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Entrevista_de_DS

Jovens adultos descendentes de imigrantes africanos em (dis)posições de destaque: um estudo sobre percursos de mobilidade ascendente entre as minorias

SubtítuloEntrevista com DS
Data2017
Sexofeminino
Idade: 30
Nível de formação: Licenciatura
Ocupação: relações públicas

Idade?

30 anos

Escolaridade?

Licenciatura em relações publicas e comunicação empresarial.

Nacionalidade?

Portuguesa.

E não tens mais nenhuma?

Não.

Profissão?

Vendedora na loja do Ikea.

Filhos tens?

Não.

Casada?

Também não.

Irmãos, quantos irmãos tens?

Tenho mais 3 irmãs.

Idades?

Não.

E não tens mais nenhuma?

Não.

E não tens mais nenhuma?

Não.

E são contactos que ainda manténs ou ...

Mantenho com uma. As outras fui eu que fui desligando. Mas nos vamos falando especialmente quando fazem anos, vamos falando e perguntando. Três ainda vamos falando, mas havia uma que era muito fechada, pois era mesmo a maneira dela ser, ela era também filha única, era muito virada para os estudos, não gostava de sair e passear, e eu sempre gostei de sair e de conviver com os amigos. Era mesmo a maneira dela ser e nós respeitávamos, mas o que queríamos era conseguir chegar ao fim, mas aquela amizade da faculdade não. Depois tive duas que foram para fora, quando foram para Inglaterra foram fazer outro curso, entretanto a gente vai falando mas não é a mesma coisa, passaram alguns anos.

Depois na faculdade já estavas a trabalhar, com que idade começas-te a trabalhar?

Eu na altura trabalhava em part-time. Mas é assim eu antes de ir para a faculdade no 12º ano trabalhei na telepiza onde era supervisora. Depois quando entrei para a faculdade fartei-me de trabalhar na telepiza, era muito nova e tinha muitas responsabilidades e quando fartei tinha juntado um bom dinheiro. Quando fui para a faculdade tive dois anos sem trabalhar, não precisei. Depois no terceiro ano as coisas apertaram porque eu decidi que não era tanto para pagar a faculdade, mas mais para eu ter as minhas coisas, passear, tirar a carta de condução, essas coias por isso é que eu optei por começar a trabalhar. Fiz um part-time na Decathon e pronto comecei por na Decathon. Depois quando terminei o part-time estava no terceiro ano, e no quarto ano quando acabou o contrato que fizeram depois fui para o Ikea, e desde então estou no Ikea.

E não estiveste nenhum período desempregada sem ser aqueles dois anos em que estiveste?

Sim, não estive.

Por opção?

Sim por opção. Na altura na faculdade não dava muito jeito. Inicialmente não deu muito jeito, porque estava a tentar entrar, e como eu estava a dize eu fui muito habituada a nunca estudar e na altura a faculdade puxou imenso por mim. E nós tínhamos ma coisa entre as colegas, que trabalhasse tinha de estar disponível para fazer os trabalhos, e nós tínhamos muito trabalho. Na altura optei por não ir trabalhar, mas depois chegou uma altura em que tive mesmo de ir.

Como é que era o sistema da licenciatura, era em regime parcial ou o dia todo?

Era o dia todo. Eu lembro-me de não ter tardes livres e ficava na escola o dia todo. Era ótimo se fosse uma manha ou tarde, mas não ali era o dia todo. Foi um bocado secante, se soube-se o que sei agora acho que não tinha feito o que fiz. Não porque o curso depois quando me apercebi era um bocado tarde. Mas eu na altura quando sai da escola do secundário, o que eu queria era não começar a trabalhar logo. Mas fui para um bom curso, mas ao longo do tempo eu disse, puxa isto é um bom curso em que a gente matasse a estudar, mas não temos muitas saídas, em relações publicas não . Quer dizer pode haver, mas tu tens de batalhar muito e começar em coisas muito pequenas e passar muito mal durante um tempo para depois se por acaso encontrares, porque aqui em Portugal ainda não está, não muita saída ainda. Por exemplo, eu trabalho no Ikea e um relações públicas, mas que veio de fora, portanto é muito complicado e eu vejo na minha empresa. Pronto na mesma fica o conhecimento e isso é que importa, e pronto vou participando também em projetos e coisa assim.

Porque é que optas-te por relações publicas e porque é que enveredas-te por essa área?

Na altura em que acabei a escola, porque eu a partir do 9.º ano segui a área de estatística, e quando segues a área de estatística infelizmente não muitas saídas, as eu sempre gostei do curso de relações publicas, tanto que eu candidatei-me para publicidade e marketing, era tudo na mesma área, relações publicas. Na altura foi estes dois que me lembro, e outro que foi recursos humanos também, que são áreas todas interligadas, e pronto foi consoante a minha opção. E pronto fiquei logo colocada ali na escola, e eu olha bacano, ainda por cima aqui em Benfica, foi muito fixe e foi esse o seguimento.

Como é que tiveste conhecimento do curso?

Através dos meus colegas do secundário. Havia uma colega minha que a gente era muito amigas. Então nós antes de irmos inscrever para a faculdade sentávamos e íamos ver para que o nosso curso serve e o que é que a gente gosta. Então quando me inscrevi não fui à toa, fui à internet pesquizar as saídas e também fizemos testes psicotécnicos, e embora não tenha acusado nada da minha parte, mas eu vi, achei interessante e segui.

Achas que se não fosse esta área, que outra área é que seria?

Se calhar queria ir para recursos humanos. Mas quem sabe não tiro um mestrado na vertente e possa ainda estou a pensar, este ano estive a pensar, mas ainda não vai ser este ano vai ser para o ano. Mas ainda vou ver porque os mestrados são um bocado caros e pronto não é uma coisa que precise para , e depois quem sabe eu não siga.

Como é que começas-te a trabalhar no Ikea? e porquê a mudança da Decathon para o Ikea?

porque eu inscrevi-me na altura, e como são empresas que admitem part-times e conciliar o estudo com a escola, foi por isso que eu inscrevi-me e é perto de casa. E também conhecia pessoas que trabalhavam na Decathon no Ikea, e disseram-me que era uma empresa muito interessante e ate hoje estou . Estou e gosto de estar , podia estar a seguir a minha área, mas sinceramente não tenho procurado porque sinto-me em onde eu estou. Eu gosto não tanto do trabalho em si porque por vezes o trabalho pode ser um bocado ingrato, mas como tenho uma excelente equipa a gente dá-se muito bem e somos amigos e pronto de ano para a ano também vamos evoluindo. Eu neste momento ainda trabalho a part-time, mas fui a full time mas pedi part-time agora, que é para poder tentar outra área, e ter as tardes livres para conseguir encontrar um trabalho se canhar na minha área, tenho estado a procura mas até agora não me agradou nada. Não porque se for para mudar que seja para melhor. Porque agencias que pedem-te mas é para um part-time recebo um valor que é melhor do que fazer um full time numa empresa, não compensa na minha opinião.

Tendo em conta que tens irmãs professoras porque não optas-te em ir para essa área também?

Eu nunca gostei. As minhas irmãs... pronto não sei dizer porque é que elas, lembro de termos um quadro e de estarmos sempre a brincar, mas eu não o ensino nunca. Mas também esta eu tenho jeito também para vendas, pra escritório, tenho jeito para isso, para contabilidade, a minha área não tem nada a ver com a educação, eu não gosto. E aliás as minhas irmãs são professoras e a minha irmã também cuida de crianças, mas eu não tenho jeito mas não tenho paciência, aturo mais adultos risos.

hobbies o que fazes nos tempos livres?

