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[Título principal]: edição digital
| Fernando Pessoa |
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| Felizes, cujos corpos sob as árvores |
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Felizes, cujos corpos sob as árvores
Jazem na húmida terra,
Que nunca mais sofrem o sol, ou sabem
Das mudanças da lua.
Verta Éolo a caverna inteira sobre
O orbe esfarrapado,
Apedreje Neptuno as planas praias
E os erguidos rochedos
Tudo lhe é nada, e o próprio pecureiro
Que passa, finda a tarde,
Sob a árvore onde jaz quem foi a sombra
Imperfeita de um deus,
Não sabe que os seus passos vão cobrindo
O que podia ser,
Se a vida fosse sempre a vida, a glória
De uma beleza eterna.
1-6-1916
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