PT | EN | ES

Menú principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

Visualización por frase

[1620-1629]. Carta de Pedro Dias para o seu primo António Simões, padre.

ResumenO autor pede ao primo, que é padre, que o ajude, uma vez que tem amigos que o podem fazer.
Autor(es) Pedro Dias
Destinatario(s) António Simões            
Desde Portugal, Évora
Para S.l.
Contexto

Este processo diz respeito a Bento Soares, morador na cidade de Beja, cristão-velho, solteiro, carpinteiro de profissão, filho de Brás Magro, também ele cristão-velho e carpinteiro, e de Catarina Soares. O réu foi preso em 6 de Junho de 1628, quando tinha cerca de trinta e dois anos. Um preso de nome Luís Godinho, amigo da família do réu, de trinta e três anos, sapateiro, foi interrogado em 9 de Dezembro de 1622, na casa do despacho, e disse que tinha encontrado Brás Magro numa vinha no Vale de Rosa, com o filho Bento Soares, o irmão João Magro, e o primo António Soares, sapateiro, entre outros. Segundo ele, todos admitiram crer e viver segundo a lei de Moisés, por ser boa para a salvação da alma. António Mendes, preso por culpas de judaísmo a 14 de Dezembro de 1627, aos 23 anos de idade, também confessou que, em certa ocasião, estando ele com Bento Soares, entre outros, declararam todos crer e viver na lei de Moisés, após Simão Álvares ter recebido uma carta de Coimbra e lhes ter dito que não se agastassem porque tinha muito boas-novas de perdão, e que seria dali a seis meses. Bento Soares foi ainda acusado de ter dito que os senhores inquisidores prendiam as pessoas para lhes tomar as fazendas e que, se não fosse isso, não haviam de prender tantos. O réu foi interrogado aos vinte e um dias do mês de Agosto de 1628 e confessou ter dito as palavras de que o acusavam, mas negou fazer as cerimónias próprias dos judeus, dizendo que sempre acreditou e viveu na fé cristã. Afirmou também que apenas proferiu essas palavras por lhe terem saído da boca, mas que foi falta de juízo. O pai do réu também escreveu à Inquisição a dizer que o filho não era perfeito do juízo. O réu foi posteriormente libertado, sendo ilibado das culpas de judaísmo por ter provado que era cristão-velho e se presumir que as testemunhas tinham jurado em falso. Algumas destas foram até presas por causa desse falso testemunho. Mais tarde, pouco depois da sua soltura, Bento Soares seria acusado de transportar, escondidas no cós dos calções, três cartas de presos da Inquisição para os seus familiares. Esses presos, autores das cartas aqui transcritas, eram Pedro Dias, Álvaro Gil e Tomé Lobo, seus companheiros de cela. Bento Soares não sabia ler e, por isso, não sabia o que continham as cartas, alegando que pensava não estar a cometer culpa alguma em as transportar. Pouco depois, em 9 de Junho de 1629, Bento Soares foi novamente solto, tendo apenas sido avisado de que devia manter segredo de tudo o que vira e soubera durante o cárcere e que devia comportar-se como bom católico, sob pena de ser castigado muito rigorosamente.

Soporte papel parecido com o papel reciclado, de tom mais escuro e danificado sobretudo junto às costuras
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Évora
Referencia archivística Processo 1751
Folios [20cr, v]
Transcripción Leonor Tavares
Revisión principal Rita Marquilhas
Normalización Sandra Antunes
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2009

Texto: -


[1]
Snor
[2]
primo
[3]
ja vm sabera da minha prizão
[4]
heu menza em vimdo loguo a estes snors e respomderão me
[5]
como lhe não falei a vomtade respomderãome que devaguar estava por dizer que hera muito bom cristão e que nũqua fora menos deisto que me mãodasem suas snors tirar abenasão de minha pesoa
[6]
mãodarãome que me fose embora
[7]
estou acompanhado por omen deste casere que ha anos que aqui esta
[8]
quãoto mais afervorado me virem que amtão me ão de ter mais tempo
[9]
que não bolise comiguo
[10]
que me fizese morto
[11]
que amtes de fora avemdo quem requerese hera milhor
[12]
vm me fasa m de maõdar dizer ao padre manoel valemte que escreva huã carta ao padre frei pedro ao mosteiro da roza pa que se puder vir qua venha e ele tãobem com ele e vm e amtre todos tratarem no que lhe pareser bem e apriquar iso e meter pidreiros pa que se fasa deliguemsia na benasão
[13]
e quãodo não quãoto heu ja faso comta que mori e asim faso voto de murer pela fe de cristo quãodo não tiver outro remedio mas como quem he
[14]
vm me fasa m de por sua parte meter o resto quãoto puder
[15]
paresemdo a vm bem de mãodar novas minhas a izabel de pina fasáo
[16]
se lhe pareser bem o fasa que quãoto he faso comta qu estotou emterado
[17]
a minhas primas meus recados
[18]
e me eemcomendem a des em suas orasomis
[19]
ades nos guarde destes trabalhos
[20]
não quero emfadar mais a vm porque sei que nestas oucaziomis pois comsiste a omra de huã guerasão toda por omde vm pois tem amiguos que nos podem favoreser
[21]
bom sera meter o resto nesta oucazião
[22]
do que peso a des em minhas orasomis he que não venha de la mais alguem da nosa guerasão que quem deu em min tãobem podia dar em mais
[23]
que quãoto de min ja não tenhu mais que dizer senão qu estou sepultado
[24]
não tenhu mais que dizer pois isto compete a todos
[25]
guarde des a todos como pode
[26]
de seu primo pedro dias
[27]
se mateus hi vier mostrelhe vm esta lembrãosa
[28]
do pumar de manoel castanho a de paguar dioguo frz qu esta nele seissemtos res
[29]
o peguado de duzemtos rés
[30]
do pumar de manoel freire do guafanhão a de de paguar quem o tras qu he

Edit as listText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSyntactic annotation