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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1005

[1570]. Bilhete de [Fernão Guterres], físico, para destinatário não identificado.

ResumenO autor tranquiliza os seus parentes e dá indicação para que a comunicação com ele seja feita em código.
Autor(es) Fernão Guterres
Destinatario(s) Anónima43            
Desde Lisboa, cárcere inquisitorial
Para Lisboa
Contexto

O licenciado Fernão Guterres, físico de ofício, é um de entre tantos cristãos-novos perseguidos e julgados pelo Santo Ofício em Portugal, particularmente pela Inquisição de Lisboa. Foi preso no mesmo dia em que o seu pai João Guterres, um mercador de especiarias da Índia de 40 anos de idade. As culpas incidiram essencialmente na manifestação de crenças e práticas judaicas, a partir da delação de conhecidos e parentes, entre os quais se conta o seu pai e a sua madrasta. De acordo com denúncias que se reportavam a um episódio passado na zona da Ribeira, cerca de quatro a cinco meses antes da peste - alusão à Grande Peste de 1569 -, Fernão de Guterres referiu-se às guerras luteranas como bons sinais de vir bem e boas esperanças, o que, conforme esclarecimentos dos inquiridos, correspondia a uma referência à vinda do Messias.

Os bilhetes apensos ao seu processo testemunham a violação do segredo pelos prisioneiros confinados aos cárceres inquisitoriais no século XVI. Foram apreendidos cerca de quinze dias após ter dado entrada no cárcere de Lisboa, em setembro de 1570. Prontamente entregues aos inquisidores, constituíram evidência da comunicação intentada por Fernão Guterres com o exterior, de forma a alertar outros cristãos-novos – entre parentes e conhecidos – e de estratégias com vista a aliviar o seu jugo. Com efeito, as autoridades conseguiram surpreender em plena circulação uma série de escritos feitos pelo réu, contando-se uns papéis que intentara dissimular no gargalo de um barril, dirigidos à mulher, e outros no colarinho e punhos de uma camisa. A estes se somavam as únicas mensagens apensas ao processo, que tinham sido feitas com sumo de limão, destinadas, conforme confissão do réu, a casa de sua mulher.

Não obstante a existência material destas provas documentais, o interesse dos inquisidores recaiu nas diversas demonstrações do seu afastamento da fé católica e da adesão à Lei de Moisés. Acabaria por sair em auto-da-fé em março do ano seguinte.

Soporte meia folha escrita no rosto
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Lisboa
Referencia archivística Processo 5761
Folios 13B
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2305794
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcripción Ana Leitão
Contextualización Ana Leitão
Normalización Raïssa Gillier
Anotación POS Raïssa Gillier
Fecha de transcipción2016

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manday falar a banha q me ẽcomẽde ao alcayde

Dizey a meu pay q me escreva Sumo De lima e venha o papel com sal

manday Recado a banha q me encomende ao alcayde.

nimguem Se aguaste eu espero q sera bem se veo Simão mandayme pimẽta pezada em Sinal

não vos aguasteis tudo tomo pello milhor


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