DI_87BM25b

Sem título

ID87
ParticipantJ. Oliveira
GenderMasculino

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O que é que o senhor achou disto tudo ? diga-me com franqueza ah muito cansativo ? não quer dizer cansativo não ... eu normalmente sou de leitura muito rápida quer dizer não não não faço muita pausa quer dizer pelo menos na parte das palavras acho que a fiz assim bastante apressada ? não sei não não fez fez com o à vontade que uma pessoa que faz mas não o fez muito muito ... n eu normalmente costumo costumo ler muito apressadamente em público não é ? ah hum hum mas por quê ? é uma questão de nervosismo ? talvez não quer dizer não sei se é por nervosismo mas se não por norma hum faz assim e quando falo para o público normalmente entusiasmo-me muito não é ? e esse entusiasmo é que me obriga muitas vezes a falar rápido não é ? quer dizer ... e tem muitas circunstâncias em que fala em público faço sim sim normalmente por exemplo em em debates em colóquios em seminários por por por norma cust intervêm sempre sempre sempre hum hum em que tipo de colóquios e seminários pronto de caráter pedagógico por exemplo quando foi na lei de base do sistema educativo que foi lançada e eu aqui um grande plenário em em Braga não é ? com algumas centenas de pessoas e a nível do ensino primário eu intervim em quase todas as situações sim eh estava bem fundamentado ? sim quer dizer porque estive sempre ligado quer dizer ao ensino e quer dizer fazia fazia muito auto-formação / e sempre que tocava alguma coisa no ensino primário eu gostava de defender de certo modo a classe não é ? quer dizer e isso hum / fez-se em todos em todos em todos os colóquios em todas as intervenções / todos os colóquios tanto é que depois pediram sempre a minha opinião por exemplo por escrito para para a lei de base quando eu estava ligado por exemplo à inspecção a novos programas portanto fui sempre ... portanto chamado a intervir nisso quer dizer a dar o meu o meu parecer parecido com o inclusivamente neste neste recordo-me nesse na quando foi a lei de bases lançamento hum hum recordo-me que depois a comissão que estava portanto a fazer isso ? portanto e eventualmente tinha a televisão também acompanhada eh e por umas coisas que eu disse portanto obrigaram-me portanto a portanto vir fora dizer isso para para a televisão não é ? portanto é diziam que a escolas estavam destruídas e eu tinha dito na altura que se destrói aquilo que não se ama não é ? claro portanto se as crianças não amam a escola têm que a destruir destroem-na não é ? quer dizer riscá-las nas carteiras e tal e depois quiseram parar aquilo quer dizer eu pôr-me na na na Universidade do Minho ali junto a uma grade se a escola era ou não uma prisão e tal e para que é que lhe serviu o senhor acha que contribuiu decisivamente para que as crianças tenham esse tipo de atitude face à escola ? e eu digo isto quer dizer porque realmente a escola não diz pouco à à criança quer dizer diz pouco diz pouco porque a escola paralela ah tem outros outros valores e portanto a escola portanto a escola institucional não tem não tem possibilidade de certo modo de atender às necessidades dos alunos quer dizer e normalmente a formação dos professores está centrada portanto numa numa num num tipo de aula padrão hum hum e dificilmente se poderá corresponder às necessidades de cada de cada aluno em particular portanto hoje numa escola de massas é realmente difícil quer dizer os problemas que traz para a escola não é ? a família de casa e tudo mais quer dizer e o professor e o professor não pode normalmente não resolve quer dizer não por falta de formação mas também por porque foi preparado com bastante organização quer dizer foi preparado para uma para um tipo de escola da sala aula universal não é ? não se aprende quer dizer e portanto não se passa mais daí quer dizer não não não se prepara para a diferença não se trabalha para a diferença e é nessa diferença que realmente se enriquece o coletivo da escola quer dizer é aproveitando a diferença não é aproveitando que realmente se enriquece o coletivo da escola quer dizer é aproveitando a diferença não é aproveitando não é não é cortando a diferença não é cortando a diferença não é portanto estandardizando todos os alunos ao mesmo nível quer dizer e