Sentence view
[1743]. Carta de Clara Rosa para o seu pai, João Pereira da Rocha Paris,
capitão.
Author(s)
Clara Rosa
Addressee(s)
João Pereira da
Rocha Paris
Summary
A autora pede ao pai que volte para casa e lhe dê o seu estado porque ela
e o resto da família estavam a passar por dificuldades.
Text: -
[1]
Meu
querido
pai
do
meu
coracam
[3]
nesta
frota
do
maranham
Recebi
a
carta
d
vm
que
mto
estimamos
pois
ja
heram
bem
dezejadas
pois
a
nove
annos
que
as
não
tivemos
[4]
nella
vi
que
vm
dis
que
estive
com
huma
gran
doenca
e
de
pois
estive
coaize
sego
[5]
mais
quis
noss
ser
que
de
tudo
fi
casse
com
boa
saude
que
esta
lhe
de
deos
nosso
ser
pa
meu
emparo
e
de
toda
esta
caja
pois
que
tam
dezimpara
dos
somos
mais
não
da
graca
de
deos
[6]
que
elle
e
a
sua
may
santissima
e
o
pe
sto
anto
e
as
minhas
benditas
almas
lhe
de
mamtos
annos
de
vida
asim
como
eu
lhe
pesso
pera
meu
emparo
que
ja
he
tempo
meu
querido
pai
da
minha
alma
e
do
meu
corasam
[7]
o
capitam
antonio
de
varros
asim
que
chegou
logo
de
a
dois
dias
o
prenderão
pello
tavacom
e
ainda
esta
prezo
como
em
dis
na
sua
fallara
la
com
elle
[8]
asim
que
tivemos
as
cartas
logo
foi
bento
fallar
com
elle
[9]
asim
lhe
disse
mtas
cuzas
de
vm
que
estava
bem
e
que
tinha
hum
diamante
de
corenta
mil
cruzados
e
sues
escravas
e
bem
tratado
[10]
eu
asim
o
estimei
mto
pois
quero
que
digam
bem
e
não
mal
mais
mto
queixoza
de
ver
vm
ter
ca
tres
filhos
e
deis
vm
que
a
binte
e
hum
ano
e
sem
siquer
mandar
des
moedas
pa
nos
vestirmos
q
save
deos
as
mizerias
e
mta
proveza
em
que
esta
mos
[11]
agora
espero
em
deos
que
vm
ha
de
vir
pa
noss
a
companhia
pera
o
ano
que
estou
com
os
olhos
tamanhos
pella
sua
vista
[12]
e
lhe
pesso
pellas
sinco
chagas
de
nosco
ser
jezus
cristo
que
se
venha
embora
que
ja
não
posso
esperar
mais
pois
a
minha
mai
esta
mto
acavada
e
tem
pas
cado
mtas
fomes
e
mtas
nessisedades
pa
nos
criar
[13]
e
vm
com
dois
filhos
que
tem
que
podera
gastar
que
bernardo
se
acha
em
pernambuco
a
coatro
annos
pa
sim
deos
o
ajuzdara
[14]
meu
pai
eu
não
posco
asuvir
a
juis
de
fora
nem
a
corregedor
[15]
de
dois
quero
hem
o
q
vm
quizer
o
freira
ou
cazar
[16]
espero
em
deos
e
no
pe
sto
nto
que
vm
ha
de
vir
para
me
dar
o
meu
estado
[17]
e
vm
não
qeira
trazer
o
brazil
em
pezo
e
não
seja
como
o
rico
abarento
que
eu
não
quero
fofice
q
aqui
llo
que
deos
quizer
[18]
vm
me
dis
que
o
morgado
he
meu
[19]
não
lhe
fassa
vm
esca
conta
que
elle
não
cuida
em
outra
cuza
[20]
tomar
a
elle
que
minha
may
morrea
pera
logo
nos
votar
fora
das
cazas
que
tem
arastado
minha
may
que
se
ella
fora
asim
como
elle
queria
ja
a
mto
tempo
estavamos
fora
[21]
mais
ella
mto
esperta
que
nos
tem
arastado
por
tres
menistros
[22]
agora
A
seis
anos
que
nos
não
fas
mal
[23]
meu
pai
vm
esta
mto
agastado
pos
nos
não
escrevermos
e
nos
fazemos
o
mesmo
que
minha
mai
sempre
escreve
mais
tinha
reposta
que
vm
tem
a
culpa
pois
não
escreveia
que
seu
vm
escrevesse
tambem
nos
aviamos
de
escrever
[25]
e
pesso lhe
que
se
venha
embora
que
save
deos
as
minhas
penas
pois
ter
hum
pai
e
não
ter
o
gosto
de
o
ver
e
lhe
pesso
que
me
venha
dar
o
meu
estado
a
mais
este
bem
que
fas
de
esperar
minha
mai
com
a
sua
ma
condesisão
[26]
espero
em
o
meu
pe
sto
anto
que
sea
de
vir
que
nossa
sra
ha
de
trazer
diente
dos
meos
olhos
[27]
e
asim
lhe
pesso
que
se
venha
embora
que
quero
o
meu
estado
[29]
deiteme
a
sua
bencão
e
a
de
deos
que
me
cubra
e
me
fassa
boa
[30]
dessa
sua
filha
do
cora
sam
que
mto
mto
lhe
deza
athe
a
morte
Edit as list • Text view • Wordcloud • Facsimile view • Manuscript line view • Pageflow view