Sentence view 1556. Carta de Rodrigo de Freitas, escrivão da coroa em Salvador da Bahia, para Leonor de Vada, uma sua familiar que tratava por mãe. Author(s)
Rodrigo de Freitas
Addressee(s)
Leonor de Vada
Summary
O autor dá instruções à destinatária para ela o poder ajudar bem num processo judicial que lhe foi movido a ele. Faz-lhe também recomendações em relação à viagem que ela vai fazer, do Brasil para Portugal.
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[2]
Em sua bemção nos ẽcomẽdamos eu e maria d argolho
[3]
e te
saberemos que sua viagẽ foy boa como temos cõfiamca
ẽ nosso snor q seria não podemos estar comtemtes
[4]
ate o na
tal temos esperamca q vira vm ẽbora cõ mta saude
e boas novas
[5]
as de nos são ficaremos com estes de
sejos tamanhos q cada dia nos pareçe hũ anno
[6]
e se sou
beramos q tamta saudade e mỹgoa nos avia de fazer
não a deyxaramos ir
[7]
porem tudo omẽ a de vemturar
e sofrer por salvar a alma e a homra
[8]
e como quer
q vm teve sempre mays comta com estas cousas
q com outros pasatempos e descamsos falsos
q o mũdo promete e não tem pa os poder dar jul
gou de fazer esta jornada po mostrar nesta tra a
vtude e homra q tem e sempre usou
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e alem disto
po me obrar mays e mostrar q fazia po mỹ o q não fez e
a mynha may carnal
[10]
plo q alem das outs obrigacões
acrecemtou est outa q eu nũca poderey Svir
[11]
mas
prazera a nosso sor q a trara cede como desejam
e me dara syso graça e forças pa a servir e des
camsar com a obediemçia e amor q tenho
[13]
e não me chege ds
a tempo q faça outa cousa .
[14]
has cousas q vm levou por lembrança
[15]
he escusado le
brar lhas porq sey quãto cuydado levou e tera delas
e quãto a de precurar plas aviar o mylhor e mays
breve q ser puder poys tamto cumpre a sua e
mynha homra
[16]
e poq as cousas q omẽ mto deseja sempre
tem Receo de as alcamcar
[17]
Asy estou eu sempre imã
ginãdo e Revolvemdo myl cousas na famtesia
[18]
e
hũa delas he aRecear q asy como o ouvyor he manhoso
e me prendeo sẽ Rezão e se teme q cõ a ida de vm
me fara sua A justa e merçe e pa baralhar este
negoçio deu a mynha apelação A frco fragos seu grãde a
mygo e tem qua a hũ seu fo ẽ sua casa q lhe deyxou o fra
goso e aReceo eu q amdamdo vm ẽ requerimto cõ sua
A q mãde ẽtregar os papes de mynha prisão a hũ letrado
q os veja bem e faça justa
[19]
o fragoso p outa pte apresẽte
da apelação na Rolação e a faça despachar brevemte
sẽ o vm sabr pa aRezoar e ajũtar os estromtos e papes
q levou poq se temẽ eles qua mto deses papes
[20]
e quãdo vm
acudir o negoçio sera ja despachado e não aproveita
ram os papes q levou
[21]
e porq o ovyor não quys dar a mynha
apelação a sebastião fra q levou as outas q daquy forõ ele
pa certa e qua mor e vay po pdor desta cidade
[22]
nẽ a outas pas
de quaa q a levarão a bõo Recado
[23]
e devia ao fragoso q não se
so deyxou seu fo ẽ casa do ouvyor e temo me q ordene la
alguã ẽburulhada .
