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Maarten Janssen, 2014-

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[1770-1772]. Carta de Bernardo da Silva do Amaral, padre, para Ana Maria de Jesus, freira.

Author(s) Bernardo da Silva do Amaral      
Addressee(s) Ana Maria de Jesus      
In English

Advice letter from Bernardo da Silva do Amaral, a priest, to Ana Maria de Jesus, a nun.

The author advises the addressee not to move her niece from his house. He assures her that there is no reason for scandal.

Father Bernardo da Silva Amaral was a priest who lived in Pernambuco (Brazil), although he was born in Lisbon. He was arrested in Recife in 1772, when he was 46 years old, under the suspicion of having made heretic propositions and of abusing women ("solicitação"). Several women testified against him. They said he used to teach that neither kisses, hugs or caresses were sins, they were rather a way of serving God, so he kissed, hugged and caressed them. He was accused of going to bed with several of them, sometimes mother and daughter at the same time, and was also seen bathing with them. Most of the private letters used as exhibits against him were exchanged between this priest and the mother and daughter pair. The letters exchanged with the mother are partly in cipher, but the court could not force the defendant to explain how to decode them.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Page 26r > 26v

Sra Ana Maria mto ma Sra

Dezejo a vmce toda aquela paz, e socego; todos aqueles alivios, to-dos aqueles augmentos spirituaes, e graças Divinas, q pa mim mesmo posso pedir, e rogar a noso Bom e Todo poderozo Ds

Sra Vmce me perdoe a confiança de lhe escrever; e pa este perdão me pode valêr a intenção, com q pego na pena: e vem a ser socegar a Vmce, atender pelo seu bem, e de sua sobrinha; e sobretudo obedecer, a qm governa ma alma, e agradar a meu Ds

Tod o cuidado de Vmce, tod as razões suas, e de outras pesoas pa persuadir a sua sobrinha, q largue pa caza, pa onde veyo; se fun-dão no reparo, na nota, e escandalo do mundo. Não he isto verde não tem duvida; pois asim o diz a sua carta, asim o dizem ou-tros, ainda pesoas Reliozas: pois sabendo eu mta couza (q nada no mũdo vem sempre a estar oculto, como diz Jezus Cho) nunca tive noticia se falase, ou suspeitase mal de sua sobrinha por estar onde está, nem por se comunicar comigo. He verde q sujeito houve, q a infamou: porem como odio, paixão, e ma vida do tal sujeito são couzas claras, e notorias, e q á mesma virtu-de de sua sobrinha tem aversão: ja se ve, q nenhũ homem prudente deve fazer cazo dos ditos; ou pa milhor dizer da vontade da tal creatura. N Sr de a este homem mil bens; os quaes todos os dias lhe peço, e eu sempre lhe perdoei, e perdo-o de todo meu coração os gravisimos testemunhos, q me tem levantádo.

Como pois o escandalo do mũdo, o meterem-se almas no in-ferno (como Vmce diz) por estar sua sobrinha na caza, onde mo-ra; he todo o alvo dos seus cuidos, escrupulos, e deligencias: peço-lhe Sra Ana Maria pelas chagas de Jezus Cho me ouça com atenção nesta carta. Bem dezejava eu falar com Vmce; mas como por ora não pode ser, peçolhe ouça as ptes, emqto Vmce me não con-cede licença de me por a seus pes na sua prezença.

Pronũciar sentença sem ouvir as ptes não he licito, não he bom; he antes prejudicial, e reprovado por todos Direitos natural, e positivo. Sua sobrinha de Vmce estava morãdo em tal caza, tal penuria, e tal dezãparo temporal, e spiritual, qual direi; pa q se abrão os olhos a razão. Primeiramte vivia so, sem companhia al-guã. Oh juizos humanos! Huã moça de poucos anos estar so em huã caza, sahir so; indo so onde lhe era prescizo: isto não cau-



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