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Maarten Janssen, 2014-

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1571. Carta de Fernão Rodrigues de Trancoso para o Inquisidor de Lisboa.

Author(s)

Fernão Rodrigues de Trancoso      

Addressee(s)

Inquisidores Santo Ofício                        

Summary

O autor denuncia um homem judeu que no momento reside em Lisboa.

Text: -


[1]
sñor
[2]
mtos ção os respeitos q me insintão a screV esta a v m
[3]
o Pimro e çeos de . descargo d alma. castigar aos maos. dar emxempro aos otros
[4]
po derradeiro cortar o caminho a quem tem vontade de obrar tão ma obra como a que nesta direy a vm se faz nese reino cauzadas de pas q quẽ o não vira e tocara mão o não crera.
[5]
E poq spero os tais averão de v m o castigo como a quem e dado este cargo.
[6]
a my não toca otro q dizelo a v m o qual cudey de retificalo a boca.
[7]
o q po meus pecados não pode S po mtas mas endespoçições em my achadas cauzadas de mtos trabalhos e fadigas como nesta direy
[8]
e Pimro lhe direy meu ser.
[9]
eu sõr são de tramcozo do qual me party sendo moço piqueno orfão de pay e may e de parentes.
[10]
fuime a viver a arronches no qual passey parte de minha vida
[11]
despois veiome a võtade de ir a castella e parecendome bem a vida Religioza me fiz frade dos çocolantes no reino de murcia damdome as lras
[12]
comtenuamdo em minha vida fiz votto de ir a geruzalem em companhia de otro padre
[13]
avera tres anos q sahi de espanha
[14]
querendonos tornar ja pa a ditta avendo estado em geruzalem ano e dias achamos a jornada deficil po cauza das gerras q ay emtre o gramturco e venezeanos.
[15]
determinamos fazer o retorno po terra ate Raguza em companhia de judeus dos quais avemos çido não mal tratados
[16]
basta q po seu amparo viemos a raguza na qual pudemos dizer seremos cristãos po a ditta terra S de cristãos como vm sabera, da qual a Pimra passagem passamos a veneza na qual me foy necessario estar 6 meses po me morrer meu companheiro e passar eu mtas doenças.
[17]
nesta terra achey mtos cristãos novos quais po eu não conheser determiney fazerme tãobem eu cristão novo po V o q passava emtre eles/
[18]
poq o abito de frade o avia deixado em geruzalem asim q tornando a meu dizer S cristão novo lhes dizia não me podia po judeu poq tinha em portugal mulher e fos pelos quais P estes avia de ja atrazelos. escuzandome não queria comer en suas cazas po respeito de meu Cpanheiro. o qual aimda a este tempo era vivo.
[19]
asim q comtinuando esta Patica dia vejo vir judeu o qual vinha de lisboa e trazia cõsigo duas cazadas pelas quais Pegumtey e me dixerão vinhão do fundão
[20]
este judeu q trazia esta jente era morador salonique vindo desa lisboa averia 10 anos e despois q se fez judeu veio a pobreza.
[21]
e po ganhar foy ate o fundão e meteo en cabeça a estes q agora vierão se viessem a fazer judeus e isto tamto po o do ganhar como po trazelos a sua ley
[22]
se eu fiquey espantado deixo cudar a vm em ver tal coração de diabo.
[23]
não cristão fazerse judeu e despois yr judeu a portugal a fazer tal feito de estes ay mil.
[24]
não passarão dez dias me mando chamar hũa judia rogandome pois eu queria ir a essa lisboa q lhe fizese tamta m e esmolla q como fosse a lisboa fosse buscar a antonio Rodrigues fo de breitis rodrigez alfaiaty qual era seu marido.
[25]
avia perto de 7 anos q se avia feito judeu e se puz po nome juda barrocas qual feito judeu se cazou esta judia qual se chama mira chavarolla se foy ella a salonique onde estiverão ano e meio e avendo gastado o q lhe derão en Cazamto se torno a esta veneza da qual se partiu pa esa lisboa avera quatro anos dizendo a mulher queria ir po sua may e mais trazer seus parentes Ricos os quais o q avião de dar a otrem o darião a ele
[26]
parece q o galanty não acho a may nem aos parentes de seu Perposito. os que segundo manda dizer ditto juda barrocas antes antonio rodriges a mulher querem S bõns cristãos e não querem vir a estas bandas.
[27]
pelo q vendo ele não lhe sair a couza a seu modo mando dizer a mulher que queria e determinava não avia de sair de portugal pobre pelo q determinava de por hũa tenda de alfaiaty e neste meio quicais sua may e parentes se mudarião de Perposito.
[28]
e entretamto elle não faria senão ganhar e guardar.
[29]
Preguntey a ditta mulher me dese çinais de seu marido
[30]
me dixe ser mancebo bramco de barba loura q tira a ruiva olhos Vdes de bom corpo o qual avia avido duas fas della quais ãtes q o do se fosse avião falecido
[31]
agora tinha hũa criatura avendo ficada Penhe delle.
[32]
dizemdome mais esta mulher como o marido mora nas fangas de farinha o qual estava apartado da may ditta breitis rodrigez e de yrmão do ditto poq não querião fazer vida elle po ser judeu/
[33]
todos estes sinais me deu rogandome como quem Roga a ds o fizese vir e me deu a q esta vay pa o marido a qual me rogo screvese eu/
[34]
bem cudey sõr meu de fazer esta Patica a boca e acharme eu a queimar este cão.
[35]
mais po meus peccados não posso q minha doença e tal não sou sõr de dar dois pasos
[36]
esta mando a v m po mão do sõr Dom gioam tello de menezes embaxador d el Rey de portugal noso sõr ao qual peço po m Pdoe pelo atrevimto meu em lhe sreV rogandolhe mais faça por o sobrescritto pa v m poq eu não sey seu nome
[37]
esta e feita em milão da qual me parto pa os banhos de padoa e queira ds seja pa me dar saude e me leve a terras onde dezejo/
[38]
nesta não direy o teo somte rogar ao sr ds aCresenty a vida a v m pa amparo e sustento da Cta enquizição/
[39]
feita em milão aos 14 maio 1571
[40]
Svidor de vm fernão rodriguez de tramcozo

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