Ora o que é que tenho feito, eu antes quando estava no tempo da escola jogava a bola, futebol. Depois quando fui para a faculdade a gente jogava futebol fazíamos imensas atividades na altura. Porque eu também ia muito ao moinho e a gente ia acampar, mas assim desporto na altura era futebol. Mas depois fui para a natação, quando cheguei a faculdade disse que tenho de aprender a nadar e fui para a natação. Entretanto ultimamente tenho ido mais é ao ginásio e também estou no jiu-jitsu.

é o teu desporto?

É, mas tento fazer qualquer coisa para ficar ativa. Vou ao Jiu-jitsu duas vezes por semana, ginásio tento ir três vezes, mas muitas vezes acabo por ir três vezes.

E já me tinhas falado do teu gosto pela área do desporto, porque não seguiste desporto?

Desporto... eu não sei se tenho paciência de ir estudar outra vez. Eu conheço pessoas e tenho colegas meus que seguiram a área do desporto e não estão colocados. Conheço muita gente qui em Portugal que infelizmente não está colocada e isso desmotiva um pouco e eu agora s for seguir uma carreira vou conciliar com o curso que tirei vou aumentando e vou tentar conciliar com outras áreas. Porque eu agora não tiraria outro curso, para não. Tenho um bom curso e uma boa base depois se quiser posso ir fazer mestrado numa coisa ou noutra e ir tentar uma coisa fora, não sei se calhar ainda estou um bocadinho perdida por não ter responsabilidade e morar comos meus pais e não ter casa para pagar, então não ando a ligar muito a isso.

em termos culturais o que gostas?

Eu não gosto de ler mas vejo muitos filmes e ouço muita musica.

Que tipo de música?

Eu sou da altura do R e B, soul, gosto muito de ouvir musica africana claro, musica caboverdiana, kizombas, afro-house gosto dessas coisas também. Mas sim eu vejo muitos filmes também, eu por dia sou capaz de ver dois filmes. Goto muito de estar em casa parada, mas também gosto muito de sair à noite ao fim-de-semana, pronto é isso.

Nunca pensas-te fazer nada ligado ao cinema?

Eu gosto de ver filmes. Não sei as vezes são aqueles sonhos que a gente tem mas a gente acaba por não. é interessante ser atriz, mas aqui em Portugal tem saída? Não. É difícil e cabo por desistir um bocado. Mas pronto não é um sonho, eu sempre gostei de se for a pensar naquilo que queria ser quando era pequenina, sim gostava de ser tropa, brincava muito de ser de administrativa e é a área em que mais ou menos estou no Ikea. No Ikea tenho a função de comunicação, de comunicar na minha secção tratar dos cartazes, ver como é que o cliente a loja embora eu também venda, depois também estamos nos pontos de informação, mas depois também temos as nossas funções e essa também é a nossa função. Pronto até agora o que é que eu disse tenho levado a vida assim desta forma, ajudo muito a minha mãe em casa também porque ela tem dificuldades e pronto tem sido assim a minha vida. Trabalhar ajudar em casa, viajo muito, gosto de passear, não tenho responsabilidades, não tenho filhos, tenho namorado, mas não penso em ir morar com ele para e pronto futuramente logo se . Por enquanto é assim.

Estavas-me a dizer que viajas muito, que países conheces? E porque é que conheceste?

Viajo muito, não vario muito, mas viajo muito para os mesmo lugares. fui muitas vezes a Espanha, fui à Holanda muitas vezes, França, Estónia, Escócia, Polonia Inglaterra e cabo verde também, e pronto gostava de conhecer a Itália também. Pronto também viajo muito porque tenho familiares fora e então enho possibilidade de familiares e amigos, consigo viajar sem ter de pagar a hospitalidade e então fica mais barato. Sim todos os anos tento sair e tento dar uma volta. Este ano vou para a Holanda. Quem sabe eu gostava e ir a Itália, mas ainda estou a estudar a hipótese, porque eu não conheço Itália e gostava de conhecer no sentido histórico mesmo ver, gosto de conhecer os lugares. E também relação aos filmes que gosto de ver coisa históricas, os filmes que gosto de ver são coisas de época, adoro, filmes afro-americanos também adoro. Não gosto de ver filmes de terror nada dessas coisas, que contem historia, pelo menos que sejam coisas em que a gente aprende alguma coisa.

Nas viagens que fizeste o que é que temais surpreendeu na cultura?

Gostei de conhecer Inglaterra Londres. Fiquei parva por os Ingleses roubarem uma data de coisas aos outros países, pois eles têm museus construídos com coisas de outros países risos. Gostei de conhecer Inglaterra, gostei das noites de Espanha, é mito fixe em Madrid e no sul de Espanha também estão na berra. Gosto de conhecer coisas novas.

Nas Estou a presumir que as viagens foram todas em lazer?

Sim, nada em trabalho.

E mais ou menos com que espaço de tempo é que fazes?

Quando fui para Inglaterra para conhecer Londres fui por uma semana. Cada dia tinha um livrinho que dizem os museus e os sítios onde podes ir visitar. Foi através desses livros que eu me guiava. Até na Inglaterra combinei com uma amiga minha da escola do secundário, que era esta que a gente estudou na mesma faculdade. Mas eu não podia ir ter com ela porque não tinha tempo, e não é engraçado. É uma terra muito fixe pois tens muito lugar para explorar e conhecer. Na Escócia o povo também é fixe e tem lugares históricos, mas não tem tanto. A simpatia do povo e é mais para fazer compras, mais na Escócia do que em Inglaterra. A Inglaterra tem ainda muita mistura de raças que me faz confusão, mas é fixe, é um bom lugar para conhecer. Pronto a Holanda não conheço muito bem, mas agora vou conhecer melhor. Também tive na Alemanha, à Estónia e Polónia fui em intercâmbios. A gente conhece, vamos passear, mas eram intercâmbios de adultos não crianças, era grande e maior de idade quando fui, foi interessante.

E como é que soubeste desses intercâmbios?

Através da associação do Moinho da Juventude e o outro foi numa associação que um primo meu trabalhava que é em Lisboa. Ele arranjou um bilhete e eu queria era ir à Estónia conhecer, porque ele fez um serviço voluntário na Estónia, e é interessante. A Estónia não tem muita história tem mais é natureza, estranham imenso quando veem um black e pronto.

E a viagem a cabo verde?

A viagem a cabo verde a primeira vez fomos todos em família para ir conhecer os locais que os pais nos queriam mostrar onde é que eles nasceram. Eu acho importante, e eles tem casa e fui várias vezes pelo menos cinco vezes fui a Cabo Verde. Vamos sempre que podemos. que a passagem , eu as vezes penso mais será que vou para cabo verde ou para outro sitio, prefiro ir para outro sitio do que ir par Cabo Verde às vezes. risos.

E porquê?

Por causa que as passagens são muito caras e para ires para cabo ver alem disso tens que levar bastante dinheiro porque o nível de vida é caro, e pronto tens de levar dinheiro e tens de ter dinheiro porque tens de passear com os teus familiares e eles não tem dinheiro e estão sempre à espera, e outras coisas além do calor e sei , eu a última vez que fui não gostei muito em por isso fiquei um pouco traumatizada.

