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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1385

1672. Carta de Aarão da Silva para Paulo Jácome Pinto, representante dos judeus portugueses.

ResumoO autor pede notícias, assim como o envio de alguns bens.
Autor(es) Aarão da Silva
Destinatário(s) Paulo Jácome Pinto            
De América, Suriname
Para S.l.
Contexto

Perante a suspeita de as comunidades sefarditas traficarem mercadorias e informações em prejuízo da Coroa inglesa, várias embarcações procedentes ou destinadas à Holanda por sua conta foram intercetadas. Efetivamente, as disposições constantes nos Atos de Navegação de Cromwell proibiam o trato comercial das colónias inglesas com a Holanda, a Espanha, a França e respetivas possessões ultramarinas. Os processos instaurados, à guarda no Supremo Tribunal do Almirantado, surgem no contexto de quatro momentos de grande crispação entre aquelas duas potências: a 2ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1665-1667); a 3ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1672-1674); a Guerra dos Sete Anos (1756-1763); e, por fim, a 4ª Guerra Marítima Anglo-Holandesa (1781-1784). A documentação encontrada a bordo e preservada em arquivo - correspondência particular e registos de carga - constituiu testemunho documental da prática dos crimes de contrabando de mercadorias em alto mar. As cartas aqui descritas são ainda demonstrativas da qualidade das relações mantidas no seio de famílias sefarditas (judeus e conversos), com existência de redes estrategicamente distribuídas: de um lado, os colonos posicionados abaixo da linha do equador, mais precisamente numa área das Sete Províncias das Índias Ocidentais (o Caribe), no âmbito das possessões ultramarinas holandesas; do outro, familiares e parceiros de negócio, situados nos principais portos no Atlântico Norte, importantes centros de atividade financeira e mercantil. Há inclusivamente em algumas destas cartas vestígios de empréstimos lexicais feitos ao inglês e ao neerlandês. São disso exemplo algumas palavras do campo léxico-semântico do comércio, como as ocorrências “ousove” e “azoes”, que remetem para o inglês “hoshead” ou o neerlandês “okshoofd”, uma medida antiga de volume. No presente caso, estamos perante um conjunto de cartas que viajava a bordo das embarcações holandesas Het witte Zeepaard, Bijenkorf, Fort Zeeland e Gekroonde Prins. Provinham do porto de Paramaribo, com destino a um importante porto estratégico da Companhia das Índias Ocidentais - Flushing, na América do Norte -, através das Caraíbas.

Paulo Jácome Pinto, o destinatário de muitas das cartas que compõem este conjunto apreendido em finais do século XVII, foi um judeu português de grande relevância política e social, por ter representado os judeus residentes na Nova Zelândia e negociado a colonização de Caiena com as comunidades judaicas oriundas do Brasil e de Livorno (Oppenheim, 1909). Desempenhou ainda um importante papel nas redes comerciais estabelecidas entre judeus, em particular no que respeita ao escoamento de matérias-primas a partir das colónias ultramarinas, tendo por destino as principais praças europeias.

HELLER, Reginaldo (2008). Diáspora Atlântica. A Nação Judaica no Caribe, séculos XVII e XVIII. [tese de Doutoramento em História]. Niterói: Universidade Federal Fluminense.

Suporte uma folha de papel de carta escrita em ambas as faces.
Arquivo The National Archives
Repository Records of the High Court of Admiralty
Fundo 30/223
Cota arquivística Part 2 of 13, Section 1 of 2
Fólios soltos
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Leitão
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

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Ao sor Paulo Jacome Pinto gde Ds Amstradam Sor Paulo Jacome Pinto Serenam o pro 7bro 1672

No navio são Juan q Ds aja levado a salvamto q partiu desta ribeira Em 28 Junho escrevi a Vm e como ate agora não e vindo outro desas provinsias estamos con cudado ate sabermos o suseso q tiverão as nosas armadas queira Ds q aja sido como todos desejamos e q no pro nos venha boas novas de pazes q e o q mais a todos nos combem ate agora todos os desta Colonia estamos con mta quietasão; esta servira de aCompañar a Inclusa pra meu pro fransois de Martin ao qual remeto huns poucos de asucres q levandoos deus em paz espero gozen de bon preso; e Vm sera serdo fazerme merse no pro navio q vier pra esta mandarme o q dis a mema abaixo; e o que custar se valera de fransois de martin a quem avizo o satisfasa; e sendo posible venhão a pagar aqui os fretes en asucres a qm peso perdoe tantos emfados como lhe dou deus a vm gde etc

de vm Arão da Silva

mema do q peso ao sor Paulo Pinto me mande no pro navio q vier pra esta 500 rs farinha nova en 3 bariletes 1 baril azeite dose como o q troixe Semel de Capa 2 baris de 50 estopes cada un de azeite peixe 1 baril brea de 50 estopes 1 baril de pez 10 50 2 Ousoves de Cal 2 dos de sal negro 2 baris mantega de 1040 cada um 1 meo ousove favas grandes 1 meo ousove Ervilhas verdes 1 meo do de feigião branco 1 meo do de gran Ertes 3 pares sapatos pretos de mulher 6 pares de Criansa de 8 anos 6 pares de homen fortes 1 pesa estamenha de novo modo pa vestidos de homen 150 r aros


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