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[Título principal]: edição digital
| Fernando Pessoa |
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| Lenta, descansa a onda que a maré deixa. |
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Lenta, descansa a onda que a maré deixa.
Pesada cede. Tudo é sossegado.
Só o que é de homem se ouve.
Cresce o luar ausente.
Nesta hora, Lídia ou Neera ou Cloe,
Qualquer de vós me é estranha, que me inclino
Só para o vão segredo
Dito pela incerteza.
Tomo nas mãos, como caveira, ou chave
De supérfluo sepulcro, meu destino,
E ignaro o aborreço
Sem coração que o sinta.
6-7-1927
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