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Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1743]. Carta de Clara Rosa para o seu pai, João Pereira da Rocha Paris, capitão.

Author(s)

Clara Rosa      

Addressee(s)

João Pereira da Rocha Paris                        

Summary

A autora pede ao pai que volte para casa e lhe dê o seu estado porque ela e o resto da família estavam a passar por dificuldades.

Text: -


[1]
Meu querido pai do meu coracam
[2]
j M jo
[3]
nesta frota do maranham Recebi a carta d vm que mto estimamos pois ja heram bem dezejadas pois a nove annos que as não tivemos
[4]
nella vi que vm dis que estive com huma gran doenca e depois estive coaize sego
[5]
mais quis noss ser que de tudo ficasse com boa saude que esta lhe de deos nosso ser pa meu emparo e de toda esta caja pois que tam dezimparados somos mais não da graca de deos
[6]
que elle e a sua may santissima e o pe sto anto e as minhas benditas almas lhe de mamtos annos de vida asim como eu lhe pesso pera meu emparo que ja he tempo meu querido pai da minha alma e do meu corasam
[7]
o capitam antonio de varros asim que chegou logo de a dois dias o prenderão pello tavacom e ainda esta prezo como em dis na sua fallara la com elle
[8]
asim que tivemos as cartas logo foi bento fallar com elle
[9]
asim lhe disse mtas cuzas de vm que estava bem e que tinha hum diamante de corenta mil cruzados e sues escravas e bem tratado
[10]
eu asim o estimei mto pois quero que digam bem e não mal mais mto queixoza de ver vm ter ca tres filhos e deis vm que a binte e hum ano e sem siquer mandar des moedas pa nos vestirmos q save deos as mizerias e mta proveza em que estamos
[11]
agora espero em deos que vm ha de vir pa nossa companhia pera o ano que estou com os olhos tamanhos pella sua vista
[12]
e lhe pesso pellas sinco chagas de nosco ser jezus cristo que se venha embora que ja não posso esperar mais pois a minha mai esta mto acavada e tem pascado mtas fomes e mtas nessisedades pa nos criar
[13]
e vm com dois filhos que tem que podera gastar que bernardo se acha em pernambuco a coatro annos pa sim deos o ajuzdara
[14]
meu pai eu não posco asuvir a juis de fora nem a corregedor
[15]
de dois quero hem o q vm quizer o freira ou cazar
[16]
espero em deos e no pe sto nto que vm ha de vir para me dar o meu estado
[17]
e vm não qeira trazer o brazil em pezo e não seja como o rico abarento que eu não quero fofice q aquillo que deos quizer
[18]
vm me dis que o morgado he meu
[19]
não lhe fassa vm esca conta que elle não cuida em outra cuza
[20]
tomara elle que minha may morrea pera logo nos votar fora das cazas que tem arastado minha may que se ella fora asim como elle queria ja a mto tempo estavamos fora
[21]
mais ella mto esperta que nos tem arastado por tres menistros
[22]
agora A seis anos que nos não fas mal
[23]
meu pai vm esta mto agastado pos nos não escrevermos e nos fazemos o mesmo que minha mai sempre escreve mais tinha reposta que vm tem a culpa pois não escreveia que seu vm escrevesse tambem nos aviamos de escrever
[24]
e com esta ja sam tres
[25]
e pesso lhe que se venha embora que save deos as minhas penas pois ter hum pai e não ter o gosto de o ver e lhe pesso que me venha dar o meu estado a mais este bem que fas de esperar minha mai com a sua ma condesisão
[26]
espero em o meu pe sto anto que sea de vir que nossa sra ha de trazer diente dos meos olhos
[27]
e asim lhe pesso que se venha embora que quero o meu estado
[28]
e adeos meu querido pai
[29]
deiteme a sua bencão e a de deos que me cubra e me fassa boa
[30]
dessa sua filha do corasam que mto mto lhe deza athe a morte
[31]
D Clara roza

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