E o que achas que em cabo verde é diferente da cultura portuguesa?

Aqui n Buraca tem muita coisa de cabo verde. Portanto eu cresci praticamente no meio da cultura cabo Verdiana. Os meus pais falam crioulo em casa, mas eu não falo em crioulo com eles.

E porque é que não falas crioulo em casa?

As minhas irmãs mais velhas falavam. A minha avó morava connosco e falava com elas crioulo. Quando eu nasci e a minha avó faleceu tinha 3 anos, mas as minhas irmãs eram grandes e sabiam falar e eu, portanto não apanhei o crioulo, mas sei falar bem, mas habituei-me a falar português. Mas falo muito bem crioulo, que é o habito de falar português. Foi o hábito aqui na escola, na altura aqui na Buraca tinha muitos brancos, e na altura falava-se português aqui na Cova da moura e eu sempre tive muitos amigos brancos também. Então a gente lidava mais com brancos, ou seja, na escola é mais com brancos, mas fora da escola era assim. Mas sim eu identifico-me muito com a cultura caboverdiana, sigo imenso, mas também sei separar bem. No trabalho por vezes ate posso brincar, mas os meus colegas sabem perfeitamente que não tem nada a haver e até vem perguntar, eu sei que é claro pois está ali a cor da pele, sei la acho que da para separar bem. Acho que pessoas que estão sempre e que se conseguem fechar-se, eu não, consigo-me integrar não acho que sim.

Achas que a cultura caboverdiana que conheces em Portugal ´similar à cultura caboverdiana em cabo verde?

Eu acho que sim. Primeiro a gente que as pessoas que saíram de Cabo Verde e vem para não sabem falar português. Seguem as mesmas coisas, aqui mais facilidade, tem as lojas perto e tudo mais, mas pronto cozinham da mesma maneira , trabalham no mesmo tipo de trabalho que trabalhavam em Cabo Verde. Pronto acho que é muito parecido, especialmente esta ultima geração que veio, é uma geração que tem uma mente muito fechada e que não se integra muito com o pessoal. Os que vêm agora ficam muito fechados e não querem ou tentam se integrar na cultura, falam crioulo. Mas pronto acho que se for-me restringir aqui a Cova da Moura vejo que as pessoas vivem muito consoante as pessoas vivem em cabo verde, o estilo de vida, o que fazem para ganhar a vida, as coisas como levam a vida é tudo a mesma coisa é tudo igual.

O que é que Achas que os teus pais te transmitiram que é a cultura caboverdiano?

Primeira coisa a humildade, a horta. risos. Mostraram sempre como se cultiva, não em jeito de necessidade, mas em lazer. Mas mostram-nos sempre as coisas como elas são. Humildes, aceitam tudo, mesmo que não queiram aceitam par parecer bem, é nesse sentido. Foram os valores que nos passaram. Como foram criados em Cabo Verde foram os valores que nos passaram. Mas depois deixaram-nos a vontade para a gente abrir os horizontes, sempre nos incentivaram para a escola, embora não sabendo sempre nos incentivaram e ir para a faculdade financeiramente, mesmo não sabendo o que estávamos a fazer, sempre nos apoiavam, e isso é importante. Acho que nos deram e transmitiram boas bases, senão nenhuma de nos tinha continuado na escola. Não percebo como é que conseguiram, mas o facto é que conseguiram. Sim o meu pai, acho que foi mais o respeito, pois se pensasse fazer qualquer coisas de errado, via logo imagem do meu pai.

Como é que vês a cultura portuguesa?

Como assim?

Identificaste com a cultura portuguesa? As maneiras de estar?

Eu antes digamos que no tempo da escola e da faculdade tinha outra ideia. Agora hoje em dia a gente começa a mudar um bocado a ideia, não sei. Mas eu pelo menos andava com brancos e os meus amigos eram brancos, mas agora cada um seguiu a sua vida e digamos que fui eu que desapareci também. Porque eu tenho muitos amigos black e mantive-me por aqui. Eu acho que com os portugueses sim, não todos, mas a grande maioria tentam compreender e cada vez mais vês que existe uma grande união entre brancos e pretos, o pessoal agora anda todo junto, cada vez mais vemos casqais na rua juntos. Quem consegue estar e quem se consegue integrar digo eu, porque os nossos pais também vieram para era uma cultura diferente, primeiro tiveram que aceitar mas depois tiveram que se habituar. Eu acho que me integro onde é que vou, num restaurante ou numa loja, aceitam-me bem não vou dizer pelo tom de pele, mas é mais na maneira de estar. Mas isso é como em todo o lado se no meu trabalho me aparecer um branco todo roscof mal vestido ou um preto igual, acho que iria ser tratado da mesma forma. Não vai ser tratado de forma, ou seja vou trata-lo d outra forma vou ser mais humilde falar mais devagar, pronto é o que estou a dizer, acho que não diferenças, mas pessoal com a mente fechada e racista, e isso não se pode fazer nada, cada um tem a sua mentalidade. Não sei se é nesse sentido que estavas a perguntar?

Também podia ser, mas agora queria saber como vez a cultura num aspeto mais geral?

Oh eu não sei mas acho que tenho uma mente muito aberta.

tendo em conta que já visitaste muitos países...

Para mim os portugueses estão muito fechados e acho que aqui em Portugal, eu sinto as vezes que fui criada aqui no bairro que fomos criados de uma forma muito fechada, porque muita coisa la fora que a gente não sabe. O pessoal tem a mente tão aberta, coisas simples e pensam uma coisa, enquanto que nos não o povo português complica. Eu vejo no meu trabalho, a gente diz que uma coisa funciona desta forma e as pessoas tem dificuldade em aceitar, tipo cenas simples, e isso às vezes é um obstáculo a este país, ao desenvolvimento. Sim o pessoal tem a mente fechada é verdade, mas pronto mesmo assim começas a ver pessoas que querem empurrar, mas mesmo assim vês que é um povo que ainda precisa de abrir muito a mente e se calhar de sair e perceber outras coisas, é de mente fechada.

Conheces Portugal de alto a baixo?

Conheço. Bem, bem não conheço, mas conheço bastante as zonas. Conheço bem o Alentejo o Algarve e conheço bem a zona do Porto, Serra da Estrela, essas coisas assim. Mas conheço bem principalmente o Alentejo, o Algarve

Em que é que te identificas com a maneira de estar portuguesa com a cultura portuguesa em geral? Porque é que achas que és portuguesa?

Em que é que eu me identifico... na comida risos deixa-me pensar. Eu acho que o povo português é um povo fechado, um povo ate simpático, e eu nisso identifico-me. Mas certas coisas que eu as vezes acabo por não me identificar, porque eu ou uma pessoa com uma mente tão aberta, mas depois poo ser injusta pois se vou ver pelos meus amigos, sim somos um povo de braços abertos penso eu. Se for ver pelas pessoas que eu conheço por aquilo que eu convivo, na cultura portuguesa eu acho que é mais a comida, na área da musica detesto musica portuguesa, pronto tem la o fato, mas eu não gosto de ouvir fado. Gosto da historia do nosso país, mas sim certas coisas que não me identifico principalmente a corrupção que tu vês politica em Portugal, cenas de racismo que a gente assiste, pocha isso mete-me nojo, eu não aceito. Então as vezes isso custa um bocado, então não me identifico tanto, mas coisas que valorizo, pessoal com bom coração, pessoal muito materialista, se tu tens de mostrar que tu sabes e que sabes estar, e eu não gosto não me identifico com isso... Eu por exemplo na escola sempre me dei bem por que era boa aluna, talvez se não fosse talvez não me aceitassem e eu não gostava disso, então sempre atirei isso aos meus colegas na cara. Pronto, mas é difícil responder a essa pergunta porque eu acho que não me identifico tento

Então em termos de identidade pessoal como é que te sentes, mais portuguesa mais caboverdiana, mais cidadã do mundo?

