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Conjunto de testemunhos de uma
Por transposição da origem metafórica do termo stemma codicum, as relações estemáticas entre os testemunhos podem ser designadas, no discurso crítico, relações genealógicas (Dionísio 2007: 122) e mesmo, por vezes, impropriamente, relações genéticas (Tavani 1993: 230). Esta última designação deve ser evitada, uma vez que se distinguem hoje, com clareza, os dois processos: a
C. S.
Família: conjunto de manuscritos que derivam de um mesmo ascendente ou codex interpositus (quer seja arquétipo ou subarquétipo), diferente de outro conjunto de manuscritos. A existência de uma família de manuscritos é atestada pela presença de um ou mais erros significativos em todos eles.
FAMÍLIA - conjunto de manuscritos que dizem respeito a um só capostipite ou codex interpositus (quer seja arquétipo ou subarquétipo), diferente de outro conjunto de manuscritos. A existência de uma família de manuscritos é atestada pela presença de um ou mais erros significativos em todos os seus elementos.
Sabia Carolina Michaëlis por informação verbal de D. Ramón Menéndez Pidal que o manuscrito português da Academia era da família do manuscrito castelhano da Crónica de 1344 conservado na biblioteca de D. Francisco Zabálburu (U). As divergências de redacção, bastante importantes, entre o códice de Paris e o de Lisboa levaram-na a crer que o primeiro pertencia à família do manuscrito 2-M-5 da Biblioteca Real de Madrid (idêntico a T-282 da Biblioteca Nacional), que contém uma Refundição da Crónica de 1344, feita no século XV, provavelmente em Toledo (21).
Uma exposição e comparação pormenorizadas do conteúdo de uma e outra família de códices vai revelar-nos como, a partir do texto primitivo, se fez a segunda redacção.
A hesitação de Menéndez Pidal, traduzida na alternativa que apresenta, compreende-se imediatamente se atendermos a que manejava não só o manuscrito M, como também UQ, cujo conteúdo Carolina Michaelis não conhecia. É certo que a ilustre investigadora, informada pelo próprio Menéndez Pidal, pudera em 1920 indicar que o manuscrito de Lisboa derivava de U, ou, melhor, de um códice da família de U e Q, um pouco diverso de qualquer deles, segundo a opinião do romanista espanhol expressa no artigo de que me ocupo (26).
Não voltarei a insistir na existência de derivações independentes do mesmo original, de que o caso considerado é um exemplo. Limitar-me-ei a observar, quanto às relações com a Quarta Crónica Geral, que esta deriva de uma tradução antiga de Rodrigo mas não é essa tradução. A tradução depois interpolada para formar a Quarta Crónica foi identificada por Sánchez Alonso no artigo que Th. Babbitt cita e, como nesse artigo se diz, não se afasta essencialmente do original latino depois do trecho consagrado aos infantes de Lara, mesmo em certa família de manuscritos que, não contendo ainda a Quarta Crónica na sua redacção definitiva, já não conservam a tradução original no seu estado mais puro (157).
Há, como atrás disse, três códices castelhanos completos e vários parciais da segunda redacção da Crónica. Não utilizei directamente esses códices. Servi-me de uma cópia de U — o melhor manuscrito desta família — devida a T. Navarro Tomás e já preparada por outros colaboradores de Menéndez Pidal para a próxima edição do texto castelhano.
Não utilizei directamente esses códices. Servi-me de uma cópia de U —» o melhor manuscrito desta família — devida a T.
Paralelamente a este, há um outro tipo que se encontra, por exemplo, numa família dos manuscritos de Plutarco, onde o ritmo, no final de uma oração, é adaptado aos hábitos bizantinos (vd., a propósito, P. Maas, Greek Metre, 1962, § 23).
Quando, por outro lado, um único manuscrito apresenta uma série de variantes marginais que correspondem às que são conhecidas a partir de um outro manuscrito ou família, isso é um sinal de contaminação.
O objectivo agora é determinar qual dos manuscritos ou famílias de manuscritos são mais independentes uns dos outros, pois estes devem ascender de forma muito directa até às fases mais antigas da tradição que pudermos alcançar e devem ser as fontes mais fecundas de lições antigas.
Para famílias de manuscritos ou hiparquétipos reconstruídos, utilize as minúsculas gregas ou latinas. É melhor recorrer às letras gregas em edições de textos latinos e vice-versa.
Com o fim de uma classificação de textos, o motivo da Corte de Constantinopla pode assumir no caso dos romances de cavalaria ibéricos carácter decisório. Conforme intervenha ou não na trama e de acordo com o relevo que lhe é dado, assim a narrativa caberá mais num ou noutro ramo da família, com todas as consequências estilísticas que a escolha implica.
