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Maarten Janssen, 2014-

CARDS6027

1821. Carta atribuída a António Maria Vidal, acusado de ser salteador, para Manuel Vaz Lampreia, lavrador.

ResumoO autor, sob nome falso, ameaça Manuel Vaz Lampreia.
Autor(es) António Maria Vidal
Destinatário(s) Manuel Vaz Lampreia            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Ourique, Almodôvar
Contexto

António Vidal foi descrito noutro processo judicial (Letra A, Maço 27, Número 2, Caixa 56) como sendo de estatura regular, cabelo castanho escuro, rosto comprido e olhos pardos. Assumia várias denominações (Neves, Vidal e Cigano eram três delas) e várias profissões, como as de sapateiro, barbeiro, curandeiro e cirurgião. Achava-se pronunciado em muitos e diferentes crimes, tais como salteador de estradas, sócio de ladrões, arrombador de cadeias e raptor de mulheres casadas (em várias terras): raptou a mulher e a filha de Vitorino José, da aldeia de Alvor, onde também roubou. Preso na cadeia de Vila Nova de Portimão, arrombou a grade da cadeia e fugiu; foi morar depois para a Aldeia da Trindade, do termo de Beja, e aí fez roubos e arrombamentos; furtou a seu sobrinho Fortes vinte moedas de um alforje que estava em cima de uma égua; aí mesmo amancebou-se com Ana Zorrega, recetadora de todos os seus furtos e que o acompanhava para toda a parte; furtou duas cargas de tabaco e duas clavinas a uns espanhóis e andou depois a vendê-las de monte em monte. Com uma quadrilha de salteadores atacou de noite o Monte de Rosa Gorda, onde Manuel Vaz Lampreia residia. Entraram pelo telhado da casa, maltrataram a mulher (o lavrador não estava em casa nessa noite), roubaram quatrocentas moedas em oiro e prata e muitas joias de valor. Passados oito dias foi achada uma clavina perto do monte junto a um ribeiro. Tanto a mulher como as criadas de Manuel Vaz Lampreia reconheceram a clavina, que fora utilizada pelo salteador mascarado que entrou na casa. A arma foi reconhecida como sendo do uso do réu, e ele foi preso, juntamente com um desertor de nome Nogueira acusado de ter sido recetador das peças de oiro roubadas pelo primeiro. Manuel Vaz Lampreia apresentou em Tribunal nove cartas, quatro delas com a assinatura do réu, para provar o envolvimento de António Maria Vidal nos acontecimentos. O autor do processo, Manuel Vaz Lampreia, considerou que as testemunhas tinham dado poucas informações e que o juiz de fora sempre se mostrara empenhado a favor do réu, pelo que calara muitos dos artigos do libelo e da réplica às testemunhas que inquirira. O processo acabou por ser declarado nulo e o principal réu absolvido.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas primeiras faces, e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 27, Número 2, Caixa 56, Caderno 1
Fólios [233]r-[234]v
Transcrição Ana Rita Guilherme
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Rita Guilherme
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

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AO Snr Cappitão Manoel vás da Roza a qm Ds Ge mts ans etc etc etc asistente em a va d'Almodovar pro vincia do Lentejo Campo d'Orique pello Corro Almodovar LISBOA Snr Capitão

Estimarei a Sua Saude em compa da Snra Snr Esta serve de dizer a vmce q a respeito da rres-posta da Carta q foi a Dom João aMaldo-nado ainda athe hoje não ove resposta nem de cim nem de não pois eu vou a garvão e he pre-cizo q a couza esteje feita e asignado nella dois lavradores comvezinhos entre entradas e partindo com castro pa q algum dia ve-nha saber qm he o Mellecianno q Mora ne-ces distritos e hum q custumava asistir ahi numas Ortas pa da villa e outro seo afilhado pois não culpe qm está ino-nocente e qm não sabe nada da sua caza nem nunca o sobe nem nunca conheceo couza sua nem o primero criado pois acim cuide antes do miado do mes em cuidar em- escrever hum oficio reconhecido desdezendoce de tudo q se vai ajuntar aonde está o pro-ceço ou onde estiver o Reo antes q se publi-que o perdão pa q não tenha embaraço por-q eu farei mto pa q lhe não suceda algu-ma desgraça se acazo não comcurrer co-mo deve o q lhe fas mais mal he ter an-dado prometendo dros pa buscar testemut-nhas mas não as tem axado a cauza de cer tudo falço se quer ficar descançado e em garvão fallará comigo eu o proguntarei se não Estiver hirei proguntar a sua Caza pois saberá qm eu sou e mais qm for em ma compa q não poço deixar de acudir a hum afilhado meo e Cro por cunhecer a qta q lhe emtreguei e comresponda Com Onra mas toda a desfortuna delle foi cer dezortor q senão ja avia estar solto mas não pode cer sem responder a hum Comcelho de Guerra mas querce tudo decedido athe o cabo de Março o mais tardar

Sou de vmce Cro e Vor Narcizo Joze de Senna Misquita d A fonçeca Lixa 8 de Março de 1821

Legenda:

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