PESSOA

 

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[Título principal]: edição digital

Fernando Pessoa
A mão invisível do vento roça por cima das ervas.

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À la manière de A. Caeiro A mão invisível do vento roça por cima das ervas. Quando se solta, saltam nos intervalos do verde Papoulas rubras, amarelos malmequeres juntos, E outras pequenas flores azuis que se não vêem logo.

Não tenho quem ame, ou vida que queira, ou morte que roube. Por mim, como pelas ervas um vento que as dobra Para as deixar voltar àquilo que foram, passa. Também por mim um desejo inutilmente bafeja As hastes das intenções, as flores do que imagino, E tudo volta ao que era sem nada que acontecesse.

30-1-1921

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