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Maarten Janssen, 2014-

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1824. Carta de Manuel Isidro da Paz, major de milícias de Setúbal, para Cândido de Almeida Sandoval, publicista.

ResumenManuel Isidro da Paz mostra consternação pela prisão do amigo e prontifica-se para o ajudar no que for preciso.
Autor(es) Manuel Isidro da Paz
Destinatario(s) Cândido de Almeida Sandoval            
Desde Portugal, Setúbal, Palmela
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Em virtude de uma denúncia anónima que se fez na Intendência Geral da Polícia, descobriu-se que na Cadeia do Limoeiro se armava uma conspiração com o objetivo de derrubar o Governo e de assassinar alguns dos seus ministros. O processo é confuso, visto que existem trocas de denúncias e de acusações, bem características daquele período de indefinição política balizado pela queda do Vintismo, em 1823, e pela outorga da Carta Constitucional, em 1826. Um dos envolvidos foi o conhecido publicista, Cândido de Almeida Sandoval, que se encontrava preso na sequência de uma denúncia feita pelo impressor Joaquim Maria Torres. Numa carta que escreveu a outro preso, Sandoval referiu que, embora ele não fosse opositor ao regime, havia outros que o eram. Referia então reuniões conspiradoras que se desenrolavam junto à sua cela. Porém, paralelamente, recolheram-se depoimentos que o incriminavam a ele. Segundo José Salinas Ferreira Nobre, teria sido o próprio publicista a envolver-se nas conspirações de dissidentes ocorridas na cadeia. Uma das outras testemunhas arroladas, outro preso do Limoeiro, garantiu mesmo que Sandoval o aliciou para matar o conde de Subserra, ministro da guerra desde a Vilafrancada e um dos preferidos de D. João VI. Estivesse ou não envolvido nestas conjurações para derrubar o governo, Cândido Almeida Sandoval foi indiscutivelmente um publicista muito combativo, que aproveitou a sua posição de redator dos jornais Patriótico Sandoval e Novo Hércules para atacar os ministros do reino. Só não sabemos se esse espírito belicoso seria o suficiente para o levar a planear um assassinato. Deve-se ainda acrescentar que no âmbito desta sua detenção fez um conjunto de referências muito interessantes acerca da liberdade de imprensa e da necessidade de uma legislação que protegesse publicistas.

No apenso A, encontra-se um caderninho de artigos variados, intitulado «O Sineiro, da Patriarchal Queimada ou Miscellanea Politica e Litteraria», da autoria de Cândido de Almeida Sandoval. O caderno deveria ser impresso, como publicação periódica (pasquim).

Soporte um quarto de folha de papel dobrado escrito nas três primeiras faces.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fondo Feitos Findos, Processos-Crime
Referencia archivística Letra J, Maço 16, Número 11, Caixa 47, Caderno [2]
Folios 28r-[29]r Ap 1-A
Transcripción Leonor Tavares
Revisión principal Cristina Albino
Contextualización Leonor Tavares
Normalización Raïssa Gillier
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2007

Texto: -


[1]
Palmella 1 de Agto 1824
[2]
Recebo a tua Carta de 27 de Julho escrita do Limoeiro, q bem me consternou e Azedou ao mmo tempo;
[3]
mal pensava eu, que o Candido do Gal e de Palmella, o armonico Candido, o Candido companheiro dos meos eroticos, e saudozos transportes da mocidade, mudasse de indole, abandonando as bellas illuzoes, que nessa epoca nos encantavão, pa se entregar á fatuidade de maniaco regenerador do genero humano.
[4]
basta
[5]
es desgraçado,
[6]
se a tua sorte mudar deixo pa então as minhas reprimendas.
[7]
Eu tenho amdado aos baldoes;
[8]
acompanhei o meo Regimto á Ilha da Madra
[9]
vim de la pa consolar, e consolarme na compa de minha Mai da perda de meo Pai;
[10]
estou habitando em Palmella, cuidando na minha lavoira, cerrando qto posso os ouvidos a qto o mundo offerece de barulho:
[11]
farei qto puder por te alliviar a penuria em que te achas;
[12]
tenho, apezar da minha vida retirada, amizades poderosas, e reprezentativas,
[13]
se o teo livramto depende de alguns passos, indicamos pa os dar com fervor.
[14]
escreve-me, e dize-me por que meio te hei de passar algum auxilio pa te remires
[15]
amigo Paz

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