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1567. Carta de Francisco Dias Mendes para Nuno Dias, seu irmão.
Author(s)
Francisco Dias Mendes
Addressee(s)
Nuno Dias
Summary
O autor queixa-se do comportamento de Heitor Mendes, seu filho. Em anexo (fls. 64v a 68v), o autor apresenta um rol de contas.
Text: -
[2]
p mel luis Receby hũa de vm domïguo do esprto santo cõ q
muito follgey na parte ẽ q diz estar ẽ milhor dispusycão
do q esteve os dias pasados
[3]
noso sor prmita lhe dar mta pãz
e saude p larguos anos a seu sãto servico e a quẽ lhe bẽ quer
[4]
e do carguo q vm teve de falar a pa q Releva lhe tenho
ẽ mce
[5]
ds lhe dara o premio diso
[7]
praza a ds se faca tudo bẽ pa se fazer seu sãto servico
[8]
quãto a Rẽda de Ranhados pois não tornou o dro ẽ tpo parece
q nao he Rezão allargarlha agora
[9]
podelhe dizer q ma
tẽ trespasado e q nã pode niso faz nada
[10]
e ao q parece esta
boa este anno segdo dizẽ
[11]
ffolgey de vm vẽder a pymẽta
[12]
e o mesmo faca as duas saqas
q estão p vender pq aReceava abayxar mto como fez o cravo
e canella
[13]
e de po pardo darm a cõta
[14]
me pesa se vm poder
falar cõ elle e dizerlhe niso seu parecer
[15]
pode ser q se aproveyta
ria mto pq meu fo nã se avia d agastar mto p faz meu pro
veito
[16]
e eu o dise asy a vm la p vezes
[17]
quanto ao q vm diz q minha molher se veyo merẽcoria de seu so
brynho meu fo sẽ causa nẽ Rezão e q a ora da partida
lhe levou o moco estãdo de Janro p qua asoldadado cõ elle
diguo q ds me livre de falsos testemunhos e de maa
gẽte pq he a maior bullRa e fallsydade q se podia dizer
[18]
pq eu sey a vdade e nũca me desdigo de coysa q
der palavra aJnda q Inporte toda minha fazda mayrmte
ẽ hũ casotão pequeno
[19]
a vdade lhe direi do q pasa
[20]
meu fo e
seu sobrynho se fũdou ẽ bida herdar toda minha fazda
se podera
[21]
e não ficou p elle pq bẽ se ẽtregou della de
poder asoluto dizẽdo q pois q o eu casara q lhe avia de v
o q pdia
[22]
e q não quiria Ir a lyxa parecẽdolhe q eu ficava
menos cabado de minha omRa e palavra do q tynha asẽtado
cõ vm não olhãdo elle a mce q lhe ds niso fez
[23]
e se pos
a fazer cartas como que se querya Ir p este mũdo e q não
quiria casar e eu cuidãdo q poderia aquillo ser vdade
[24]
como
os pais somos mais amigos dos fos q eles nosos eu e minha
molher e fos o tyramos diso de modo q veio a dizer q lhe
avia de dar a ẽprega q tinha fco ẽ bizcaia e q lhe sera
necesario tornar la a Recadalla ou lhe ẽprestase o moco
q lhe fose Recadar e negociar
[25]
e eu p o cõprazer e
tirar da mallycya e eRo ẽ q estava nã cuidãdo q hera a
fym de tomar tudo pa sy lho ẽprestey parecẽdome
q nã averya no mũdo fo tã pvso e mau q se levãtase
[26]
cõtudo e ẽ vez diso ẽmẽdar e conheçer seu pecado falsa
mte diz cõtra o pay e may tão grãde mïtira dizẽdo q eu lhe
asoldadara tẽdo eu necesydade delle e doutro
[29]
e eu o tynha asoldadado
a tres anos
[30]
e vive comigo como o moco e sua may e tytor
e Juiz dos orfaos sabẽ
[31]
e se vm quer crer sua mïtyra
mais q a minha vdade e de minha molher não he acerto
[32]
nẽ divera av tal cousa pq eu leyxey dito a minha molher
o mãdase logo ẽ chegãdo pq nã tynha moco q ãdase cõ
migo quãdo fose fora e mãdar omde me cũprse pois la fica
va o preto.
