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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1692. Carta de Francisco Gomes Sardinha, vigário, para um membro da Inquisição de Lisboa.

Autor(es)

Francisco Gomes Sardinha      

Destinatário(s)

Anónimo111                        

Resumo

O autor escreve mais uma vez à Inquisição de Lisboa para que os inquisidores o ajudem. Queixa-se de não ser ouvido e acusa o Bispo que o mandou prender.
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Illmos Senhores

Com o divido respeito, dou parte a vas Illmas q em sinco de mayo se avistou commigo nesta emxovia o rdo commissario Fr Christovo da Madre de Deus Lus da parte de vas Illmas a saber de mim se os cazos, de q fis avizo pertencião ao sto officio, respondi q sim, e por serem agravantes, e capitais não depunha perante elle q são rezervados denunciarse pesso-almte a vas Illmas pa darem o remedio, e não por elle pelos inconvenientes, q se seguem. Não são menos os cazos q haver sojeito q se atrevese ao sanctissimo sacramto e em desprezo do Divino respeito haverem outros, em outro cazo q se conjurarão em acto publico, todos estes de nação conhecidos, q seus projinitores pagarão pa a finta. Eu sou mortal, e algumas testas q sabem disto, ja são mortas e qto mais breve vossas Illmas mandarem me buscar seguro debayxo de prizão darei conta de tudo, q isso me não livra de ser restituido outra ves a ella, e qdo nam, se algum dia me der Deus liberdade, e vida farei o q devo á fiel christam, q não he materia pa me descuydar; e pa que não paressa, q o fasso a respeito de me remir da violencia, q padesso; tal atrevimto não cometo eu, e merecia ser aosperamte castigado, se tal intentasse, e mto grande Ignorancia minha qdo sei q todos os q maliçiozamte se recorrem ao sto officio se restituem a seu juizo, inda em materias mto justas. Nenhuma outra Couza me move ir dar conta de mim mais q so o fervor, e zello, q tenho do serviço de Deus, o que ja fazia no anno de 89 qdo me prendeu o B D Juzeph de barros de Alarcão, odiozamte, por desconfianças q teve de mim, e não por culpas, q tenha cometido, salvo elle mas formou, segundo os efeitos, q delle vi, e colhi contra o direito da justissa Deus lhe dara o pago, e cazo negado, q as cometese, q direito acha, ou lei Divina, e humana segue, pa q me tenha em descurço de quatro annos prezo sem ser ouvido, e terme com anos, q sou prezo do sto officio tam oprimido, avexado em ferros, tronco e reteudo sem remeterme, ou deferirme a li-vramto sendo hum Princepe, ecleziastico, de cuja in-justissa, e porfiada tirania se não serve Deus, nem vas Illmas tal permitem, q com o poder do sto officio moleste aos fieis como tem ouzado com mto empenhato



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