isto torna-se muito difícil quer dizer e os professores eu digo isto porque tive muito tempo ligado à formação de professores e eu como profissional gostava muito de trabalhar com os alunos quer dizer e mas atendia a essas irregularidades por exemplo e daí que os professores normalmente eu por exemplo vinte anos muitas vezes não usava o livro da escola usava o jornal o jornal é isto quer dizer / e era sobre o jornal por exemplo que se trabalhava durante quinze dias quer dizer e não muito o livro o livro adotado quer dizer hoje as pessoas normalmente tudo está fabricado fabricado para o professor exato é o livro o manual é o livro de fichas tudo quer dizer o professor nem pensa nem precisa de pensar está tudo feito está está tudo feito não é ? quer dizer e eu às vezes chego chego chego a por em causa se realmente a a gama de livros que estão expostos para para seleção dos professores para em relação aos seus alunos está a ser útil porque o professor normalmente faz do livro adoptado o livro único não é ? exatamente e o livro único tinha a grande vantagem era pelo pelo menos não tinha fichas não é ? o professor tinha de dar a lição pensar e preparar e e portanto não podia ler como eu li aqui isto não é ? sem preparar antes não é ? saber se saiu alguma asneira não é ? tinha que pelo menos em casa preparar a lição / o texto não é ? tinha de fazer a ficha ou então levar os alunos a construir a ficha etc etc ? exato isto permitia um trabalho prévio do professor hoje não o professor pega e vai com o com o manual com o manual e com com o livro e o aluno praticamente mm também pensa pouco põe o sim ou não ou põe a chave põe a cruzeta ou cruzinha e tal quer dizer e o aluno como não escreve ... não sabe ... não sabe escrever portanto assim como para ler para aprender a ler é preciso ler muito naturalmente não é ? para escrever é preciso escrever claro e hoje a escola escreve pouco está tudo feito é verdade é põe a cruzinha e tudo mais quer dizer e isto traz traz esses problemas que estamos a ver gostava de saber o que é que o senhor pensava sobre aquela questão dos ah currículos alternativos que andaram para a falar para aqueles alunos que tinham um uma taxa de insucesso bastante elevada olhe eu vou-lhe dar uma experiência que eu tenho ah a nível de de uma turma portanto eu vou-lhe por o problema é o seguinte era um um aluno um professor que era sapateiro / e veio e veio veio para o ministério portanto para a escola de Guimarães na altura também era professor mas depois saí / ah e ele tirou o curso em Guimarães e um dia eu fui visitá-lo eu na altura estava na inspeção e fui visitá-lo hum hum era uma escola que me pediram para visitar frequentemente porque tinham insucesso insucesso muito grande não é ? era um insucesso muito grande / não é ? e eu fui visitar esse professor portanto a quem lhe deram esses professores novos normalmente dão-lhe uma turma de repetentes / os piores alunos não é ? e ele estava desesperado e chorou comigo exacto disse-me ah que possivelmente iria abandonar o ministério porque realmente estava oito dias aqui oito dias acolá e este ano que tinha uma turma para um ano inteiro tinha aquilo que se via não é ? quer dizer he uma turma com alunos que estavam três e quatro anos no primeiro ano de escolaridade não é ? e eu portanto disse " não não não vai chorar eu venho todas as semanas vamos ajudá-lo " não é ? " eu vou ajudá-lo " ah olhe em primeiro lugar é pôr de parte os livros que eles adot adotam não é ? que eles têm o livro três e quatro anos não aprenderam a ler ... não é agora ... portanto esse livro está está todo roto quer dizer não diz nada quer dizer claro vamos eu e eu então comecei eu a trabalhar com os alunos durante um dia hum hum como é que eu como é que eu fazia portanto em função daquela turma não é ? conversei com eles e tal e começava a escrever no quadro o que eles diziam / / algumas palavras algumas frases que diziam " então tu disseste isto " e continuamos até que ... fazíamos um texto não é ? o texto e depois o texto era explorar por exemplo então ou e explorado e tal e começávamos a explorar e tal o texto e então depois fazíamos uma leitura global hum hum eu fazia uma leitura global e eles também faziam uma leitura global portanto han globalmente que dizer eles não não não conheciam maior praticamente as letras não é ? razão do global e então havia a preocupação portanto desse texto ser fotocopiado pra um passado a letra impressa portanto com uma caneta ou ou uma ou uma esferográfica grossa não é ? ah / numa folha a a ou cartolina não é ? que se expunha púnhamos uma corda uma uma duma ponta da sala à outra pronto / e então púnhamos os textos que eles iam fabricando não é ? que é os testes colocávamos os textos e tal e portanto eles quando queriam levantavam-se e iam ver han aquilo que tinha dito ali e tal " onde está aqui a palavra tal ? " e eles iam e identificavam bem han e ele como era tinha era um rapaz orgulhoso o professor y hhh ele foi para o ministério com seriedade pronto ele meteu uma prótese numa perna e tal e então ele como tinha com a faca de sapateiro tinha tinha uma fez um escantilhão com as letras muito bem feitas não é ? portanto ele em casa copiava o texto que os alunos trabalhavam e depois ele copiava o texto para um para uma folha e em casa / passava o texto para apresentar para apresentar no ... quer dizer para pôr sem a preocupação de depois os alunos quando quisessem iam ver o texto este texto foi de ontem este de hoje quer dizer falamos sobre isto falamos sobre aquilo e tal exato quer dizer e e e de certo modo também como eu era também de usar essa expressão gostava não é ? hum hum investíamos muito em técnicas de expressão várias várias técnicas muitas muitas técnicas de maneira que eles entusiasmassem pela escola não é ? portanto exato ah não era conhecia muitas técnicas e experimentamos tudo não é ? portanto a ver o que é que melhor e então sobre as técnicas experimentamos quer dizer eles entusiasmaram-se pela expressão plástica e depois da expressão plástica fazíamos textos e criavam histórias / davam um título por exemplo ao texto à história por exemplo um título que desse uma palavra a um título a este a este desenho portanto um título quatro títulos ora bem reuníamos ali ides fazer um texto oral sobre sobre estes títulos sei ha ha sobre o texto o título que liam e então eles procuravam formar um texto ligaram duas palavras não é ? portanto e os temas não é ? e apresentavam não é ? e apresentavam depois o texto que o professor escolhia não é ? e então ah o texto era passado no quadro não é ? portanto e continuavam portanto além disso depois podia o toda a turma o texto não é ? era passado não é ? " e então aqui se aqui se se pusesse o que que vos parece isto ? será assim um verde ? e este verde como é ? é escuro ? é claro ? é amarelado e tal ? " é umé um verde-claro pronto é um verde-claro portanto procuravam de certo modo adjetivar sempre as palavras / não é ? de maneira que ... " e então han tu vinhas de casa ? " " eu vinha de carro pela estrada pela estrada afora " " vinhas por que lado ? lado direito ou lado esquerdo " tal e sempre a preocupação de fazer uma classificação quando e portanto eles eles procuraram realmente depois de certo modo também adjetivar as palavras quer dizer e assim começava a entrar / portanto a adjetivação vocabulário e e eles ... bem o que é certo é que eles começaram a se entusiasmar hum hum e é uma turma realmente muito difícil o que é certo é que alguns alunos daqueles que andaram no primeiro ano quatro cinco anos e mais passaram passaram do primeiro para o terceiro ano alguns diretamente ? sim porque eles tinham idade não é ? portanto era o que se permitia portanto e maior parte deles passaram para o segundo ano houve um que que não passou porque era um um autista não é ? era um indivíduo que sentava-se na mesa portanto ia pa para escola para comer / a escola tinha cantina não é ? rapaz até muito forte ele desligava tudo ele estava ali sentado na mesa e não fazia nada quer dizer a gente dava-lhe um desenhinho e tal para fazer e tal no entanto a única coisa que fazia era que ele acompanhava o professor pelo recreio com a mala e tal e gostava quer dizer dantes ele nem nem isso fazia não é ? hum hum pelo menos vinha para a vinha para o o recreio e ia se socializando era difícil não é ? mas mas mas via o que se passava no recreio com o professor e tal isto foi sempre uma das experiências começou-se quer dizer abandonamos o livro único e passamos a servir-nos do do da invenção e daquilo que eles/que ele vivia naquele dia