Cidadã do mundo sem duvida. Caboverdiana não, sinto-me caboverdiana na maneira de dançar na cultura e tudo, mas na minha mente não. Sei la eu tenho a mente muito aberta, a sério eu acho que sim. Depois a gente caboverdiana não é um povo com a mente muito aberta, especialmente se vamos falar com pessoal de São Pedro do ribadio aquela rivalidade que a gente consegue ver perfeitamente nos nossos pais que gostam de separar. Eu não tenho isso, eu tenho os meus amigos e a maioria é de São Pedro do Ribadio e a gente dá-se muito bem. Mas sim em termos de mentalidades, então se calhar penso mais de forma portuguesa, quero ser livre não quero estar, porque se falamos que a mentalidade aqui é fechada em cabo-verde então é pior ainda, porque as pessoas não têm noção de como é a vida fora. Ou seja, quando a gente vai para fora, nem é para fora, a gente começa a ver outras coisas fora em que os negros tem outro tipo de posição nos trabalhos. Se te ofenderem em termos raciais podes fazer queixa, aqui em Portugal isso não se diz nada. Em Inglaterra chamam-te preto vais à policia e fazes uma queixa a pessoa tem sérios problemas aqui em Portugal isso ainda não diz nada neste país, começa mas é complicado. Mas também olha sinceramente é algo que me passa ao lado porque isso não me atinge nem um bocado porque não me sinto ofendida. Se me chamarem de preta sinceramente não me sinto mal e depois também sei argumentar bem e não tenho problemas.

E já alguma vez foste vitima de racismo ?

Humm deixa-me pensar... não sei vitima de racismo assim daquela forma que te deixa triste por seres preto não. Não sinto, mas as vezes comentários que tipo as pessoas fazem, mas não me sinto assim mal, simplesmente chamo a atenção, olha podes abrir um bocado a tua mente, eu estou aqui, e isso não é nada, agora ser vitima de racismo não, sentir-me mal na escola não, excluída. Eu acho que nós temos de fazer para entregar-nos, não senti.

E nunca presencias-te nada?

Assim que tenha gravado na memoria não me recordo. Não... presenciei, uma vez vi um taxista a mandar vir com uns blacks, presenciei aqui no bairro as vezes certas atitudes de policias assim numa forma mais negativa, mas pronto isso presenciei.

e achas que pode ser um obstáculo transponível ou nem sequer é obstáculo?

Eu acho que é um obstáculo é complicado. É uma coisa difícil que nos é que temos de começar e arranjar uma forma de lutar contra isso. Depois nem sempre as pessoas sabem responder como deve de ser e depois nós perdemos a razão. Mas isso cada pessoa tem de ir lutando, não sei se nos juntarmos, eu não sou ativista, mas é complicado as pessoas tem de saber responder com humildade e calma. Não é porque conseguimos irar um curso ou estamos bem colocados a nível de trabalho que deixam de ver o nosso tom de pele. Nós é que temos de estar sempre a dize as pessoas abstrai-te disso. Mas eu não ligo muto a isso, se alguém me ofender é que eu vou por e poderei passar-me da cabeça, mas eu não ligo muito a isso e também sei responder bem.

No teu percurso profissional alguma vez sentiste algum desconforto nesse sentido?

Sim, ali no Ikea senti uma vez. que no Ikea o nosso diretor era black, não tem nada a haver com isso, mas as vezes que pelo fato de teres um diretor negro que as pessoas pensam assim este facilmente conseguimos ultrapassa-lo. Também ele era mulherengo risos, mas não tem a haver. Por exemplo no meu trabalho não é um obstáculo, se tu fores negra, consegues conseguir subir no cargo, não ha problema. Todos nos temos de ir atras, não é pelo tom de pele a gente tem de ir atras. Ás vezes situações que as pessoas vão ficar chateadas, aquela preta não sei que, mas isso não tem nada a haver, mas temos de mostrar um pouco mais do que o branco não é, porque tenho a certeza que se formos a uma entrevista e tivermos as mesmas habilitações, até se tiveres ao mesmo nível do branco, se calhar vão passar aquele porque é branco, mas depende. Eu também não ligo muito a isso, é o que te estou a dizer prefiro não pensar por , ter um pensamento positivo senão.

Em relação ao bairro, tens noção que a Cova da Moura pelo menos pelos media não é muito bem vista tiveste algum problema de discriminação nesse sentido?

Por morar aqui?

Sim.

Quando eu me inscrevo num trabalho nunca ponho Cova da Moura, ponho Buraca. A sério ponho Buraca, porque se for ou não discriminação depois de estar num sitio, ou alias durante uma entrevista as pessoas veem como é que tu falas e eu digo que não ponho Cova da Moura para não ser uma distinção, pode ser, eu não duvido que seja, porque eu imagino e muita gente tem uma péssima imagem, e eu não sou burra também. Digamos que a rapariga dos recursos humanos de um sitio qualquer ouviu falar em cova da moura, sabe que é um péssimo bairro, uma rapariga da cova da moura, depois vem outra pessoa e vai, ó a serio se tu tens uma péssima imagem vais pensar o que das pessoas então pronto posso não por Cova da Moura, ponho Buraca e olha pronto. E depois na altura, porque toda a gente no Ikea sabe que sou da Cova da Moura e mesmo assim não dizem nada, não tem nada, mas pronto.

E quando andavas na primaria preparatória e secundária com é que os teus colegas reagiam?

Os meus colegas vinha a casa e não tinham problemas. Porque digamos que depois a imagem da Cova da Moura veio ficando pior com o passar do tempo. No meu tempo nem era assim tão , e tínhamos brancos a morar aqui. Não era assim tão antigamente, e agora digo-te que é para alguns que se querem aproveitar da fama e dizer que aquilo é não sei o que, mas tu vês muitos brancos aqui, e cada vez mais vez uma interação muito grande ente brancos e negros, e vem muitos brancos. Pronto isto é um bocado uma luta difícil, depois umas pessoas que sabem que aqui boas pessoas e outras que preferem pensar que aqui é sei complicado. Eu não ligo muito, eu mais uma vez digo que tento não ligar a isso, pronto quem te conhece sabe como tu és, não é por seres daqui ou dali, muito pelo contrário por seres daqui podes ser muito melhor do que uma pessoa que tu conheces e sei .

E como é que vez o ambiente aqui no bairro?

Eu estou em casa, la está par mim é na boa, aos fins de semana mais barulho, mas a mim toda a gente me conhece e tem um enorme respeito, as pessoas respeitam-se imenso aqui. Respeitam-me porque também não sou mal-educada. Mas é como eu te digo, eu estou em casa e coisa que eu não gosto, o fato de sertãs pessoas andarem por e fazer a vida que fazem, pronto desde que não seja no meu meio tudo ok, porque eu também não posso fazer nada.

O que dirias que são vantagens e desvantagens de morar e crescer aqui?

