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Maarten Janssen, 2014-

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1741. Carta do frei Francisco de Assis, padre, para Maria Antónia da Encarnação.

Author(s)

Francisco de Assis      

Addressee(s)

Maria Antónia da Encarnação                        

Summary

O autor faz à sua amante uma série de recriminações sobre a maneira como ela o tratara.
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Ma rica manna bem sabia eu q a ma auza havia

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de motivar todas estas cautellas, e perigar mto toda a ma vida; pois adverti, q ja da-
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qui pa diante de Dz, contra vóz clamo mil justiças, se acazo uzais commigo
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deste modo, ou por respo de outrẽ, ou por não quereres, q eu acabe o anno; bem sei, e
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não ignoro, q mto mal voz tenho servido; porem asim como he nada bom o criado
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q atura seu amo sequer anno, na mesma forma o he o amo pa com o criado.
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por repetidas vezes voz tenho relatado a ma vida, queixoso do q tenho experimenta
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do, como sentido voz tenho referido; e nesta forma haveis de entender, qe se me engana-
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res, sabei, q he por tolo, nem ignorante, sim plo natural, q Dz foi servido darme, e este
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a contrafazem nem letras, nem sciencia; Verdadeiramte, q cada vés, q pego em hua carta
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vossa me treme o coração, esperando ver nella qd me dizeis, q escuze de mais vos escrever;
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porem discurrendo eu nestas cautellas, q tanto me recomendais, e aconselhandome, q viva descansa
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do porq vós sabeis de mim, e eu de vós; e q sabemos o q tem no outro; ah ma rica Ma e qm sou-
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bera agora o q nesse coração, como piqueno mdo, vai agora; Sempre eu ouvi dizer serem os homens
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os q das molheres zombavä, e será possivel, q eu seja, a exseçä, e avezo disto. q seja eu o excezivo,
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e por isso mesmo o desprezado! o será; mas a sello ah Dz do Ceo! digo nada; nem o q agora
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me ocurria, mas tambẽ me acho com o animo, de q a succeder tal, o q Dz por qm he premita; ten
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ho animo pa obrar, o q jámais se ouviria. eu ma ma escuzava proporvos à lembrca; o q
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por vós tenho deixado, e pareçe q asim como vós quereis, q eu sempre tragua na ma memoria, o q
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jámais della se me apparta, os excessos, q em vós devizeis reciprocamte o diveis vóz tambẽ recor-
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dar, lembrandovos, de q todos os meus extremos forä derigidos pa todo o vosso bem sem mais fim
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algum; q estes próz motivassẽ emqto Dz voz conservar a vida e reconheceresme, por qm em vóz
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com vida, alma, coraçä e todas suas potencias se empregou em cuidar em vós, e por vós deixou
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Pai, irmãs, parentes, e tudo o mais q so por Dz se chega a fazer; e nesta forma mto tendes vós em q
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vos firmares na ma estabilide, e firmeza, qd por tantas vezes me tendes repetido, q estais toda sra
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do meu genio, conhecendome mto bem o meu natural; emfim, baste o dizervos, q nesta vida que-
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ria mais, q a vossa vontade, no q estou, e estarei emqto Dz for Dz, sendo outra, q a q na preza
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do mesmo Sr me afirmastes. E eu, q nunca cuidei mas antes cuidei sempre em mim
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pa em a minima accä, voz dar a enteder em nenhũ tempo, q de vós desgustei e pa vos deixar,
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sei, sei verdadeiramte q diga a Dz fico no q me dizeis, q he tudo pa cautela; e por tudo o q
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me dizeis estou e fico tanto, como vereis na inalteravel obediencia, com q cumpro, e exse
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cutarei tudo qto me mandares; vão as cartas todas; e fazei o q quizeres, ja q foi Dz N Sr servi
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do, q chegasseis a dominar, e possuir hua vontade, q soube mais, q thé os ultimos dias por vós
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