[33]
e p asy ser fora milhor a meu fo pa sua cõ
cyẽcya e omra fallar vdade e omRar a seu pay e may
q avia de sua partyda a desmitir e Imjuriar e afrõtar
[34]
e pesame q lhe não diria ella de mil partes hũa do q
ele merece
[35]
e se elle fora bõo fo e de bẽcão e como ds
mãda nã leyxara ele sair sua may de casa do modo
que fez chorãdo e gemẽdo e sospyrãdo do q lhe dise e agravos
q lhe fez
[36]
e do mesmo modo fez a nuno de bryto
[37]
e soara milhor a
vir cõ ella duas jornadas como cuidavã nesta villa e não
do modo q pasou
[38]
pesame q fez pda e deu mau ẽ
xẽpro aos outros
[39]
e praz a ds lhe pdoe esta e outras q me
tẽ fco e dito a mï e a ella e nã lhe seja acoimado
[40]
eu não
lhe imsynei q fose Imgrato nẽ mal Imsynado
[41]
bastava
q fui sivelmte e p dolo e ẽgano me levou de minha fazda
dous mil e cẽto e tryta he outo cruzados e mo como vera pello
Rol e apõtamtos q cõ esta vão q tudo pasa vdade
[42]
e dizya q nã tinha eu ẽ bizcaia mais de quarẽta ou Rii e dois rs
e deytava pragas sobre sy dizẽdo q tratava na vdade
cõmiguo e ds o sabe
[43]
e minha fazda e a de q ele
ho moco se tornar pa mï
[44]
he p lhe parecer q diria vda
de do q lhe Recadou e lhe ficã devẽdo e lhe dise q nã viese
p esta villa p lhe não verẽ a cõta e papeis q trazia
e não p ser do modo q elle la diz q me pagou a sol
dada a elle nas cõtas q fezemos
[45]
e ds nos llyvre
de fallsidades
[46]
e se eu soubera a certeza de quẽ elle he
como aguora sey nã lhe metera eu minha fazda ẽ seu
poder nẽ cotratara cõ vm
[47]
e se não fora na parte ẽ q he
Eu lancara mão de minha fazda e o tevera Ja demãdado p ella
como farey quãdo ds quiser
[48]
pq nã se permite o se Roubar
pay nẽ tomar do seu cousa allgũa cõtra sua võtade pq
minha tẽcã fora darlhe mil cruzados p elle casar omde casou
e q o virã e souberã os parẽtes e estranhos pq cumprya
asy minha omra e nã darme tãtos desgostos e dizer no
meu Rosto e de minha molher a vm pãte todos os q asy esta
vã lhe dese vm cẽ cruzados pa pagar as joyas dãdo a ẽtẽder
como se de minha casa nã levara nada
[49]
eu juro a vm ẽ vdade
q acabado d ouvir isto fiquey atonito e Rogey a ds me dese pacyẽ
cya pa nã vir ẽ pubryco a Rogar lhe mall
[50]
e p me nã averem
p homẽ mal sufrido e nã dar a vm e a sora desgosto sufri
minha colora e trabalho o melhor q pode e vosas mces bem
virã
[51]
e q todo meu gosto e cõtẽtamto e de minha molher
hera fazlhe a võtade como he Rezã como fylho obydiẽte e ẽ pas
[52]
de tudo espvme q se asy avia de ser q fora milhor nã nos
Jumtarmos
[53]
certo q nã esperava eu de vm me espv daqela
manra ajmda q lho eu tevera merecydo de modo q la sã a
gravado e vm o queyxoso
[54]
ds pdoe a quẽ tiver a cullpa
[55]
quãto ao q vm diz q lhe pesa de se saber ẽ lyxa e se fallar diso
ẽ casa das paridas dos modo q minha molher se apartou da say
da e ho q nã saira de sua casa ds sabe quẽ o diria pq
minha molher veiose logo na mesma ora sẽ fazer demora
nẽ ouve tpo pa dar cõta da omra q lhe fez seu fo
[56]
asy q
esta claro e sẽ duvida nã sair della nẽ das pas q trouxe
cõsyguo
[57]
E pa se saber como meu fo seu sobrinho e binino he amigo dos
Irmãos depois q de la vim me dise a molher d afonso piz o Rui
vo das Rãos q pasãdo p sy eytor mẽdez lhe disera ella
pa ter seu marido louvado seja ds q he voso pay mto Rico
e omRado e tẽ mto bõos fos asy os grãdes como os peqenos
folgãdo de lhe dar cõta mto como amigos e conhecẽtos
[58]
e elle dise q os dava a ds e nã seja como elle mall
fallou dizẽdo q herã como
[59]
Vm pde pq nã se pode escusar Respomder e dar descul
pa do q pasa na vdade
[60]
ds seja cõ todos e nos de Reme
dio pa fazermos seu sãto servico
[61]
eu e minha molher bey
jamos mãos de vm e da sora Ana Guterez e da sora ca do
vale
[62]
ẽvio a bẽcã de ds prmramte he a minha a meus sobrynhos
e sobrynhas
[63]
de trãcoso a xx de mayo de lxbii
[64]
e terão bosas mces q eu e minha molher nã somos Ingratos das
mces e boas obras q Recebemos deles e dos sores seus gẽros e fos
e fas
[65]
Irmão e svidor de vm
frco diaz
mẽdez
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