Em construção

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Esteja ou não interessado em culminar o seu trabalho com uma edição do texto [...], o geneticista tem de começar por recensear e estruturar as peças que constituem o ante-texto. Na prática, isto faz-se através da construção do dossier genético do texto, que é “o conjunto de todos os testemunhos genéticos conservados de uma obra ou de um projecto de escrita, classificados em função da cronologia das suas etapas sucessivas” (Grésillon, 1994: 242). Um exemplo sugestivo de dossier pode ser apreciado no site da Biblioteca Nacional de Portugal dedicado a Alberto Caeiro [...]: desde 2006, a totalidade das peças que constituem o dossier do Guardador de rebanhos pode ser consultada em linha, através do fac-símile e de transcrições, com explicitação do relacionamento genético entre as peças. Castro 2013: 199.

d. Dossier (e atribuição) Este é o nome que se dá ao conjunto de documentos que o autor produziu durante a criação de uma obra e que devem servir de matéria-prima à edição. Fazem parte do dossier não só o ante-texto propriamente dito, ou seja os sucessivos originais desde o primeiro borrão até à cópia mais acabada, como também material anexo como projectos, ensaios, fichas e correspondência, e ainda os materiais tipográficos. Localizar todo esse material, que pode estar muito disperso, descrevê-lo, descobrir as relações de parentesco e a cronologia interna das diversas peças, para reconstituir a génese da obra através dos suportes materiais por que ela se foi definindo: essas são as tarefas principais da constituição do dossier. No caso de Pessoa, o dossier tanto pode ser de uma obra (o dossier de The Mad Fiddler), como de um autor (o dossier de Campos ou de Reis). A dificuldade principal não muda: saber o que pertence ao dossier, apesar de não estar intitulado ou assinado. Castro 2013: 329-330.