui
uma
freguesia
agora
pronto
tem
um
nível
diferente
e
tudo
é
?
mas
era
uma
freguesia
terrível
as
pessoas
eram
hm
hm
muito
pobres
muito
pobres
todas
senhora
doutora
/
/
isso
e
muito
alcoólicas
é
pior
isso
é
que
é
uma
desgraça
havia
tant
pi
senhora
doutora
as
pessoas
não
comiam
mas
bebiam
começavam
começavam
a
beber
a
beber
a
beber
...
há
famílias
inteiras
há
famílias
inteiras
senhora
doutora
todos
com
com
cirrose
era
ele
era
ela
os
filhos
nasciam
raquíticos
os
filhos
desses
alguns
são
toxicodependentes
hhh
agora
claro
melhorou
bastante
também
o
nível
de
vida
ah
e
depois
até
às
vezes
e
acho
que
essas
coisas
se
/
/
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