Sentence view 1718. Carta de Ana da Conceição para o marido, Teodoro Pereira da Costa. Author(s)
Ana da Conceição
Addressee(s)
Teodoro Pereira da Costa
Summary
A autora dá ao marido notícias sobre a venda de umas casas suas, sobre a doença de uma criada e sobre como se sente abandonada pelos seus conhecidos, tendo encontrado apoio apenas numa pessoa. Expressa as saudades que ela e o seu filho sentem dele, e o desejo de o ver em breve.
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[1]
Querida prenda dos meus olhos
[2]
Estimarei q estas regras vos ache com perfeita
saude Livre de toda A molestia q vos possa a
flegir q he o que eu mais estimarei
[3]
Ds vos
asista com aquella saude q vos dezejais pa meu
Amparo ;
[4]
recebi duas vossas e dellas fis a estima
cão q vos me meresseis servindo de grande Alivio
em meio de tam dilatadas esperanssas
[5]
En ellas me dizeis me mandaveis hũms lenssos A
minha mãe
[7]
tambem me falais em hũas
coartas de tabaco ,
[8]
huma so recebi estando Inda
vos na Baya
[9]
eu estimey mto por ter A fortuna
de ver prendas vossas
[10]
nesta frota veio or
dem pa se venderem As cazas como se venderão
e pello gosto q tinha nellas as mandei Arematar
e chegarão a des mil e tantos cruzados
[11]
este fa
vor me fes hum compe nosso Jozeph Ribro salvado
o qual he padrinho de Crisma do nosso Anto
[12]
elle he
dessas partes do Reino e nelle tenho Achado huma
vontade tam grande Acompanhada da obra em o de
zejo de vos servir pello q de vos tem ouvido me
dindo o meu dezemparo com a vossa falta q
posso dizer tive em ella nelle parte de hum gran
de Abrigo q Aquelles Amigos q vos ca tinhãs ,
nem huma sede de Agoa delles recebi q despois q
vos fostes desta terra nenhum mais me soube a por
ta porq eu não tinha quem mandasse fazer vesi
tas de grassa
[13]
e só A thomazia he a que athe agora
me tem mandado lavar a minha roupa pello Amor
de Ds pois q foi tal a minha fortuna q fiquei
com Joana toda podre q athe aqui me não tem
feito couza nenhuma por estar cheia de Alporquas
[14]
o prestimo q tem he fazerme dar Dro ao capam do
mato quebrando sempre o regimto das curas
[15]
se
não fora huma negra de meu compe não tinha
Com quem hir ouvir huma missa
[16]
pormita Ds o
trazervos ja A vista dos meus olhos pa meu empa
ro pa sessarem tam dilatadas esperanssas
[17]
por ser cou
za de mim mais dezejada pellos meus pecados
me castiga Ds sostentandome em esperanssa tão per
longada q cada momento me paresse huma eter
nidade fora de vossa vista
[18]
não sei como ja estou vi
va por cauza das mtas penas e doenssas q tenho tido
despois de vossa partida o q em outro tempo em vossa
bao compa tudo hera nada pa mim por ter em vos
todo o Afago e Abrigo
[20]
so pesso
a Ds me satisfassa a minha vontade com a vossa boa
prezenssa e compa
[22]
desta
vossa mto Amte e oBediente espoza q mto vos quer
Athe a morte Anna da Consseicão
[23]
Nosso filho se recomenda em vossas memorias e vos
tem sempre prezente emcomendando todos os dias a
Ds a seu Pay com a mta saudade q tem vossas
[24]
e
lle Anda aprendendo A solva
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