A grande vantagem é conheceres muita gente, estás numa comunidade em que todos se dão bem. Crias grandes amizades, tens a tua família perto, tens lisboa perto risos. Não mas é a humildade e a forma como a gente cria aqui é muito fixe. Somo crianças de rua, não temos uma porta fechada, eu sempre andei em todos o bairro, toda a gente me conhece estou à vontade, nada me acontece. Se precisares de alguma coisa tipo um kilo de açúcar, vais buscar ali, pronto é nesse sentido. A desvantagem as vezes, pronto eu antigamente sentia mais isso, mas agora a grande desvantagem é que as vezes é a imagem que o bairro tem, é muito mau as vezes. Imagina tu queres trazer uma pessoa a casa e ficas naquela coisa - será que a pessoa é capaz de vir ca sozinha? vai sentir medo? é mais nesse sentido.

E em termos profissionais também nunca foi uma impossibilidade?

Não, não é por como eu te disse se me inscrever num trabalho não ponho Cova da moura ponho Buraca risos. Buraca, Cova da Moura e Damaia, as pessoas também não vão levar isso tão a peito. Mas Cova da Moura como tem esta imagem de preto, e pronto não sei que tipo de imagem é que tem, eu acho que é mais não por ser um bairro, mas acho que é por ser um bairro de pretos, é muito mau, mas pronto. E por ser um lugar onde muito tráfico de droga e essas coisas assim não sei. Onde assaltos então tem essa imagem tão . Mas é como te estou a dizer se eu fizer um currículo eu não ponho Cova da Moura. Toda a gente vai saber que eu sou da Cova da Moura, mas na primeira imagem é tipo tu teres um nome que não gostas, tu sabes que não sei é complicado de explicar. Mas no fundo não omito, omito no currículo, mas depois toda a gente acaba por ficar por saber, pois toda a gente vem a minha casa. Acabo por trazer e as pessoas e os meus colegas conhecem o meu meio, sabem que eu embora more aqui sei estar com eles tenho outra mente não sou nenhuma burra ou analfabeta, eles conhecem-me e sei-me defender.

O teu grupo ou grupos de amigos quais são as proveniências e as origens? (51m20m)

Eu ando com caboverdianos aqui do bairro e ando com brancos da escola e brancos do trabalho. Portanto eu ando com todo o pessoal…é isso. Eu saio muito com o pessoal do trabalho, da escola, saio muito com o pessoal daqui os meus amigos…eu tenho muitos amigos, eu não tenho um ou dois, tenho muitos amigos. Não tenho um ou dois. Amigas então, mas ya, tenho muitos amigos. Muitos amigos são daqui da Damaia, tenho de Odivelas também, depois o pessoal do trabalho que é de vários sítios. Mas os meus amigos…porque aqui a gente estudava na Damaia, era pessoal mais da Damaia, Zambujal…mais do zambujal…os meus amigos são mais da Damaia, da Buraca, do Zambujal, destas áreas, da área da escola é o pessoal que eu conhecia. Depois tenho os amigos do trabalho…do trabalho da Decathlon e tenho os familiares está.

E qual desses grupos te influenciou mais o teu percurso?

Família, a família, ya a família e os meus colegas da escola. risos foi os que influenciaram mais.

Porquê?

A família porque eu respeito imenso e a minha mãe sempre disse para estudar muito que é importante e a escola…nós como eramos uma turma tao unida que foi desde o 7.º até ao 12.º, era uma turma tao unida, nunca ninguém chumbou e todos foram para a faculdade e sempre seguimos juntos. Então isso…porque competição, ninguém vai ficar para trás, vamos todos avançar. Acredita que era um bocado isso. Então agora vou desistir e os outros vão para a frente, não. Não era competição, mas um incentivo, então sempre seguimos.

E se tivesses que eleger três pessoas marcantes e que te influenciaram nalgum sentido quem é que seriam?

As minhas irmãs, a minha colega uma rapariga que eu sempre andei que era a Carla, e digamos que foram essas pessoas. É…a minha colega que a gente sempre…nós eramos o oposto, ela estudava imenso e eu não estudava nada, mas eramos boas alunas. Mas ela sempre foi uma miúda espetacular e era uma miúda muito fixe e gostava de estudar e então eu identifiquei-me com ela. Eu lembro-me de sentar ao dela e perguntar assim, tu és tao picuinhas olha como tu escreves, tens de por todos os assentos e ela diz: oh Cátia, se eu tenho de escrever, tenho de escrever bem. E isso marcou-me, pocha não é que tu tens razão. Eu vi mesmo ela perfecionista e eu então…eu disse: pocha, mas a gente dava-se bem, mas eu, entretanto com o tempo é que fui apanhando os hábitos dela e vice-versa, ela também a mesma situação, ela não convivia muito com pretos na altura e eu fui a primeira black a ir à casa dela. Naquele tempo era um bocado complicado, hoje em dia o pessoal tem a mente mais abeta, mas pronto. Depois viram que afinal nem todos são iguais.

E planos para o futuro, como é que te vês daqui a 10 anos?

Dez não, cinco, não quero tanto tempo. Eu tive…estou no IKEA, mas estava num projeto que correu bem…agora vou…eu gostava de não sair completamente do IKEA porque é uma boa empresa e gosto do ambiente, e tentar outro trabalho na área social. Sei tentar qualquer coisa que tivesse a haver com a área social ou mesmo apoio…apoiar a comunidade de alguma forma, trabalhar com mulheres, crianças, idosos, pessoas que precisem. Tenho estado a ver, mas não é fácil. E voluntariado também não consigo…tenho que ter…sei precisava de receber alguma coisa. Trabalhar, ter uma carreira, mas pronto cada vez mais acho que é difícil, mas não vou desistir, ou seja, eu gostava de mudar de trabalho, mas não gostava de largar este aqui que eu tenho, porque eu gosto.

E estás há procura de que áreas?

É como eu te disse, mais no sentido social de ajudar, de ajudar. Mais no sentido de apoiar quem precisa na comunidade.

Mas estás a ver mais associações…

Associações. Pessoalmente eu tinha uma ideia fixa de mulheres, qualquer coisa de violência, sei , gostava…como sei tenho…não gosto de verem a maltratar ninguém, não sei…acho que talvez podia ajudar alguém nesse sentido. Sou muito chata e persistente.

Achas que és uma pessoa que faz planos? O teu percurso foi de alguma forma planeado?

Eu fiz, mas parei…ultimamente…já tive mais tarefas e agora estou com 6 horas de trabalho, mas antes tinha 8 horas, tinha o dia ocupado. Tinha o dia ocupado e agora estou de certa forma…agora eu quero dedicar mais tempo à procura de qualquer coisa, pouco tempo é que estou a fazer este part-time, para ver se…no IKEA eu estava a gostar muito e fui sempre subindo. Eu comecei com quatro horas e depois aumentaram-me mas agora como começo a cansar-me um pouco de estar sempre no mesmo local a fazer basicamente as mesmas coisas, porque eu também não quero ser chefe no IKEA, porque ser chefe no IKEA significa ter de suportar muita coisa e eu não gosto, porque os chefes na realidade sofrem mais que os colaboradores. Eu prefiro qualidade de vida do que receber montes de dinheiro, sei prefiro estar bem comigo própria, então de forma que eu quero agora. Procurar outro trabalho, algo que me cative mais, mas ter tempo para mim, porque eu gosto de ter tempo para mim, também está eu não valorize o dinheiro, eu gosto de estar bem, de passear, de estar com a família. Dinheiro para mim não é tudo, por isso quando as pessoas me perguntam: estás a procurar, mas estás a receber todo o mês, eu digo, pois, a questão é que eu gosto de viver, não gosto de estar com stress, ou seja, se eu tiver um trabalho em que receba pelo menos 1200€ por mês vou estar bem, não quer mais. 1200€ é muito bom aqui em Portugal, 1000€, pronto. Tipo pessoas que se tu vires…eu vejo no meu trabalho, têm dois trabalhos, tendo um part-time no IKEA recebes bem, chega perfeitamente aos 800€ e ainda têm um trabalho durante a noite, fogo pelo amor de Deus.

Se não tivesses no IKEA agora vias-te aonde?

Não sei. Tinha de estar a receber dinheiro…tinha de estar a receber dinheiro pelo menos para sustentar as minhas coisas. Eu acho que acomodei-me muito tempo no IKEA, acomodei-me, eu várias vezes digo isto, mas depois olho para trás e não arrependo-me. Eu fico a pensar pocha…eu muitas vezes vou ver o que os meus colegas estão a fazer e fico a pensar porra estes estão a trabalhar…tenho uma colega minha que encontrei no outro dia, que a gente fala de vez em quando que está numa empresa de comunicação, é supervisora de telemarketing, eu detesto esse tipo de trabalho. Eu estou no IKEA e o IKEA é uma empresa que tem uma ideia diferente, não sei se estivestes e toda a gente tem uma ideia de como é que é aquilo.

A trabalhar não, mas conheço pessoas que trabalham lá.

Aquilo é um bocado soft e tal, tranquilo não sei, mas se eu não tivesse , tinha de estar a trabalhar, parada não iria estar. Mas agora a onde não sei…a onde não sei. É como eu te disse eu tirei este curso…não…não procurei muito na área infelizmente. No inicio…porque no inicio eu vi logo que não era fácil…relações públicas…infelizmente relações públicas não é aquela pessoa que está na porta da discoteca risos e é uma área difícil, acredita. Nós podemos fazer…tanto que eu tenho colegas meus que foram fazer…tirar outros cursos fora, o pessoal saiu da faculdade e foi para fora para outros para melhorar o inglês, foram estudar para Inglaterra, um ou dois, outros tiraram outros cursos. Eu por acaso parei na licenciatura, não fiz mais nada. Pronto quando sai da faculdade ainda procurei, mas depois desisti.

E porquê?

Porque comecei a trabalhar no IKEA e, entretanto, o tempo foi passando e, entretanto, tirei a carta comprei o meu carro, comecei a passear e deixei um bocado isso estagnado. Agora quem sabe, não buscar outra vez o meu diploma e comece a enviar, mas agora sim…agora está a passar-me isso outra vez pela cabeça.

Sentes que ainda tens sonhos por realizar?

Ainda não sou mãe risos e ainda não estou naquele patamar que eu quero, não estou com aquele trabalho que eu quero. Eu quero um trabalho para me sentir bem e não um trabalho para fazer dinheiro. É isso. Porque se fosse para fazer dinheiro eu podia arranjar outro part-time, penso eu, ou passar o dia na internet à procura de trabalho e não o faço. risos pronto.

Se tivesses que te descrever como pessoa?

Sou a pessoa mais…sou um bocadinho chata às vezes. Gosto de estar em casa tranquila, então a minha irmã às vezes vem me chatear eu mando ir dar uma volta. Mas sou uma pessoa muito tranquila, boa de conversa risos, boa de conversa, gosto de parodia, gosto de passear…gosto de passear, não consigo estar muito tempo parada. Gosto de ver filmes risos gosto de coisas diferentes, gosto de coisas diferentes e de estar com pessoas diferentes, não sempre as mesmas. Ya, acho que é isso.

E defeitos?

Defeitos…é quando eu não tenho paciência, não tenho paciência. Se me disserem vem fazer isto agora, se eu não estiver para virada, não faço. A minha mãe disse-me agora para ir-lhe medir a tenção, tentar perceber…e eu disse: mãe, agora não. Desse género, mas não é uma coisa assim, quando tem que ser tem de ser, mas eu olhei para aquela máquina e quando eu tiver paciência eu vou sentar e vou, mas sou uma pessoa que gosta de ajudar, eu ajudo se precisares de ajuda, ajudo, se precisares de alguma coisa estás à vontade, se eu puder ajudar ajudo. E pronto, acho que é isso. Sou animada, não gosto de ouvir não risos Ya, não gosto muito de ouvir não, mas pronto.

Não lidas bem com a rejeição?

Ah…depende às vezes. Se vem das pessoas que eu gosto não gosto de ouvir. risos Não gosto, tenho dificuldades em ouvir não de certas pessoas. Não…podem dizer talvez, mas o não…fogo, então não porquê? Porque eu não peço coisas impossíveis, não gosto de pedir nada também. E pronto. Dou-me muito bem com os meus irmãos também, damos muito bem, com a minha mãe também e com o meu pai. Somos uma família muito unida.

Agora ocorreu-me e ainda não perguntei, nasceste em 1984, certo?

1985.

Não tiveste problemas para obter nacionalidade portuguesa?

Não, porque os meus pais sempre tiveram nacionalidade.

E nunca quiseste ter nacionalidade caboverdiana?

Nunca quis ter porque eu vou para cabo verde vou de férias e nunca tive necessidade. E não vejo, pelo menos eu não sei, pode ser uma mais valia, mas até hoje não vi qual é a mais valia, vou para Cabo Verde e como os meus pais são caboverdianos não pago o visto por exemplo. Se houver uma mais valia digam que eu não sei qual é que é. Não sei.

E nunca pensaste em viver em Cabo Verde?

Não, não de todo. Quando era pequenina pensava nisso, mas hoje em dia não. Não consigo, quando vou de férias adoro estar , mas não consigo…estar sem as minhas coisas, porque eu gosto de ir a um bom centro comercial passear ver tudo, ter as coisas perto. Gosto de passear e Cabo Verde é muito distante, nesse sentido não sou nada caboverdiana. risos Morar em Cabo Verde não, mas ir de férias não me importo e ia todos os anos se tivesse dinheiro para isso. Mas morar em Cabo Verde é como te digo. Mas para tinha de estar ao da família e a minha família está em Portugal, era difícil.

Gostaria de saber a tua relação com as tuas meninas?

Nós damo-nos super bem, a gente dá-se super bem. Cada uma tem a sua maneira de ser. A Fatinha é mais calma, a minha irmã é muito fie, gosta de dar se for preciso dá-nos tudo, mas se for preciso alguma coisa que ela não gosta e ela diz-nos logo. A Pitas também é calma, chata. Depois sai eu a mais nova, a mais liberal, a mais doida. Mas a gente dá-se todas muito bem.

E em que é que tu achas que beneficias de ser a mais nova?

Eu? se calhar dão-me mais prendas. Aqui em casa é como se eu fosse aquela irmã mais nova que ainda está ali em casa, pronto. Tratam.me bueda bem, sou mais mimada, sou mais tipo a criança que ainda não tem juízo suficiente. Mas agora disseram que eu fiz 30 deixou de ser. Ya, mas a gente dá-se bueda bem.

E depois falaste-me sempre aí que o apoio escolar foi aí sempre um suporte muito grande?

Foi, foi.

De que forma é que achas que isso contribuiu para o teu percurso?

