PSCR0048 1576. Carta de Julião da Costa para Francisca da Costa, sua filha.
Resumo O autor envia recomendações à sua filha, que vai entrar no mosteiro.
Autor(es)
Julião da Costa
Destinatário(s)
Francisca da Costa
De
Índia, Cochim
Para
Portugal, Lisboa
Contexto Trata-se do processo de admissão no Mosteiro de Chelas de Francisca da Costa, posteriormente chamada de Francisca de Cristo. Deste processo, constam duas cartas do pai, Julião da Costa, oficial da coroa no Estado da Índia. Nelas, o autor dá as suas recomendações sobre a entrada da filha no mosteiro, além de outras notícias. A pedido do juiz do cível, ambas as cartas de Julião da Costa foram autenticadas por testemunhas.
Suporte
quatro folhas de papel escritas em ambas as faces.
Arquivo
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository
Mosteiro de Chelas
Cota arquivística
Maço 78, Documento 1541
Fólios
[21]r-[22]v
Socio-Historical Keywords
Tiago Machado de Castro
Transcrição
Tiago Machado de Castro
Modernização
Catarina Carvalheiro
Anotação POS
Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição 2013
Opções de representação
Texto : Transcrição Edição Variante Modernização - Mostrar : Cores Formatação <pb> <lb> Imagens - Etiquetas : Classe de palavra POS detalhado Lemma Notas linguísticas
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A francis ca da costa filh a
1a vi a
de seu pai jullião da costa
Filha
não me f custão tão pouqo vosas lenbransas q vos não tenha
senpre mui prezente na memoria ainda q vos e vosa
may cudeis o contrairo e vos não paresesen mto ben minhas
reprensoes - mas tenpo vira q vos entendereis q coanto
mais asparo contra vos me mostrava tãoto mor ben
vos queria e con isto me satisfaso ainda q disto me
ficão qa minhas queixas de vosa mai porq idade e saber
tinha pa entender q ho q eu fazia era tudo po ben vosso
E tornando ao q Asima dizia digo soo vos me custais mto
por me noso sor dar couza con q possa satisfazer ao
voso dezejo mas tudo tomo de sua mão e confio nelle
q vos dara sizo pa ben entenderdes as couzas de seu sviso
encomendovos pa minha aobidiensia q deveis a vosa mai a quẽ
tendes custado tãoto como vos sabeis e q p nenhũ cazo lhe saiẽs
da võtade deixando en tudo A vosa porq fazendo o vos asin
A mĩ fareis mto A võtade - e asĩ vos peso q sejais mto amiga
de noso sor e vos encomendeis mtas vezes a elle e todas vosas
couzas ponhães en sua mao pa q elle as ordene como for seu
svisso - A mesma obidiensia vos pesso q tenhaes A sra dona ma
Eu fa por mtas razoes dezejei senpre q servíseis A ds por
do mundo entender ser esta a vida mais segura asin pa
A sallvasão da allma q ho prinsipall como pa A vida tenporall
lenbrandome q na outra vida ten as ben aventuradas -
gloria eterna e q A de durar pa senpre e q os gostos
da vida coando os a durão mto pouqo e cabãose logo senão
vede os gostos e contẽtamtos en q vive vosa mai e pois
tendes o espelho tão pto não sera nesesario reprezẽtar vos
outro - e pa remate do q digo levaria eu mto gosto
q quizeseis ser freira no mostro en q vosa mai
ordenar porq esta e a sua võtade e de vos entendi eu
senpre q tinheis A mesma como me la dizieis - e isto
se ho dinhro da mina e vindo com o ql se vos pode - fazer
o gasto
e coanto ao q depois de estar no mostro aveis mister sabey q
se ds me da vida q A todas farei a vãtajen e q vos não
falltara couza das q vos quizerdes - espero q me respondais
A esta ficando ja no mostro no q fiqo tão confiado q ,
o tenho por fto - encomendovos vosos irmãos q os insinis pois
tendes idade e sois mais velha - mãodarme fa mtas novas
de vosa mai e de sua vida e como A passa , e pidilhe de
minha parte q não leve ma vida nen vos lho com
sintães A sra margarida d allmada beijai as maos por
mĩ e a sra izabell de teves e a sra sua fa e as mais
sras A q devo de ho fazer -
mãodaime dizer o q de qua quereis porq tudo vos mãodarei
con mto gosto e iso con mtas novas de vosa mai e de vos
e vosos irmãos me escreva todos os annos - não vos
mãodo agora nada porq não tenho ainda pesas
mas pa o ano q vem con a ajuda de ds volas mãodarei
noso sor vos tenha de sua mão e vos v fasa hũa
mto grande serva sua en A quen vos encomendo
e en sua bensão e depois A minha q vos cubra
de vertudes amẽ
A sra Ca careira beijai por mĩ mtas vezes as mãos ho
mesmo fa fazei A sra vosa tia , e a sra izabell de teves
e sra ma d allmada e as mais sras - A quen devo con
quen cunprireis por mỹ , e a minha tia , e a ca
do carvalhal minha comadre -
ho caixão en q vão as encomendas vos mãodo com mães
nove abanos q vão dentro pa partirdes con as outras
fras de lla me escrevereis ho que querẽis de brĩqos q vos
vão pa o mostro eportevos de tudo mãodar os bares
são dez hũ delles e pa A molher de martĩ ao
de voso pai
Jullião da costa
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