Dotada agora de um instrumento funcional apto para descrever a história da transmissão de um texto (a sua tradição), a crítica textual continuou a progredir, depressa se chegando ao método dos erros comuns, ainda hoje conhecido por «método lachmanniano», e que parte do postulado de que a semelhança de lições erradas existentes em testemunhos diferentes se deve ao facto de eles terem tido uma origem comum; baseado ainda no estema de dois ramos (o ramo «bom» e o «mau»), este método, que foi erroneamente atribuído a Karl Lachmann [Froger 1968, p. 42], terá sido na realidade desenvolvido (empiricamente) pelos medievalistas Gustav Gröber (1869) e Gaston Paris (este, na sua edição da Chanson de Saint Alexis, 1872), e sobretudo por Paul Lejay (1888), que desenvolveu a ideia de que os erros comuns a vários testemunhos permitiam constitui-los numa família.
Aproveitando as contribuições de outros filólogos, o alemão Karl Lachmann elaborou um novo método de aproximação aos textos — inicialmente aplicado à tradição bíblica e a obras da antiguidade clássica e da Idade Média alemã — que consistia na aplicação à crítica textual do princípio de maioria: a comparação objectiva entre os diferentes testemunhos permitiria fixar as relações entre eles e, na base dos erros comuns, reuni-los em famílias (isto é, em grupos, cada um dos quais deriva de um antecedente comum, ou «subarquétipo») e identificar também as relações entre estas famílias, que podem ser representadas graficamente num «stemma codicum» ou «árvore genealógica» (...)
A coincidência num erro entre os códices que representam duas famílias contra os representantes duma terceira família (e não interessa, obviamente, que a terceira família seja documentada por um número de testemunhos maior que as outras duas, pois todos eles remontam ao mesmo subarquétipo, e portanto devem ser considerados, conjuntamente, como um só testemunho) autoriza o editor a atribuir esse erro ao arquétipo da tradição (isto é, ao manuscrito perdido — que porém nunca se identifica com o original — que está na origem de toda a tradição: ω no stemma de cima), e a considerar as variantes da terceira família como inovações introduzidas pelo «subarquétipo» do qual esta família, no seu conjunto, é a continuação.
A preparação de uma edição crítica exige — no caso de tradição plúrima — a classificação dos testemunhos e a fixação das relações genéticas entre eles, representadas graficamente no «stemma codicum», a eliminação das cópias tiradas de manuscritos disponíveis (na base do referido princípio segundo o qual cada cópia acrescenta erros aos seu exemplar: «eliminatio codicum descriptorum»).
Mas a discussão, em termos rigorosamente filológicos, da genealogia dos cancioneiros galego-portugueses tem como ponto de partida o stemma (e a sua fundamentação) fixado em 1967 por Tavani (...)
A família α pode, na prática, ser reconduzida apenas ao manuscrito Ta, podendo considerar-se como descritti todos os outros códices que pertencem ao mesmo ramo; o grupo β apresenta-se, pelo contrário, articulado em diferentes planos, o que permite a reconstrução segura do subarquétipo.
A este respeito escrevem Spaggiari e Perugi: "Das cinco passagens, que Bédier reconhecera como erros comuns da família z, nenhuma é aceita por Paris, que considera as lições não significativas aos fins estemáticos. Portanto, ficando não demonstrada a efetiva existência duma família z, o estema de Bédier resulta invalidado" [p. 46-47]. (…)”
Dito de outro modo, se o stemma é um auxiliar na constituição do texto, mas, por outro lado, antes da apresentação das relações de genealogia, já sabemos quais são as formas genuínas, o stemma deixa assim de prestar auxílio para aquele fim específico.
Mais difícil de explicar é a reprodução por C do erro de L em 58. O facto de E3, testemunho contaminado, apresentar o mesmo erro pode abonar a favor da sua presença em β ou noutros testemunhos perdidos da mesma família. Não há dúvida de que não foi L o manuscrito usado na contaminação, visto que, quando E3 se afasta da lição da sua família, se aproxima mais da lição de S2 do que da de L, cujas variantes e erros privativos nunca reproduz, excepto neste único caso.
Ao texto sobre a Ressurreição não podem ser aplicadas as relações de filiação que acima expus. Na verdade, o texto não tem qualquer parentesco com os manuscritos da família B2.
Relação de dependência entre dois testemunhos de uma tradição textual ou entre um testemunho e um grupo (
Acto de propor a relação de dependência que constitui uma família de testemunhos.
O conceito de filiação é estemático (v.