não é ? o caminho da escola para hoje vamos falar do caminho da escola para casa " o que é que vocês viram " ? " e o que é que ouviram " e tal " os passarinhos faziam ? " e tal se não sabiam a palavra chilrear ou piar e tal piavam e tal e depois chilreavam e tal depois tinha a ver com a experiência não é ? eles vinham quer dizer ah e era escrito e o texto era passado não é ? portanto e depois aquilo era era depois os próprios textos dos alunos / / tenho também uma experiência mais ou menos deste género com ciganos também com ciganos e e não não-ciganos / quer dizer mas isso é era uma professora realmente excecional também que fez fez um programa para ... um programa para primeiro reuniu os pais dos alunos ciganos e dos não-ciganos e dos não-ciganos era uma classe bastante elevada normalmente quase todas pessoas licenciadas que era uma zona de Famalicão muito muito rica / numa zona de fábricas e tal e e ela fez uma reunião e os pais aceitaram mas ali utilizamos a empresa portanto não usamos livro mas o o livro era feito por eles não é ? portanto hhh os ciganos demais participavam o que o que lhes diziam e tal e depois e depois faziam o texto na imprensa portanto tiravam o texto para toda a turma não é ? claro portanto e então ah eles faziam os textos hhh e foi assim que que aprenderam a ler e com uma grande vantagem também quer dizer como por exemplo desse projeto que normalmente está acompanhar a formação / não é ? é um projeto de fase única quer dizer a professora ficava com os alunos da primeira à quarta classe sem reprovar ninguém não é ? do primeiro ao quarto ano sem reprovar ninguém é responsável por aqueles até aos de quarto ano não é ? portanto de maneira que alunos que propusessem portanto transitar transitavam do primeiro para o terceiro sei que por exemplo que houve um cigano que fez os quatro anos em dois não é ? está a ver ? e e com uma grande particularidade : é que ensinou os pais a ler que bom e normalmente por exemplo chegamos a propor por exemplo e eles iam não é ? não comigo mas com essa professora chegaram a depois a fazer formação estou a dar exemplos de de e levávamos os ciganos também para o testemunho de como é que os filhos e tal como é que eles se entusiasmaram com a leitura do filho quer dizer o filho realmente fez claro tinha uma certa idade o filho não é ? daí a permitir realmente fazer dois anos os quatro anos em dois não é ? pois mas realmente numa fase única não é ? em que o aproveitamento dos alunos era feito à medida em que eles iam crescendo e transitavam não é ? portanto foi um foi um trabalho também interessante / quer dizer com com com esses ciganos e e com resultados brilhantes não é ? portanto não não os alunos irrecuperáveis ? não não alunos que ficaram pois e e e por assim dizer não era não era preciso quase currículo alternativo era saber tirar da experiência dos alunos aquilo que eles que eles têm e portanto fazê-los de certo modo compreender compreender e ao mesmo tempo utilizar e sistematizar esses conhecimentos e sistematizá-los quer dizer claro de maneira que os ciganos por exemplo claro que é muito difícil por exemplo apanhei aqui uma de ciganos quer dizer realmente não porque realmente o te a linguagem do professor era para linguagem dos não-ciganos quando na escola havia alunos mais mais ciganos do que não-ciganos portanto " a falar da minha casa ora ora eu tenho uma barraca não tenho uma casa " não é ? ele desliga imediatamente para falar fazer um texto em que fala disto ou daquilo ele não ligava não ligava ao texto porque aquilo não lhe dizia nada não é ? hum hum depois é que isso complica quer dizer é que os ciganos quer dizer também não têm tempo quer dizer não tempos definidos é eles chegarem às nove horas ou às dez horas eu uma vez tive contacto com ciganos franceses aqui / numa reunião que tive até por causa destes ciganos e ele diziam-me " você tem que compreender que os ciganos não têm tempo " quer dizer o tempo não não tempo não não vinte e quatro horas para eles num dia quer dizer o cigano vai para casa se pega numa viola e quer cantar os alunos as crianças que estão na barraca não têm tempo para fazer os trabalhos / têm tempo para ir para fora cantar e deitam-se às horas que calhar portanto e não levantam-se às horas que têm de levantar daí que