A presente carta está no processo de inquisição de Diogo Soares, castelhano e mercador na cidade de Goa. Numa visitação promovida pela inquisição de Goa, foi acusado de prática de judaísmo. Na primeira etapa de averiguações, que ocorreu ainda na Índia, defendeu-se com um vasto conjunto de testemunhas e com o facto de ser cristão batizado e fidalgo, com direito a usar armas de família concedido pela Coroa castelhana. Ainda nesta etapa, foram pedidos às confrarias religiosas da cidade de Goa certificados que comprovassem que Diogo Soares e elementos da sua casa eram confrades ou participavam com esmola nas obras destas instituições, servindo para aferir da sua reputação como bons católicos. Esta carta encontra-se anexada a esse conjunto de certificados.
Em 1561, já na prisão em Lisboa, o réu confessou culpas, declarando que durante uma estadia de três anos em Ormuz como feitor das Drogas teve contato com os judeus aí residentes e com a sua doutrina religiosa, tendo cumprido jejuns e celebrado práticas judaicas. Em Janeiro de 1565 foi aceite uma petição sua para voltar com a família para a Índia.