Copyright 2009, CLUL
Sobrescrito:
Reproduções não dispensam licença da DGARQ/TT.
O réu deste processo agrediu Vital de Medeiros por este último lhe ter tentado tirar a mulher. Vital de Medeiros era trabalhador de estanco (no Jardim do Tabaco) e, segundo o réu, perseguia constantemente Inácia de Jesus, tentando convencê-la a deixar o marido e a voltar para a casa onde fora criada desde pequena: a sua. Na correspondência estão presentes várias súplicas de Francisco Henriques no sentido de alguém interceder por ele e de o conseguir soltar, sendo sobretudo referidas nesse papel de intercessoras a mulher de Vital de Medeiros, a quem o réu chama "sogra" e "mãe", e a Regente da Roda dos Expostos da Real Casa. Quando escrevia à mulher, o réu fazia cartas autógrafas, mas quando escrevia à sogra, ditava as suas cartas a um escriba de letra mais perfeita. Francisco Henriques acabou por ser condenado a 4 anos de degredo em Castro Marim, apesar de a acusação ter pedido 8 anos na Índia – prática ainda comum e que não deixava de causar grande angústia, já que era muitas vezes uma viagem sem regresso. O procurador que o defendeu, insurgindo-se contra a falta de universalidade da justiça, mostra-nos como os primeiros ecos da Revolução Francesa já se faziam ouvir em Portugal: “Se o miserável do R. não cazasse ou depois annuisse, ou ao menos disfarçasse as seduçoes q. o A. fazia a sua mulher, não veriamos esta tão injusta perseguição, mas tudo acontece a quem é pobre, e honrado, fechando-se lhe até as portas da sua justa defeza…”.
Private letter from Madalena de Jesus Maria, director of the Royal House of the Foundling Wheel of Lisbon, to Vital Medeiros, a tobacco worker.
The author gives some information about Francisco Henriques, who is in prison for assaulting the recipient.
Francisco Henriques, married to Inácia de Jesus, was accused of assaulting Vital de Medeiros because he constantly disturbed his wife. Vital de Medeiros stalked Inácia de Jesus, who had been his servant for many years, trying to convince her to leave her husband and go back to work as a servant at his house. Francisco Henriques tried to convince Vital de Medeiros’s wife and the director of the Royal House of the Foundling Wheel of Lisbon to intercede on his behalf. Despite his efforts, he was sentenced to 4 years of exile in Castro Marim.
«Mister Vital de Medeiros.
Ção
lhor
gem
vramento
reCe
der
Lar
timo
zus