Eu acho que me deram as bases, porque lembro-me que era, já…na 1.º classe era muito boa aluna, era muito boa aluna mesmo, fazia as coisas todas. Acho que isso é o facto de teres irmãs mais velhas que tu vês a estudar e começas a querer copiar e a formar ali a tua inteligência. Ser mais nova às vezes é melhor, porque aprendes com os mais velhos, e eu aprendi muita coisa com as minhas irmãs, verdade seja dita. Eu lembro-me de em pequenina, a minha irmã, eu lembro-me de agente se sentar e ela fazer-me perguntas e tal, quantas bolas tem aqui dentro, contar, fazer aqueles exercícios. Lembro-me de ela fazer essas coisas, lembro-me de não ter problemas nenhuns na escola. Chegar, fazer, boa aluna. Tinha sempre boas notas, mesmo na faculdade. Na faculdade o que me custou foi aquela coisa vou estudar na véspera que consigo. Portanto eu nunca tive assim muitos problemas com a escola, desde que estudasse na faculdade não tinha grandes problemas. Às vezes o que me falta é a paciência, é a paciência para sentar e concentrar. Falta de concentração é normal, não é, na criança. Querer brincadeira, mas não era nenhuma desestabilizadora. Gostava de conversar.

Chegaste a estar nas mesmas escolas que as tuas irmãs?

Não.

Porquê?

Esta escola abriu…as minhas irmãs estudaram numa escola diferente porque não havia esta escola aqui do bairro antigamente. Interrupção Não havia, eu estudei aqui. Depois as minhas irmãs enquanto estudaram na casa pia, eu estudei na Damaia. Foram escola totalmente diferentes. Não sei, a minha mãe é que tomou essa decisão. A minha mãe também teve um acidente era para eu ficar mais perto de casa para poder vir ajudar em alguma coisa que ela precisasse, não sei.

Então a mudança de escola foi por uma questão de…

Dos pais sim, porque eu também queria ir para a casa pia, era um espetáculo ter passe na altura e a minha mãe não quis. risos Olha fiquei aqui.

E nesse caso nas escolas não havia nenhuma referencia às tuas irmãs?

Nenhuma.

Foste a primeira a ir…

Todas estudaram na casa pia, menos eu. que pena, mas pronto. Eu gostava, ouvia dizer que tinha boas festas na altura. Mas não, olha, eu na escola eu fiquei uma pessoa que gosta mais de sair, porque eu na escola não gostava. Eu andava sempre com os brancos, ia ao colombo e tal, íamos, mas eu não ia para as festas e não andava muito com blacks na escola, isso era estranho. Muita gente estranhava porque eu não andava com elas na escola, mas depois saiamos da escola e andávamos aqui juntas. Mas também é incompreensível, tu nos intervalos estás com eles dizes olá tudo bem. As minhas amigas hoje em dia dizem-me; a gente ficava na escola a conviver e tu vinhas para casa. Claro, ficava a fazer o que, é maneira de ver diferente. Eu não gostava…eu para mim vir para casa, sentar a ver televisão, ou dormir de manhã faltar às aulas era o que eu fazia.

Que momentos marcantes na tua vida achas que podem ter influenciado o teu percurso?

O meu percurso…não sei, estou a pensar. É como eu te tou a dizer, às vezes com quem tu andas influencia-te muito. É como eu digo se eu não tivesse calhado na turma onde eu calhei, se calhar nunca tinha seguido o caminho que eu segui, é sempre assim, ou seja, a turma era uma turma tao fixa e sempre falavam em ir para a faculdade. Depois também comecei a ver a minha irmã Tânia a ir para a faculdade, depois eu também queria ir, tinha curiosidade, é diferente. Ya acho que foi o facto de elas irem e eu assistir, eu também quero fazer o mesmo. Depois tu também dizes, se tens capacidades porque não, ya. É o exemplo, acho que o que me marcou foi o exemplo, é mesmo o exemplo.

E com que idade é que começaste a pensar que querias ir para a faculdade?

Com que idade é que comecei a perceber…eu não sei, eu nunca pensei nesse sentido. No fim é a faculdade, foi o que eu pensei. Nunca pensei ya, vou até onde der, porque ao longo do ano é que eu fui descobrindo, . Pena que nunca…às vezes tens uma…não tens quem te encaminhe por vezes, porque se não até tu…tinha uma média muito superior aquilo que eu tive, mas tive suficiente para conseguir entrar na faculdade no que eu queria, mas o facto é que eu nunca pensei assim, vou parar no 12.º, nunca pensei. Por isso é que eu nunca chumbei e comecei desde o primeiro, tive dificuldades no primeiro ano da faculdade, mas recuperei…fazes o primeiro exame e depois tens o segundo exame que é para recuperar o primeiro, chumbei no primeiro…naquele primeiro mês, chumbei naqueles exames, mas depois com o exame de recuperação, recuperei logo. Pronto, eu nunca pensei assim, ah se calhar vou acabar no 7.º ou no 8.º ou no 9.º, muito pelo contrário, eu estranhava as minhas colegas, amigas minhas que ficaram pelo 9.º ano. Ficava parva, porra, depois com filhos, fogo. Eu queria era estar na boa. Como é que eu vou ter um filho se dependo dos meus pais, coisas que não te cabem na cabeça. Ya, então sempre pensei, ya vou continuar até onde der, licenciatura é o fim, depois se eu quiser mais adiante. Mas sempre me disseram, sempre me disseram na faculdade quando vocês torarem licenciatura não tirem logo o mestrado, comecem a trabalhar para ver como é que é porque a gente acaba a faculdade muito novinhos, alguns têm sorte, tenho colegas meus que ficaram muito bem colocados, outros que não, que moram com os pais, que os pais sustentam, impressionante, outros que ainda estão a terminar o curso. É impressionante, ya a grande maioria dos meus colegas, todos os que estavam no secundário juntos, a grande maioria não tem filhos e mora com os pais. Eu não sei o que se passou com aquela turma, mas está tudo ainda na casa dos pais, um ou outro tem filhos, mas acho que são duas meninas para teres ideia, são duas.

Disseste que a tua mãe teve um acidente, nessa altura tinhas quantos anos e…

Eu estava na primária. A minha mãe teve um acidente e teve durante muito tempo muito mal, mas depois recuperou e agora com os anos é que ela tem vindo a piorar outra vez. Mas ela recuperou bem, depois passado um tempo recuperou bem, começou a trabalhar e regressamos à rotina de sempre aqui em casa. Na altura quando a minha mãe teve o acidente não me prejudicou nada, a minha mãe também teve muito apoio, a irmã dela veio ficar com ela aqui em Portugal, portanto sempre continuou a ser a mesma coisa.

Não alterou em nada a rotina?

Não, primeiro foi o choque, mas depois ela foi recuperando, foi com fisioterapia, foi recuperando. Eu era mais pequenina não percebia muito bem. Eu acho que estava na primeira ou segunda classe, portanto ainda não estava muito consciente. Depois eu vi que a minha mãe recuperou, começou a trabalhar e depois, entretanto com o tempo é que ela foi piorando agora, mas não ´do acidente em si, é por outros motivos. Não foi traumatizante, digamos, não foi uma experiência que ficou aqui na cabeça. Pode ter sido para a minha mãe, mas para nós ela conseguiu disfarçar bem.

E mesmo agora em termos de rotinas não altera?

