PESSOA

 

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[Título principal]: edição digital

Fernando Pessoa
Sofro, Lídia, do medo do destino.

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Sofro, Lídia, do medo do destino. Qualquer pequena cousa de onde pode Brotar uma ordem nova em minha vida, Lídia, me aterra. Qualquer cousa, qual seja, que transforme Meu plano curso de existência, embora Para melhores cousas o transforme, Por transformar Odeio, e não o quero. Os deuses dessem Que ininterrupta minha vida fosse Uma planície sem relevos, indo Até ao fim. A glória embora eu nunca aurisse, ou nunca Amor ou justa estima dessem-me outros, Basta que a vida seja a vida E que eu a viva.

26-5-1917

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