realmente / as pessoas preocupam-se muito que eles vão às oito e meia e tal mas eles têm que compreender isso quer dizer é que eles não têm tempo definido quer dizer se eu hoje pego na na na viola canto até às tantas e o miúdo também acompanha quer dizer não mando os filhos para cama porque realmente eles não vão não é ? não faz parte das suas ... não tem essas regras e é isto e que normalmente a grande dificuldade é que realmente não se aproveita de certo modo o que os ciganos têm de bom para para a escola não é ? e e era muito bom queque os outros não-ciganos conhecessem essas regras porque também se enriqueciam / quer dizer para compreender e é isto que a escola não faz quer dizer não faz a diferença não aproveita a diferença aniquila a diferença não é ? exato e portanto isso não vai a lado nenhum quer dizer a escola torna-se realmente segregadora segregadora e portanto e torna-se muito difícil porque trabalha para um tipo de aluno médio que não existe não é ? é isso é mau pois busca uma inspiração uma pena não existe é uma pena porque realmente voltei no tempo disso mas e portanto pelo menos quando orientei o estágio os meus estagiários foram obrigados a ver isso não é ? a sofrer um bocadinho com isso a sofrer mesmo não é ? a sofrer com os meus alunos porque hen quando eu não me dispunha a dar aulas eles é que davam a aula não é ? nunca respondia aos meus alunos praticamente / / respondia quando não havia quando como sendo o último recurso claro portanto o aluno dava a opinião e perguntava " que te parece a ti ? " ao outro colega não é ? quer dizer eu trabalhava sempre numa linha horizontalidade o professor não estava sempre no no lado vertical estava no lado horizontal estava ao lado deles quer dizer eu era um entre tantos um entre eles entre tantos portanto e quando houve enfim a turma quase não houver solução é que recorriam ao professor portanto e daí que / daí que eu que eu que eu hoje me orgulho de certo modo de ver os trabalhos quando era em formação mostrava trabalhos dos meus alunos e as pessoas não acreditavam / não é ? porque realmente em composições ou isto ou aquilo muita gente no décimo segundo ano e hoje até universitário que era capaz de não fazer os trabalhos que os meus alunos faziam alguns na quarta classe exato fantástico porque realmente eram dispostos estavam e depois dramatizavam tudo portanto quer dizer para eles portanto se eu levava o jornal levava o jornal portanto caía uma caneta ao chão " vamos fazer um texto sobre isto " e éramos capazes de andar oito dias à volta da caneta a caneta porque caiu partiu-se " por que que ela deixou de escrever ? por que que ela deixou de escrever ? " claro e isto e isto e aquilo e tal e dizia o outro " mas também veja os textos " que aquilo dava não é ? trinta anos a falar sobre sobre a caneta que cada um dizia dava dava cada um dava dava a sua opinião quer dizer / o que sentia o que gostaria de escrever e que não e que não escreveu não é ? que tipo de caneta é que era que permitiria escrever e a caneta não escreveu aquilo que ele pensaria este pensava outra coisa quer dizer e portanto e dali andava-se portanto andava-se à volta daquilo portanto o livro não precisava para nada portanto e trabalhava-se aquilo e digamos que os manuais acabavam por ser uma espécie de auxílio sim auxiliar auxiliar auxiliar da preguiça quer dizer mas mas normalmente fazem de dele o o objecto único da aula que é o grande mal grande mal quer dizer e os alunos não têm a menor paciência pois não e por vezes esses manuais também não são muito pois não e e e com erros graves não é ? pelo menos na área de matemática sim têm erros graves sim horríveis não é ? eu cheguei a ver e depois uma pessoa diz " oh professor mas eu vi isto num num livro de matemática " / / " foi num livro de matemática mas isto está errado " por exemplo neste caso por exemplo recordo no exame de um professor e portanto e até era orientador de estágio / não é ? por exemplo por exemplo hum sei vamos imaginar vamos imaginar este gravador um gravador maior e um pequeno e um sinal de maior não é ? matemático não é ? gravador grande maior que aquele não é maior que aquele porque é o sinal de maior em relação à matemática em relação ao ao número de elementos / isto é um elemento aquele é um elemento não é maior