Altera, tenho de ajudar a minha mãe, ela não pode ir à rua sozinha, tem dificuldades em andar. Mas eu não penso assim, não sou eu, tenho também irmãos que ajudam, mas ya eu sou quem esta mais presente em casa para ajudar nesse sentido, o meu pai também está aqui, ele ajuda, mas basicamente sou eu que ajudo. A minha mãe não pode sair sozinha de casa, se quiser ir a algum sitio tenho que ir com ela. Nesse sentido condiciona um bocado, mas é algo que para ultrapassar.

Como eu sei que as tuas irmãs de alguma forma trabalham ali no moinho, porque que tu não?

Eu tive no moinho, fiz um estágio…um estágio de secretariado financiado pelo instituto, mas nesses dois anos que eu te disse que eu não estava a estudar, foi na altura em que estava no moinho e foi difícil de conciliar. Eu não deixei de estudar totalmente, enganei-me…não deixei de trabalhar totalmente, aliás. Quando eu acabei o 12.º tive…tipo durante as férias eu comecei o estágio, depois do estágio eu comecei a estudar, que eles fizeram uma conciliação do horário da escola com o horário que eu ia para o estágio no moinho, que está, eu fiz o estágio durante os doze meses, acabou, continuei a escola, mas não quis ficar no moinho. É como eu estou a dizer o ensino, ou aturar os miúdos não é comigo. Ya, foi mais nesse sentido.

E eras a mais novinha, não chegaste a apanhar as atividades no moinho?

Como assim, participar nas atividades?

Sim.

Porque depois quando acabou quis ir para a escola, dedicar-me à escola, porque não conseguia. Mas depois dediquei-me à escola e foi assim foi passando. Depois, entretanto…sendo assim tive um ano sem trabalhar. Eu não me lembro bem, mas eu lembro-me quando entrei para a faculdade estava no moinho. Lembro-me que eu fui à apresentação e depois da apresentação fui para o moinho ainda estava no estágio, devo ter acabado para no outro semestre em fevereiro. Mas eu não quis ficar no moinho, não gostei muito da sena depois…porque eu não estava na mesma área que as minhas irmãs eu estava no escritório é diferente. Mas aprendi muito e o estágio é sempre diferente para o curriculum, então é isso…e recebíamos bem na altura do estágio, eu fiz.

E em relação ao teu trabalho no IKEA, queria que me falasses um bocadinho mais o que fazes, falamos nisso, mas não foi assim nada de especial. Quais são as tuas funções e que satisfação é que traz?

Sim…no IKEA trabalho sempre mais de manhã, da parte da manhã que é para poder fazer a abertura para além…para deixar a loja para o cliente…em condições para o cliente quando chegar ser mais fácil. Eu trabalho na área do armazém, do self servisse. Eu entro normalmente às 8h da manhã, entro…tenho que dar a volta da comunicação, ver se está tudo com preço e essas coisas, os cartazes, se não tenho que ir para cima. Basicamente é a comunicação, saber quais são as perguntas dos clientes, as minhas funções é saber quais são as perguntas dos clientes, da comunicação…porque a comunicação é uma comunicação geral, tens de ver a forma como está o cliente, na comunicação tu tens a iluminação também…a iluminação comercial que também ajuda, tens de saber como é que os produtos estão expostos, qual é que vende mais…está tudo interligado e nós todos os dias mexemos naquilo, porque todos os dias temos promoções, ainda de ontem para hoje nós mudamos toda aquela área central que tu passas. Então tu tens que mudar a comunicação toda, é uma equipa grande e eu de manhã…eu não vou mais cedo, cheguei de manhã tinha os cartazes todos feitos, cheguei com a equipa, eles ajudaram-me a colocar os cartazes, os preços, temos de ver como é que as coisas estão colocadas, não é por à toa, tens de seguir sempre uma ordem. É essa a minha função, para além disso também fico a atender os clientes, fico a apoiá-los na…na compra e pronto, é essa a função.

E nestes casos…

Eu sou responsável da comunicação da área do armazém do self servisse.

E tens hipóteses de progressão?

Tu tens hipóteses de progressão, mas tu tens que ter vontade para a progressão no IKEA, e eles dão-te essa oportunidade, mas eu…a promoção no IKEA é mais no sentido de chefe, para vendas e se eu fosse para progredir, não queria progredir nesse sentido, estás a ver. É para a chefia de vendas, porque eu não gosto…eles não têm horários, têm que incentivar…têm de ter uma capacidade de liderança que eu não tenho. Liderar a equipa toda.

E no IKEA têm formação continua ou…

Formações a toda a hora, a todo o momento, eh , mas temos, temos sempre formações.

E há oportunidade de trabalhar no IKEA fora?

oportunidade e é uma coisa boa porque a empresa tem sempre os anúncios à entrada ou então na intranet e tu podes…tem sempre…há sempre aquela opção que chamam o back backing, uma coisa assim, que é de mochila às costas e vais trabalhar. Tal como para fora também muito pessoal que vem e tu tens anúncios…eles dão prioridade a quem está dentro, imagina em vez de recrutar então tens um anuncio, te conhecem e se quiseres ir para outra área podes ir, se quiseres ir para outro departamento também podes ir. Portanto sempre hipóteses de progressão, tudo depende do teu trabalho…do teu trabalho e do teu perfil. Se tu tiveres aptidão tu sobes ali, eles não criam restrições. Se tu tens jeito, se tu gostas, se tu dominas, para isso é que tens avaliações para ver se tu queres aumentar as horas, se tu queres eles dão-te sempre essa possibilidade.

E já te ocorreu tu trabalhares fora no IKEA?

Não. pensei, pensei, por exemplo imagina se fosse para fora e se tivesse um IKEA ao , poderia me inscrever. Mas sair daqui de Portugal para ir…porque agora nós também vamos abrir mais lojas…se fosse para ir para fora preferia ficar e por exemplo ir agora para a loja do algarve, e realmente são perguntas que te fazem na loja, se queres ir para outra loja. Mas eu até agora não senti essa necessidade. É como eu te estou a dizer eu quero procurar outras coisas não quero ficar ali no IKEA, quero expandir os horizontes, quero mudar porque estou ali no IKEA desde de…vai fazer 6 anos, é muito tempo.

E mesmo noutras áreas colocas a hipótese de trabalhar fora? trabalhar fora do país?

Teve…há dois anos atrás eu pensei ir para fora, pensei ir para fora. Mas entretanto…porque eu não estava…na altura não estava assim muito motivada pensei ir para fora, mas, entretanto, as coisas melhoraram no meu trabalho e então voltou tudo ao normal. Na vida se a gente não tiver bem psicologicamente o trabalho também sai afetado. Na altura não estava muito bem, mas…eu não tenho aquela coisa de ir assim para fora e eu também estou bem. Por vezes tu queres ir para fora parece que tens aquele sonho de fazer carreira, mas depois cais na realidade e falas com pessoal que está , os teus colegas, a menos que tenham ido estudar. Eu tenho a minha colega Carla que está mesmo muito bem, foi para fazer…estudar mais porque ela aqui era responsável do marketing da OLÁ e foi estudar mais para aumentar…ela ainda não voltou, não voltou mas vai e quando vier tem trabalho e vai voltar e não sei…e vai triunfar porque aquela rapariga é espetacular. Ya…tu vês que os teus amigos estão na restauração e tu dizes, bem eu posso ir tentar porque na realidade eu consigo, mas eu estou aqui tao bem. Eu não sei…não é estagnar, mas tu acomodas-te um pouco.

This is the first translated utterance of the interviewer.

This is the first translated utterance of the interviewee.


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