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Maarten Janssen, 2014-

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1701. Carta não autógrafa de Maria Solteira, pseudónimo de Maria Ferroa, para o bispo de Coimbra [D. João de Melo].

Author(s)

Maria Ferroa      

Addressee(s)

João de Melo                        

Summary

A autora pede conselhos ao bispo de Coimbra, pois a sua família arranjou-lhe um noivo mas ela não quer casar, uma vez que fez um voto de castidade.
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Succedeo enfermar irmão em quem tinha confiança q tomando estado me serveria de arimo no cazo q meos pais morressem, pa q eu não desfalecesse no meu intento, e assim pedia com instancia na sua doença a Deos q mo livrasse da morte, foi contudo vontade sua levallo pa si com cujo successo se me reprezentou q Deos me não queria neste estado q eu pretendia, e vivi con tão grdes desconsolaçois e desconfianças depois deste successo q considerava não serião minhas obras agradaveis ao mes-mo sor em forma q passou maior parte de anno sem receber a sagra-da comunhão e poucas vezes me confessei, costumandoo fazer ameudo vivi nestes tempos com siquidois graves, e na oração se me reprezentava q Deos me queria em outro estado, e que ficando no de cazada poderia gerar creaturas q sendo religiozas louvassem mto a Deos, e que tambem fi-caria empardda faleçendo meos pais, isto me apertou mais na somana sanc-ta passada e logo deste tempo, ou por me quererem emparar, ou por remirem algũas dividas estes me solecitarão espozo sem pedirme consentimto; o q sabendo eu repugnei, e repugno tomar estado de ca-zada, por entender faço agravo ao melhor spozo, e que não será este o estado em q me aja de salvar, e tambem pello voto q fis e sempre dezejei conservar, sem ter inclinação em tempo algũ ao con-tro não porq eu o merecesse mas porq o spozo Divino me da-va alentos pa vencer o que neste particular se me offrecesse. por outra prte me fas escrupolo a molestia q dou a meos pais e parentes não consentindo no cazamto que tem tratado, o q não recuzo fazer por querer outro spozo temporal, pois o não merecia, e menos as riquezas q me dizem ter, mas pellas cauzas assima referidas E porq não quizera fazer senão o q fosse mais vontade de Deos, e esta me he oculta consulto a V Illma pa q me diga o q devo fazer neste cazo pois o meu confessor me não quer dar nelle dezengano pello temor referido o q pesso a V Illma con toda a sumição e humilde como verdadeiro pai das almas e vigilante Prelado me remedee esta aflicção do spirito ordenando o q mais for servo de Deos, q sendo o como eu quizera ficar no estado do celibato, não me dera dever com q meos pais me lançarão fora de si; sem embo q não quizera deixar de servillos e alimentallos com o meu trabalho contanto q comserve a pureza a qual me parece deficultoza de conservar nestes tempos no estado de cazada, pois não considero no espozo q me querem dar o spirito de sto Henrique marido de s Cunegunda, nem o de S Elzeario, e S Delphina. Pesso a V Illma perdão deste atrevimento


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