quer dizer mas a noção de maior é em relação a quantidade ao tamanho ao volume ou qualquer coisa não tem nada a ver não tem nada a ver com a unidade que em relação que tem em relação ao cardinal ao cardinal um isto é um aquilo é um quer dizer e os livros manuais utilizavam o sinal maior nesse sentido quer dizer e a ver quer dizer erros gravíssimos não é ? eu vi mas isso não é do ponto de vista conceptual pois é eu recordo-me por exemplo pode ser simplesmente uma perspectiva eu eu eu normalmente não ia visitar escolas ... como são estagiários da universidade do Minho hum hum han porque mas um dia fui fui por curiosidade visitar visitar uma colega que era hum que era colega de um rapaz que trabalhava comigo hum hum que hoje até é deputado do partido socialista e em tantas eu fui ver e estavam a dar matemática fui ver a prova de matemática e até era engraçado por exemplo vamos imaginar portanto que tenho aqui duas flores desenhadas mais uma flor desenhada igual e a professora punha três número três cardinal três hhh mais uma flor igual a três unida hum três unidad três o número três o cardinal três bem disse " como é que você chega à conclusão que duas flores mais uma flor é igual a três ? " ah e pronto e tinha um matemático do décimo segundo ano a caminho da universidade não é ? exato deixe não não diga nada aos alunos deixe-os fazer portanto fazer para ver o que é que eles dizem portanto eles faziam depois duas flores mais uma flor / não eles consideram duas flores mais uma flor igual à três flores eles desenhavam as três flores ah desenhavam as três flores e eles pronto não eram tão burros eles é que tão corretos portanto duas flores mais uma flor é igual a três flores agora se quiser pôr aqui o o cardinal dois duas flores portanto o símbolo dois que representa aquele conjunto mais um daquele conjunto igual a três não é ? portanto assim se está bem / agora duas flores desenhar duas flores mais uma flor igual ao caráter nunca pode dar três flores que tem que desenhar três flores não é ? portanto e isto eram alunos da da universidade quer dizer alunos e raramente tinha uma boa professora de matemática até porque reconheço que ela é uma professora excecional mas normalmente não normalmente quer dizer estou em cima quer dizer não não descem a estes pormenores porque realmente falta de formação didática dos professores / / eles falam muito hoje em teoria curricular e tudo mais e acho muito bem que eu acho interessante geralmente até para uma escola de massas a teoria curricular é é interessante de maneira que eles possam fazer currículos os tais currículos adequados aos alunos mas não têm rendimento no campo didáctico que que realmente alegando alegando que a didática sei é uma é uma e portanto ah cortava as particularidades individuais de cada um portanto era uma aula única para todos mas não quer dizer não precisa ser uma aula única para todos não é ? o que eles têm de eliminar é processos e técnicas processos processos de maneira a chegar aos alunos porque eles não sabem por exemplo dar uma lição de leitura não é ? por exemplo ou então sabem uma forma de quer dizer não eles eles sabem neste momento fazer a lição de leitura como receberam no seu tempo de instrução primária / não é ? a maior parte deles não é ? portanto ah a nível a nível de de/disso não aprenderam nada portanto são capazes portanto de dar um texto ao aluno " " e o aluno não porque a leitura por exemplo eu o que fiz aqui não li pois é porque a leitura que que eu que se entende por leitura é eu conhecer o texto antes ler para ler para o microfone tenho que ler portanto muito muito bem e quando quando faço leitura por exemplo oral que é para um público com certeza tem de ser uma leitura muitas vezes sai aqui quer dizer como sai não é ? portanto sai como sai porque a leitura intelectual permite portanto que pelo menos se faço uma leitura silenciosa ou de outra maneira portanto de maneira que eu saiba de antemão de uma maneira geral aquilo que o texto trata de maneira que eu possa de maneira que eu possa fazer intelectual agora se um aluno " agora tu continua tu continua tu " não leitura aquilo é fracionais é decifrar um código portanto isso não é leitura / / e outro dia veio vieram aqui uns alunos não é ? com prob problemas na escola e mas eu estava