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Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1754]. Carta de Brásia Maria, vendedeira, para Lourenço António Espínola, soldado.

SummaryBrásia Maria escreve ao marido a contar o motivo pelo qual não o tem ido visitar e a mostrar-se desesperada com a separação.
Author(s) Brásia Maria
Addressee(s) Lourenço António Espínola            
From S.l.
To S.l.
Context

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Support meia folha não dobrada, escrita em ambos os lados.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor
Archival Reference Livro 305 (Caderno 113)
Folios 176r-v
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Text: -


[1]
Meu querido Lourenso e conSolasão dos meos tristes sentidos
[2]
eu sabe Deos a Ancia e aflisaao q continuamte estou padecendo principalmte na terrivel imaginasão de que me faltas e no rigorozo Cudado de que te concidero auzente
[3]
o maior motivo eu não puder conceguir o que per tantas partes tenho proCurado dar remedio ao meu padecimento pois tanto em proCurar valias como todos os meios posiveis pa que tu não vivas mais tempo auzente de quem sabe sentir o tirano rigro desa rigoroza auzencia e tirana separasão,
[4]
porem espero em Deos pois todo helle se dirige a fim de que eu não padeça nem tu vivas auzente da ma Compa nem separado da ma vista
[5]
tenho hido não huã senão varias vezes a Caza do marquês de abrantes
[6]
nunca tem sido em oCazião que elle me queira falar
[7]
ahindda continuo para ver se de algua oCazião pode cer o bom despaxo q eu espero pois estou em dizer que mais emtereço eu no teu Livramto do que tu propio pois vejo o grande desamparo em que me acho aha huns poucos de dias bem doente e sem embargo diso padesendo por todos os meios e por todos os caminhos o que mto receio pois visto o meu desamparo se me vir que a molestia Continua não terei mais remedio que hir pa o hospital pois ja que não tenho ninguem apelarei para os fieis de Deos;
[8]
e mto mais me ademira ver a desesperasão em que toca o ultimo fim da tua Carta a teres rezolusão de morrer
[9]
e deos não quer a morte do pecador, nem eu tampouco a tua porque te dezo mta vida em ma compa
[10]
e para ma consolasão e alegria Deos te de a liberdade e o mesmo Sr a mim me Conceda a gloria de te ver Com saude mais do que eu não logro que suposto agora não são oCaziãoins de relatar queixas sempre to quera dizer para que saibas o porq ja não tenho hido o que farei em podendo pois nunca me esqueso de ti etc
[11]
desta tua Mulher que mto te adora e venera sentindo a tua auzencia Brazia Maria

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