PSCR0280
1642. Carta de frei Luís da Silva Coelho para Luís Lopes Leitão.
Autor(es)
Luís da Silva Coelho
Destinatario(s)
Luís Lopes Leitão
Resumen
O autor denuncia o sucedido com o pajem de um familiar seu que se encontrava em sua casa.
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Soccedeome hũ caso Em q me não sei re
solver se tenho obrigação de dar conta
delle ou não E por fiquar mais livre
de Escrupullo me pareçeo comoni
callo a Vm pa que sendo merece
dor de ir a tribunal faça Vm o q
lhe toqua E quoando lhe pareça a Vm
que não me faça m avisar pa ficar
com o animo queto E não vou peso
almte por não causar sospeita
o negocio E o seguinte
Tenho nesta Caza doente JaCinto
Teixra de mello fo de meu parente
Gco Teixra Coelho trouxe cõsiguo es
te fidalguo hũ pagem chamado frco
TEixra E de hũ dia destes atras Estan
do Eu na Cama me dise que hũ Cle-
riguo que aqui avia vindo o dia
antes verme o avia Emcontrado
E depois de lhe fazer mtos Comprimentos o quis
levar a sua Caza E que Estava ali hũ criado
seu que lhe trazia hũ Escrito que Eu o abri
se E vise o que dizia tomei hum escrito E como
o pe nelle significava hũ intimo desejo a
perpetuar amizade com o rapas diselhe que
lhe respondese que não podia ir a sua Casa como
Elle lhe pedia no mesmo escrito mas que lhe a
gradecia a m que lhe fazia Em querer ser
seu amiguo pasarãose algũs dias E tornou
o mesmo portador com outro Escrito E com
hũ corporal E o moço asi como o outro
lho deu sem o abrir me emtregou Eu vi que
desia o que tem pode ver delles que ambos vão
com esta E vendo a proximidade cõ que
o pe tratava o moço pareceome mta a des
igoaldade das idades E das colidades E
oficios pa tanta familiaridade E disse
ao moço que fose descortes E que não res
pondese E mandase o portador
assim E pasados sinquo ou seis dias mais
tornou o terceiro com hũ recado de pallavras
que seu amo Estava a porta de S Tiaguo que
pedia que lhe fallase da genellas da galleria
diseme o moço o que pasava diselhe Eu que
Fose E Eu iria detras que queria ver o q detremi
nava o pe Em o moço Chegando ate nella veyo
se elle chegando E diselhe que elle fose a porta
da rua disse Eu ao moço que fose E Emtrado
Em mallicia que tudo isto ouve mister pa
me pasar pello pensamento que homẽ desta
terra ouvese de cometer semelhante im
famia dise ao rapas que se elle lhe cometese
alguã cousa ou que fose a sua Casa que lhe dise
se que não podia que se elle quisese ir a nou
te a esta que dormindo Em hũ aposento
que esta na salla adonde não Entrava se
não elle E que alli podião verse devagar a
si o fes o moço E o pe aceitou a oferta E a nou
te dise Eu ao moço que se elle vise que o metese
no aposento Em elle Emtrando fechase a
porta por fora com a Chave E que ma trouxese
veyo o pe E Exsecutou o moço o q Eu lhe ti
nha dito Deume a Chave E discorendo comigo
sobre o que faria achei que por sacerdote E
cura de almas não comvinha que tal caso
se soubese nem Exsecutar nelle o a que me
provocava o ver tal hacção mandeilhe
abrir a porta E pello vir a hũ aposento
adonde estavamos meu sobrinho E Eu
E alli lhe dise o que me pareceo lhe comvinha
E mandeio Embora isto Como foi diante dos
dos de quem se não pode ocultar rompeose
do que he publiquo o pe se chama Anto d antas
Barreto Vigro ou Reytor de S Eugenia Vm
disponha neste Caso como lhe parecer como
gde Ds a Vm De Casa 22 de 8bro 1642
Fr Luis da Sylva Coelho
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