PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1602-1603]. Cópia de carta de João Nunes Baião para Isabel Mendes, sua mãe.

Author(s) João Nunes Baião      
Addressee(s) Isabel Mendes      
In English

Copy of a family letter from João Nunes Baião, a prisoner by the Inquisition, to his mother, Isabel Mendes.

The author tries to give comfort to his mother, telling her that he will soon be free. He also instructs her on how to proceed in order to write secretly to him.

Thirty of the letters exchanged between Isabel Mendes and her son, João Nunes Baião, imprisoned in Goa since 1600, were seized by the inquisitors in 1603 and included in the proceedings against the mother. Isabel Mendes had written five of them, and her son, the other twenty-five. A complete net of servants and slaves had contributed to the correspondence exchange. After the system was discovered, Isabel Mendes was arrested and the letters were transcribed by the Goa Inquisition and sent to Lisbon. The cipher that some of them exhibited was replaced by alphabetic expressions.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Text: -


[1]
Minha snora Mãy da minha alma
[2]
A virgem Mãy de Ds me mostrou duas vezes, o q despois q aqui estou sempre desejei
[3]
a ella, sabe, q no mesmo tpo andava eu buscãdo modo buscando modo pa o mesmo, e que despois q aqui estou não tive igual consoLação,
[4]
e pareçeme q per via da Snora per outras couzas q me pareçerão da mão de VM e tambem perq como conheçida bem podia ser,
[5]
mas assi he milhor se se não danar per ser quem
[6]
portanto assinea, e digalhe q não faça tão grande fenda no pão senão quanto baste,
[7]
e por mỹ lhe aguardeça a boa obra q nos faz sem perJuizo de ninguem, e q queira Ds q lhe possa aguar-decer.
[8]
perguntelhe per bicho françisco mulado daqui com quẽ eu falei, e o tinha ja careado perq sabe ler, e proprio pa isto perq he de Caza, mas subitamte o deixei de ver,
[9]
Elle me esCreveo q moço perguntava fora per mỹ
[10]
não sei quem ,
[11]
e me deu este aparelho de esCrever, mas não sei o q foi
[12]
veja se pode per algũa via fazer q torne a me esCrever, perq ja não q temer, perq Cuido q hum companheiro q aqui tive Armenio me malsinou a Bras miz e ja estou so e q nos esCrevamos per fio q eu botarei sem falar nada, como elle Ja sabe,
[13]
pode ser q Bastião falava com elle,
[14]
busqueo agora, E amimeo, e peiteo perq me consoLou mto,
[15]
se VM me não ha de fazer outro per entender, q o q tomamos per alivio ha de ser tristeza não o faça,
[16]
e se lhe pareçer bem esCrevame claramte com Leite fresco
[17]
, e eu o Leixei, e pode ver debaixo prato
[18]
E a mỹ façame metter pão hum pedaço de pedru humi cru,
[19]
e o meu Leasse n agoa,
[20]
e sendo brancos são mais seguros,
[21]
e o meu ira dentro no bulle, E não na boca.
[22]
se debaixo prato me vier as vezes hũa folha de papeL pegada com Cera folgarei perq o não tenho, e meu desenfado,
[23]
e não saiba outrem nada disto senão esta moça somte,
[24]
E veja VM que Le E esCreve estes.
[25]
O meu ne-goçio esta milhor do q se pode cuidar polla tardança, a quaL como cuido, perq esperão per informção de mỹ de fora, a quaL sei q he mto boa, e não me achão aLgũa culpa,
[26]
e assi neçesso pa meu bem,
[27]
eu estou mto bem de saude q Ds me daa pa poder com os trabalhos,
[28]
corrẽ mto bem comigo,
[29]
o mais q sinto , o q VM e os q bem me querem podem sentir
[30]
consolensse com a virgem perq nunca Nunca desemparou a quem a chamou de Coração,
[31]
E neste lugar o tenho bem esperimentado, perq Claramte me faz tantas merçes como a sancto sendo o maior peccador q tem o mundo,
[32]
E Creo q he pollas oracõis de VM perq tenho posto nella todas minhas esperanças.
[33]
Ate agora tive hum companhro, mas era taL q o fiz mudar daqui, perq alem de bruto, malsinavame algũas Couzas q fazia faLando com algũ prezo vizinho per passar o tempo, mas não sabe disto q foi mto bom.
[34]
As vezes estou maL disposto.
[35]
E ja estive mto doente, e fui mui bem curado
[36]
so me falta ver sinais de Vsms q sinto mto pello q tudo o q pareçer da mão de VM me alegrara mto de sua saude, e de minha Irmã, a quẽ mando mtos abraços
[37]
folgarei de saber de todos os mais parentes, e conheçidos, E ami-gos se se lembrão de mỹ, e tambem de portugaL,
[38]
E se se foi inquirir de minhas grandes Riquezas, e o q mais poder ser VM como mãỹ parecera mto bem falar com algũs frades de são frco per mỹ prin-çipalmte com frei Anto MaçieL, E com pe q está em bom Jhus q se cham Christovão de Castro q bem me conheçe E grande amigo de Antonico meu sobrinho q me pode mto fa-voreçer perq deputado
[39]
se este for bem pode ser q lhe faça outro em q mais miudamte lhe conte o negoçio pa q me aconselhe en sinaL de ter chegado este
[40]
mandeme algũas rozas vizinhas do posso da nora, e sobretudo me encomendẽ sempre a virgem Ma, e nella confiea mto, perq assi o faço eu,
[41]
E a VM encomẽdo de contino q lhe dee sofrimto pello q faça grande Coração pa tudo

Edit as listText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow view