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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0385

1643. Carta de Mateus Peres da Cruz, padre, para António Guedes Souto-Maior, capitão morgado.

Autor(es)

Mateus Peres da Cruz      

Destinatário(s)

António Guedes Sotomaior                        

Resumo

O autor queixa-se ao destinatário das muitas e injustas perseguições de que tem sido alvo, movidas por um capitão-mor.
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Sr Conpadre Anto Guedes Soutto Mayor, Capitão e morguado de Marzuagão, gde deus a vm etca

mto sintindo me parto sen me ser posivel verme pessoalmte con vm mas he força de negoçio pelo q figuo desculpado, pois fui tão pecãtte q fui guanhar onrra e credito tão longe pa tudo vir perder ha esta ingratta pattria onde sou tão persiguido e tão injustamte como ds e todo ho mũndo bẽ sabe, e isto no mais de porq cay da graça de Anto de moraes, per lhe não poder dar ha minha iggra de Zedes e me tem tanto tomado a sua contta, q como he publiquo e notorio con seu poder de capitão mor me veyo afronttar a minha cassa e fazer soada de noitte con suas insignias e motinando todo estte povo, e trasendo mta gentte e soldados Armados e con seus irmãos so a fim de me afrontar e matar o q sen dúvida fizera se ds me não defendera de sua ira e trasendo pa isso con seu poder te has justiças de sua magde q ds gde per mtos annos amẽns e virme çerquar a minha cassa e abalcroarme has portas e maltratarme minha irmãa velha e des-possada, e prẽderme meu sobrinho, e guavãdose per mtas veses e en pco q se ele não viera a minha cassa o não prẽdera nẽ buscara q somte per me afronttar o fazia, e não contente isto me fez tantas injurias como foi mandar me matar per seu irmão joão de mesqta e qdo viu q ds me defendeu, me fez prẽder sen ter ordem de meu prelado nẽ eu ter culpas Alguas e me fez trazer pelas porttas a vergonha a vergonha pelas portas de meus friguesses, vestido de baetta conprida perguntandolhe d escarneo se me querião fiar, e dizendo vm q me fiaria dise q queria a vm pa coussas mayores tudo por fazer sonbaria de min q sou saçerdotte Cristão velho coneguo e Reittor de stas iggras de sua magde e faço meu ofiçio con satisfação sen queixa de ninguẽ e me tem inquietado e desonrrado, e feitto deixar de ofreçer mtos sacriffiçios a ds pelas Almas, e não se contentado destes males persuadiu a po guedes de souza q então servia de juis ordinario, q denunçiasse de mim como fez per seu mandado, e ordeno temerariamte e sen temor de ds dizendo lhe fizera resistençia o q não he tal como ds e todos sabem e contudo a foi jurar e o mesmo capitão mor foi a jurar con seus irmãos e outras mtas pessoas q pa isso convocarão q mais sinto as ofensas q fizerão a ds q todas molestias q me tem causado q são mtas tudo con mao zelo e sen temor do juizo de ds noso sor e não contente disto persuadiu ha hũa Cna de meireles q denũnçiasse de mim pela morte de seu marido gar de mesqta tio deste sr capitão mor da ordenãça q o matou pobre pastor na ora do dia en sua necesaria defensa por lhe comer hũas poucas de cabras, e lhe tomou bestas e o faz q me acuse e me seija parte sen temor de ds e sobre esta causa me fez despois prẽder e guastar mais de tres meses na cadea guastando mtos crusados e perdendo mto de minha iggra tomando con seu poder de capitão mor has bestas pa a pte me hir acusar favorecemdo e fomentando con contas e dinheiros e e omẽs faz muito q o ditto po guedes de souza me acuse e seija parte na resti na resistencia q na verdade lhe não fiz e tanto asin q remordido o dito po guedes de sua consçiençia e temor a ds como Cristão e omrrado q he o não deixa desinstir deste mao prepositto so a fim de me fazer mtos males sen lhos eu mereçer nẽ nunqua lhe aver feito algũ mal nẽ dano, alen disto persuade todos meus parentes q são umildes a q me inquietem e me persiguão en juizo e fora dele e o mesmo fas a toda a pesoa q contra mim quer proçeder, e fes capitulos de min a meus superiores mto feos q não se podião con verdade provar estas e outras mtas exorbitançias me fas e ben feito, e a todos nos afronta e presegue con seu poder de capitão mor, e de Ldo e de morguado e escrivão da Camara con q fas medo a todos e os fas fazer o que quer, e tanto asim q estando, pressa hũa pobre mer innoçentemte q ele fes prẽder q a misericordia livra não ouve nesta terra ofiçial de justiça nẽ pessoa q quisese nẽ se atrevesse a fazer deligeçia pelos mdos do cor da comarqua pa lhe noteficarẽ as ptes e tas pa corer seu livramto q ele per este modo incontra so per ser minha parentta e tamto asim q chegando isto a notiçia da smra dona luisa diguo da Illma Sra dona luisa monis pediu ao Illmo sor fonteiro seu marido mandase por amor de ds fazer estas deligcas e como tão grãdes sres e Cristãos mandarão ao seu ajudante João de feittas cabral fazer esta esta esmola q sen iso não havia remedio agora ja vou a Bragua segunda ves e por guosto deste innimigo guasto minha sustançia e fazenda en poder de justiças q erão bens q eu grãgeava pa secorrer a grã pobreza de meus parentes e proximos tudo este capitão mor ordena con seu poder aRoguancia e soberba fora serviço grãde de ds convertelo a ds por q veja vm sr conpadre en q Brochela ou Ginebra ou en q turquia se podião fazer mores estraguos de saçerdotte Relegioso como eu q so trato de pastar minhas ovelha e pa iso estudo e trabalho o q poso e este omẽ con seus poderes perverte este conçelho todo, e heu me ei de hir lançar aos pez del Ds noso senhor a pedir justiça q fio de seu sto zello, q como defensor, e protector, dos sacerdottes e e de todos me ha de ouvir e favoreçer con justiça tudo lanço nas abas de ds q não tardão seus sanctos Rayos de justiça, este imiguo como ho viço, nele he mto e a idade pouca sen experiençia de trabalhos e quẽ o aconselha mal he logo proçede deste modo, e diz a todos os q de mim dependem q me neguẽ e q me não falem nẽ venhão a cassa sob pena de sua desgraça e con medo dele asin fazem todos veja vm veja aguora sor conpadre como vesinho e freigues onrrado q causas eu dou na minha freguesia e a todos hos omens Altos ou baixos pa me tratarẽ deste modo, entre Cristãos e sobre tudo isto disen q me não ei de queixar e q me ão de tapar a boca tudo isto escrevo a vm per disabafar não per outro respetto, fiado en q vm me guardara segredo, suposto q tudo he tão publico, com isto não canso mais a vm q ds etca

Bragua oje desasette de julho de mil e seisçenttos e corenta e tres as de vm Matheus peres da Crus

dise mais o meu sobrinho, estando a porta da cadea tendoo entreguado en presemça do juiz e dos mais q se me neguase o soltava loguo, como todo poderoso, cousa q q so o Rei noso sor pode fazer de favor


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