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1656. Carta de Dom Álvaro Manuel de Noronha, Senhor de Tancos, Asseiceira e Águias, para destinatário não identificado.
Autor(es)
D. Álvaro Manuel de Noronha
Destinatário(s)
Anónimo378
Resumo
O autor pede vários favores ao destinatário, para si e para terceiros, e queixa-se da sua vida no exílio.
Texto: -
[1]
Duas resebi de vm huma por via de fransico
velho e otra nesta posta q não sei donde este
ve metida tanto tenpo a q veo pela via do
padre da conpanhia porq anbans me man
dou o porta letra.
[2]
esta desta posta me de
xa ben mortificado pois não poso falar
con vm q por carta não se fia tudo
[3]
logo
resgei a q vm me mandou pelo risco de
a perder,
[4]
eu fico escrevendo devagar
a meu cunhado e enviarei as cartas a vm
pera lhas enviar.
[5]
estimara eu mto q ca
millo capeli se for q fale com aquela
gente do rosio quando estiveren todos
juntos com huma pitisam q alixandre
pascali a mto tenpo q anda por estas
partes e esta doente e con toses lhe pe
de lisensa pera se poder ir,
[6]
este he o
prinsipal negosio q se pode la fazer ho
q lhe limitem tenpo porq seu cunhado
não lhe manda con q se posa sustentar, ho o
brigem o dito cunhado lhe mande sen escu
dos de ouro pera cada mes mas sera melhor
aver orden pera se ir
[7]
isto he tocante ao ne
gosio.
[8]
do q padeso agora darei conta a vm
como maior amigo q tenho e senpre dezejei servir lo
[9]
pela carta q lhe mandei tradozise entedera
o como esta este omen rexeluto
[10]
e nesta posta
tive huma pior
[11]
e a minha gente me aviza de
veneza o mal q lhe acode e q padese
[12]
e creo q
de desgosto me moreo a minha negra q com
tanto gosto a mandei buscar do q estou ben
sentido
[13]
a pa q o disgosto me não mate a mi
e me não saia de ancona como me sai, ja de rroma
se bem este mercante ainda este mes me pa
gou
[15]
se vm achar pe
soa nesa parte que me enpreste seissentos es
cudos farei procurasam a camillo capeli pe
ra me vender sen mil reis de juro en portu
gal
[16]
e não se canse vm en traduzir a carta q en
man propia se pode dar dizendo o q ei pasado
e o q me a sosedido
[17]
esa carta me fasa vm m
de a dar ao snor enbaxador e se me responder
vm me mande a resposta a ancona sen nome
[18]
suposto D baltezar se fora nesta enbarca
cam q esta a carga en liorne se tivera orden
de o poder mandar mas não ten dinheiro pe
ra q posa fazer corentia, e enbarcarse
[19]
vm
me de algumas novas porq se dis q he levantado
o reino de aregam
[20]
e desa caria tanben como esta
da peste q serto q não podia vir en pior tenpo
[21]
Des a queira livrar e dar a vm mta saude
[22]
eu fico
com ela pera o serviso de vm e lhe peso me não fal
te com novas suas q so elas me aliviam e as creio
[23]
e creame vm q dispois q estou neste lugar não paso
hun dia alegre cudando o q me pudia fazer este o
me en rroma o faltarme con as mezadas como oje
me ameasa
[24]
serto tinha o morer de paxam
[25]
e asi vm
me disculpe com o snor enbaxador e lhe so me fique
meu dezejo
[26]
e deste lugar me partirei como en
veneza deren pratica porq me não meto a fa
zer viazem
[27]
porq não me bastea o animo estar
corenta dias en lazareto porq de malenconia
morerei
[28]
vm escreva ao framengo como
quen lhe da por nova e lhe diga q o noso enbaxador
enformado q cazava eu en veneza me mandara
notificar q não cazase fora do reino sen orden
d el rei e dentro en dois anos me fose a portugal
[29]
se isto não prejodicar a vm peso o fasa porq
me serve de grande otilidade
[31]
ancona 20 de agosto de 656
[34]
Clo. de vm
D Alvaro Mel
de nra
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