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Maarten Janssen, 2014-

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1556. Carta de Rodrigo de Freitas, escrivão da coroa em Salvador da Bahia, para Leonor de Vada, uma sua familiar que tratava por mãe.

Author(s)

Rodrigo de Freitas      

Addressee(s)

Leonor de Vada                        

Summary

O autor dá instruções à destinatária para ela o poder ajudar bem num processo judicial que lhe foi movido a ele. Faz-lhe também recomendações em relação à viagem que ela vai fazer, do Brasil para Portugal.

Text: -


[1]
Snora may
[2]
Em sua bemção nos ẽcomẽdamos eu e maria d argolho
[3]
e te saberemos que sua viagẽ foy boa como temos cõfiamca nosso snor q seria não podemos estar comtemtes
[4]
ate o natal temos esperamca q vira vm ẽbora mta saude e boas novas
[5]
as de nos são ficaremos com estes desejos tamanhos q cada dia nos pareçe anno
[6]
e se souberamos q tamta saudade e mỹgoa nos avia de fazer não a deyxaramos ir
[7]
porem tudo omẽ a de vemturar e sofrer por salvar a alma e a homra
[8]
e como quer q vm teve sempre mays comta com estas cousas q com outros pasatempos e descamsos falsos q o mũdo promete e não tem pa os poder dar julgou de fazer esta jornada po mostrar nesta tra a vtude e homra q tem e sempre usou
[9]
e alem disto po me obrar mays e mostrar q fazia po mỹ o q não fez e a mynha may carnal
[10]
plo q alem das outs obrigacões acrecemtou est outa q eu nũca poderey Svir
[11]
mas prazera a nosso sor q a trara cede como desejam e me dara syso graça e forças pa a servir e descamsar com a obediemçia e amor q tenho
[12]
p tamtas Rezões devo
[13]
e não me chege ds a tempo q faça outa cousa.
[14]
has cousas q vm levou por lembrança
[15]
he escusado lebrar lhas porq sey quãto cuydado levou e tera delas e quãto a de precurar plas aviar o mylhor e mays breve q ser puder poys tamto cumpre a sua e mynha homra
[16]
e poq as cousas q omẽ mto deseja sempre tem Receo de as alcamcar
[17]
Asy estou eu sempre imãginãdo e Revolvemdo myl cousas na famtesia
[18]
e hũa delas he aRecear q asy como o ouvyor he manhoso e me prendeo sẽ Rezão e se teme q a ida de vm me fara sua A justa e merçe e pa baralhar este negoçio deu a mynha apelação A frco fragos seu grãde amygo e tem qua a seu fo sua casa q lhe deyxou o fragoso e aReceo eu q amdamdo vm requerimto sua A q mãde ẽtregar os papes de mynha prisão a letrado q os veja bem e faça justa
[19]
o fragoso p outa pte apresẽte da apelação na Rolação e a faça despachar brevemte sẽ o vm sabr pa aRezoar e ajũtar os estromtos e papes q levou poq se temẽ eles qua mto deses papes
[20]
e quãdo vm acudir o negoçio sera ja despachado e não aproveitaram os papes q levou
[21]
e porq o ovyor não quys dar a mynha apelação a sebastião fra q levou as outas q daquy forõ ele pa certa e qua mor e vay po pdor desta cidade
[22]
nẽ a outas pas de quaa q a levarão a bõo Recado
[23]
e devia ao fragoso q não se so deyxou seu fo casa do ouvyor e temo me q ordene la alguã ẽburulhada.
[24]
plo q dou este aviso a vm
[25]
e se for caso q isto se fezese asy fale vm seu pdr e ele achara q eu fuy citado pa aparecer na Rolação despoys da chegada da nao a xb dias
[26]
e dentro neste tempo não se podia despachar a apelação
[27]
e ainda tres dias de cortes
[28]
e se se despachou amtes deles serem pasados sẽ o vm sabr foy sanaticiamte
[29]
e tem ẽbargos pa se tornar a despachar e dar vta ao pdr de vm e ele aRezoara e ajũtara os papes q levou,
[30]
e se pvemtura alguẽ dise ao escrivão ou aos desẽbargadores q despacharõ o feyto q hera meu Requeremte e não qria aver vta nẽ aRezoar senão q logo fose comcruso e se despachase, dira vm de tal não soube pte e foy falsydade e malicia
[31]
e Requerer q se sayba quem dise tal e o castigẽ poq ela não foy do brasyl a outa cousa senão a esse negocio e a furto
[32]
lla falsamte fezerõ despachar po ela não Requerer sua justa e apresemtar seus papes po ẽcobrirem as maldades e malicias de mynha prisão