C. S.
T. Braga, ao estudar as relações do Cancioneiro da Vaticana com «outros cancioneiros dos séculos XIII e XIV», apresenta uma «tentativa de filiação de todos esses cancioneiros em um schema...» que, naturalmente, estava destinado a achar «contradictores» (1878, XCIV-XCVI); C. Michaëlis no vol.II da sua edição do Cancioneiro da Ajuda (286-88), depois de enumerar as concordâncias e discordâncias existentes entre o cancioneiro A e os apógrafos italianos, traça a primeira representação esquemática das relações de conexão e de derivação entre os códices conservados e «aquelles cuja existência em tempos passados está mais ou menos authenticada por parcas noticias históricas»
A metodologia que segui baseou-se inicialmente nos métodos usados em crítica textual com vista à determinação da filiação dos testemunhos, e que aí se aplicam numa primeira fase do trabalho crítico, a recensio.
A realização do cotejo exaustivo impunha-se ainda em face de um outro dado (a que tanto Dinis (1949) como Prestage (1896) já tinham dado relevo: a cópia do explicit de 1470, presente em G e ausente em C. Visto que os restantes manuscritos também diferem quanto a este aspecto (CC1? CC2 , L2 e A2 não têm cópia do explicit, que aparece em A , M e AC), coloquei como hipótese inicial uma possível correspondência entre a ocorrência do explicit e a diferente filiação dos testemunhos, isto é, haveria um ramo da transmissão representado pelos manuscritos com o explicit de João Gonçalvez, diferente do representado pelos que o não têm. E preciso, porém, notar que a ausência do referido explicit não constituía, como é óbvio, indício suficientemente forte para conjecturar sobre a filiação, visto que tal ausência num dado manuscrito não implica ausência no modelo copiado.
Esta ocorrência única não é, evidentemente, suficiente para se] tirarem quaisquer conclusões sobre a filiação, indiciando apenas de forma muito ténue uma relação mais próxima entre L1, A1 e M e, talvez, o destaque de CC dentro deste grupo de manuscritos que s inserem num mesmo ramo da tradição.
Prova decisiva da filiação deste manuscrito parece ser uma das notas marginais, que ocorre em L1 e M, com lacuna não material neste último, como já referi (1.6.7.):
[nota marginal, Liv.I, Cap.III} Esta D. Brites foi o 3.° matrim.0 e hera filha / de fernão mlz cout.0 jrmão deste Marichal. / que a filha do Marichal se chamaua D. / Fellipa. e morreo antes de fazer uida / com o conde, indo ga Cepta. como / consta desta coronica no Cap.° 6 / do L.° 2.° (L1)
Esta dona Britis foi / o 3.° matrimonio, e era / f.a de fernã rriíz coutinho / jrmã deste marichal, q / a f.a do marichal se / chamaua d. Felipa / e morreo antes de fezer / vida com o conde indo / para Ceuta da Crónica / no cap.6 do liu.° 2. (M)
Não se encontrando esta nota em A1 , mas apenas em L1 , copiada por letra diferente do texto e noutra tinta, parece claro que M será cópia de L1 , feita depois de o códice ter sido anotado.
Remetendo para um momento posterior a exposição dos motivos que me levam a considerar Ta o único representante do ramo que deve ser tomado em consideração para efeitos de constituição do texto, examinemos agora as relações deste códice com o subarquétipo β. Tendo-se tornado evidente, a partir da Tábua XII, que Ta, o qual não apresenta nenhuma das variantes de p, não tem com este uma relação directa de filiação, fica ainda por excluir a possibilidade inversa (derivação de p de Ta). Para tal, apresento a lista completa das variantes singulares de Ta, ainda que estejam todas registadas no aparato.
Ao texto sobre a Ressurreição não podem ser aplicadas as relações de filiação que acima expus. Na verdade, o texto não tem qualquer parentesco com os manuscritos da família B2.
Não me ocuparei aqui da filiação dessas edições em relação à Ática, nem do papel extremamente importante que esta continua a desempenhar, como fonte do texto «oficial» e único, embora não imaculado, a que a crítica e os leitores têm hoje acesso.
Face a um tal corpus, representativo da passagem do tempo, o primeiro trabalho do editor consiste em ordená-lo cronologicamente, em encontrar o fio que relaciona os diversos testemunhos de cada texto, determinando a sucessão cronológica das peças e, dentro de cada uma, se for o caso, determinando a estratificação das diversas campanhas de revisão. Implica isto procurar situar o tempo de cada peça (para o que, infelizmente, as datas autógrafas de Pessoa, tantas vezes fictícias, pouco servem); mas mais importante é provar as relações de filiação entre as peças, o que é facilitado pela análise dos erros de cópia.
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