PESSOA

 

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[Título principal]: edição digital

Fernando Pessoa
De Apolo o carro rodou pra fora

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VIII De Apolo o carro rodou pra fora Da vista. A poeira que levantara Ficou enchendo de leve névoa O horizonte

A flauta calma de , descendo Seu tom agudo no ar pausado, Deu mais tristezas ao moribundo Dia suave.

Cálida e loura, núbil e triste, Tu, mondadeira dos prados quentes, Ficas ouvindo, com os teus passos Mais arrastados,

A flauta antiga do deus durando Com o ar que cresce pra vento leve, E sei que pensas na deusa clara Nada dos mares,

E que vão ondas muito adentro Do que o teu seio sente alheado De quanto a flauta sorrindo chora E estás ouvindo.

12-6-1914

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