aqui e o Ricardo é que disse " olhe ali / / estão ali uns professores e você está mais integrado nisso " " e como é que vocês fazem a leitura ? " " fazemos assim e tal " " e olhe e e você quer dizer se eu lhe der por exemplo costuma ir à missa ? se lhe der assim por exemplo uma bíblia para ler assim olhe ler isto ler isto tinha visto isto nas igrejas ? " " tenho e ... " " e não intelectuais a encravarem-se nessa leituras por quê ? " porque realmente não têm uma uma construção do domínio desse texto não é ? portanto e para ler para um público tem de se dominar para fazer a entoação que deve e tudo mais quer dizer é isso que devem fazer os alunos quer dizer agora vocês começam a ler e tal e depois começam a perguntar não / vai acabar normalmente começam a perguntar ao aluno " o que quer dizer isto ? " e às vezes acontece o seguinte / quer dizer os alunos leram o texto o professor vai interpretar o texto ao fim " o fulano então o que é que quer dizer isto ? " e os alunos nada " o que quer dizer isto ? " nada são não leram não leram não leram portanto e é o que eu digo " vocês têm de fazer a interpretação antes do texto tirar todas as dúvidas do aluno o aluno quando sabe inteletualmente o que vai ler " sabe o que vai ler portanto é que é leitura intelectual expressiva leitura oral expressiva agora se vocês chegam à conclusão com os alunos que todos leram e depois querem fazer a interpretação do texto " então o que quer dizer isto ? " e eles nada eles não leram " é preciso ensinar um código " quer dizer " e vocês não ensinaram porque eles não aprenderam " quer dizer isto quer dizer é que muita gente julga que ensinou quando eles não aprenderam/não aprendem eles o professor pode dizer que ensinou quando o aluno aprendeu claro Não é ? se o aluno não aprendeu o professor não ensinou nada quer dizer e é estes pequenos pormenores que durante três anos de ou escola de educação não não dão aos professores esseesse mínimo não é ? quer dizer e ainda ficam espantados " então ando aqui três anos e nunca me disseram nada disso " realmente agora reconheço que isto é que é lógico que é lógico que é lógico não é ? mas isso acontece em noventa e nove por cento dos casos sim nas escolas superiores de educação hoje não se fala nada de de leitura de de de de nada do cálculo quer dizer eu fiz quer dizer eu fiz eu publiquei um livro publiquei dei-me à ousadia de fazer um livro para o ensino primário de cálculo da matemática não é ? eh vendi mas tenho impressão que na altura fiz o livro para vinte anos depois é que hoje era capaz de cheguei por exemplo punha por exemplo matemática em bases diferentes / não é ? na base dois na base três na base quatro na base cinco e as pessoas tão habituadas à base dez que é a dezena não é ? portanto e não na sua mentalidade não outra possibilidade de contagem não é ? portanto " ah isso é muito avançado " " oh ele tem a mania oh oh oh " é muito complicado um livro interessante um livro interessante acabaria com todo o tradicionalismo não é ? exato e o terceiro ano então é um livro muito revolucionário logo nas primeiras páginas que foi minha asneira hhh devia ter começado a montar de mansinho hhh do que eles levarem com aquilo tudo e tal e portanto até tenho um livro publicado pela pela pela Plátano que na altura editora que ninguém ninguém ninguém entrava no primeiro no primeiro ano eu cheguei a ir ao hotel Altis fazer uma sobre o livro não é ? ai sim ? professor mas quer dizer vendeu-se mas não se vendeu assim como esses do do mali do olifante maior que o elefante pequeno / não é ? hhh esses é que se vendiam porque a livraria é que portanto normalmente isto acontece é que o quem vende o livro é o é o livreiro sim sim e ele diz ele diz " isto é que está a dar " pode ser uma porcaria mas este mas este dá-lhe trinta por cento e a Plát e a Plátano dava vinte o da Plátano é guardado e vende-se o da Porta Editora vende-se outro não é ? e é isto quer dizer mas / é uma pena quer dizer e então é o que eu digo : e eu que entrava quer dizer cientificamente nisso / quer dizer para o aluno para o aluno e eu faço isso com os alunos eu fico espantado quando a professora me diz assim " olha este é deficiente assim e assado " e eu tenho experiências fantásticas

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