[24]
plo q dou este aviso a vm
[25]
e se for caso q isto se fezese asy
fale vm cõ seu pdr e ele achara q eu fuy citado pa a
parecer na Rolação despoys da chegada da nao a xb dias
[26]
e dentro neste tempo não se podia despachar a ape
lação
[27]
e ainda tres dias de cortes
[28]
e se se despachou
amtes deles serem pasados sẽ o vm sabr foy sanati
ciamte
[29]
e tem ẽbargos pa se tornar a despachar
e dar vta ao pdr de vm e ele aRezoara e ajũtara
os papes q levou ,
[30]
e se pvemtura alguẽ dise ao escri
vão ou aos desẽbargadores q despacharõ o feyto q hera meu
Requeremte e não qria aver vta nẽ aRezoar senão q
logo fose comcruso e se despachase , dira vm
de tal não soube pte e foy falsydade e malicia
[31]
e Re
querer q se sayba quem dise tal e o castigẽ poq ela
não foy do brasyl a outa cousa senão a esse negocio e
a furto
[32]
lla falsamte fezerõ despachar po ela não
Requerer sua justa e apresemtar seus papes po ẽco
brirem as maldades e malicias de mynha prisão
[33]
e fara de tudo queyxume a suas Altezas pedimdo
lhe q mãdem despachar este negocio po hũa pa a que
ẽcomedem mto q faça justa imteyramte
[34]
e mostrara
esta carta Ao sor Ldo Ruy Glz ou a quem for seu pdr p a
Requererem o q for justa e comprir
[35]
e sse p vemtura acõ
tecer o q digo
[36]
e sobre yso faram de manra q se tor
ne a ver o feyto de novo e se ajũtem os papes q levou e
se faça imteyramte justa e castygẽ as malicias ,
[37]
e po
q vm hia ja avisada dalguã cousa destas tenho cõfiamça
q não se pasara tal cousa
[38]
E porq como dizem o asno desobado de lomge avemta as pegas
e o gato escaldado d agoa frya a medo asy areceo la q me or
denẽ estes snores outas malicias pa me ẽbaraçar de no
vo plo q fiz
[39]
hũa lembramça q cõ esta sera dada a vm pa a
mostrar ao seu precurador e p ela fara hũa petição pa
me sua A pasar hũa provysão pa me não ẽbaracarem
[40]
po outa cousa sua tem ordenaca cõta mỹ plos casos que
digo na lembramça
[41]
esta petição me parece q sera bõ dar
se a sua A despoys q vm for despachada dos outos ne
gocios pa q este lhe nõ faça impedimto
[42]
e pareçeme
seria bõ dar esta petição aqla snora apostola ou beata
q a despache cõ sua A ou o sor bpo a dara po nos fazer merce
e a despachara
[43]
digo isto po vm não amdar cõ tãtos Re
querimemtos e polos não estrovar cõ est outro ,
[44]
E mostrara
esta lembramça ao snor tome de sousa e ao sor amdre soa
rez e ao snor bpo e ao sor amtonyo cardoso e a quem mays quyser pa eles saberem
as malicias e o q se pasa ,
[45]
tambem a mostra ao sor Bras frz
e ele por me fazer merce praticara sobre ela nos cõtos e se
comprir trara algũas certidões do q se usa ẽ semelhã
tes casos pa se ajumtar a petição q se fezer a sua A e pa
me vm trazer outa pa qua se me for nesesaria pa
sabr o q me cumpre pa q me não embaracem cõ malícias
e lhes eu não posa mostrar suas cousas de q espero q ds e sua
A daram castygo e galardão a quem o mereçer
[46]
E quãdo me suas altezas não fezerem A mercê e homra q espero
e me derem satysfação de meus sviços e dos males q po yso
me fezerom Requerera vm q me dem Lca pa vemder este
ofiçio e hyremos viver a outa pte
[47]
E peço lhe mto po merçe q se trate bem e coma e beba e leve
boa vida
[48]
e não cure de trazer nada senão vir mto gorda
e bem desposta q isto desejo mays q tudo q o mays ds o da
ra e como e quãdo for svido ,
[49]
Eu torno escrever A João de guiomaraes q dee a vm o dro
dos xxx bij ara d algodão q vemdeo a bij c Lta rs ara
[50]
aRe
cadardeo vm e cure bem de sy e perdoeme po lhe não mã
dar nada q não ouve navio ẽ q pudese ir poq os q vão vão
fechadas e caregadas po seus donos e não querem q outrem me
ta nada e porq cõfio q João de guiomaraes dara a vm
o q fez do algodão
[51]
comprir e lhe parecer necesa
rio cõfio q o snor João Roiz pecanha lhe dara Lta
cruzados ou o q lhe for necesario
[52]
fiquo cõsolado
parecẽdome q lhe não faltara pa sua despesa
[53]
e outa vez torno dezer q não cure de outa cousa senão
dee se tratar bem e virse o mays cedo q ser poder
[54]
e eu prometo de svir as pas a q devemos pa o ano
dobrado poys agora não pode ser
[55]
eu e ma dargolho
nos ẽcomendamos ẽ sua bemção
[56]
e porq nos diserõ q avia
de partir vella e em setembro navios pa os Ilheos pa
recenos q vira vm neles e q p vemtura sera Ja
partida quamdo la chegar este navio
[57]
e po yso tam
bem me não deu muyto de não mãdar nada nele por
ir tam tarde e ser tam pequeno ,
[58]
aquy aRibou hũa nao q hia pa a Imdia e vayse nela
hũ padre alvo amtunez q hera conego na see desta ci
dade e fica vaga sua conesya
[59]
fale vm nela
ao snor bpo e peca lha pa seu sobrinho frco d argolho
q Ja tem ydade e saber pa yso e sera ajuda pa criar
e sostemtar seus irmãos ,
[60]
e sua s folgara de lha dar
e suas altezas tambem
[61]
ficamos Rogamdo a noso
snor q a traga cedo e a salvamto
[62]
desta cidade de sal
vador aos dez dias do mes de Agosto de 1556
[63]
seu obidiemte fo
Ro freitas
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