[33]
e fara de tudo queyxume a suas Altezas pedimdo lhe q mãdem despachar este negocio po hũa pa a que ẽcomedem mto q faça justa imteyramte
[34]
e mostrara esta carta Ao sor Ldo Ruy Glz ou a quem for seu pdr p aRequererem o q for justa e comprir
[35]
e sse p vemtura acõtecer o q digo
[36]
e sobre yso faram de manra q se torne a ver o feyto de novo e se ajũtem os papes q levou e se faça imteyramte justa e castygẽ as malicias,
[37]
e poq vm hia ja avisada dalguã cousa destas tenho cõfiamça q não se pasara tal cousa
[38]
E porq como dizem o asno desobado de lomge avemta as pegas e o gato escaldado d agoa frya a medo asy areceo la q me ordenẽ estes snores outas malicias pa me ẽbaraçar de novo plo q fiz
[39]
hũa lembramça q esta sera dada a vm pa a mostrar ao seu precurador e p ela fara hũa petição pa me sua A pasar hũa provysão pa me não ẽbaracarem
[40]
po outa cousa sua tem ordenaca cõta mỹ plos casos que digo na lembramça
[41]
esta petição me parece q sera dar se a sua A despoys q vm for despachada dos outos negocios pa q este lhe faça impedimto
[42]
e pareçeme seria dar esta petição aqla snora apostola ou beata q a despache sua A ou o sor bpo a dara po nos fazer merce e a despachara
[43]
digo isto po vm não amdar tãtos Requerimemtos e polos não estrovar est outro,
[44]
E mostrara esta lembramça ao snor tome de sousa e ao sor amdre soarez e ao snor bpo e ao sor amtonyo cardoso e a quem mays quyser pa eles saberem as malicias e o q se pasa,
[45]
tambem a mostra ao sor Bras frz e ele por me fazer merce praticara sobre ela nos cõtos e se comprir trara algũas certidões do q se usa semelhãtes casos pa se ajumtar a petição q se fezer a sua A e pa me vm trazer outa pa qua se me for nesesaria pa sabr o q me cumpre pa q me não embaracem malícias e lhes eu não posa mostrar suas cousas de q espero q ds e sua A daram castygo e galardão a quem o mereçer
[46]
E quãdo me suas altezas não fezerem A mercê e homra q espero e me derem satysfação de meus sviços e dos males q po yso me fezerom Requerera vm q me dem Lca pa vemder este ofiçio e hyremos viver a outa pte
[47]
E peço lhe mto po merçe q se trate bem e coma e beba e leve boa vida
[48]
e não cure de trazer nada senão vir mto gorda e bem desposta q isto desejo mays q tudo q o mays ds o dara e como e quãdo for svido,
[49]
Eu torno escrever A João de guiomaraes q dee a vm o dro dos xxx bij ara d algodão q vemdeo a bij c Lta rs ara
[50]
aRecadardeo vm e cure bem de sy e perdoeme po lhe não dar nada q não ouve navio q pudese ir poq os q vãovão fechadas e caregadas po seus donos e não querem q outrem meta nada e porq cõfio q João de guiomaraes dara a vm o q fez do algodão
[51]
comprir e lhe parecer necesario cõfio q o snor João Roiz pecanha lhe dara Lta cruzados ou o q lhe for necesario
[52]
fiquo cõsolado parecẽdome q lhe não faltara pa sua despesa
[53]
e outa vez torno dezer q não cure de outa cousa senão dee se tratar bem e virse o mays cedo q ser poder
[54]
e eu prometo de svir as pas a q devemos pa o ano dobrado poys agora não pode ser
[55]
eu e ma dargolho nos ẽcomendamos sua bemção
[56]
e porq nos diserõ q avia de partir vella e em setembro navios pa os Ilheos parecenos q vira vm neles e q p vemtura sera Ja partida quamdo la chegar este navio
[57]
e po yso tambem me não deu muyto de não mãdar nada nele por ir tam tarde e ser tam pequeno,
[58]
aquy aRibou hũa nao q hia pa a Imdia e vayse nela padre alvo amtunez q hera conego na see desta cidade e fica vaga sua conesya
[59]
fale vm nela ao snor bpo e peca lha pa seu sobrinho frco d argolho q Ja tem ydade e saber pa yso e sera ajuda pa criar e sostemtar seus irmãos,
[60]
e sua s folgara de lha dar e suas altezas tambem
[61]
ficamos Rogamdo a noso snor q a traga cedo e a salvamto
[62]
desta cidade de salvador aos dez dias do mes de Agosto de 1556
[63]
seu obidiemte fo Ro freitas

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