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meia folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio e com o sobrescrito no verso do segundo.
uma linha em branco entre o cabeçalho do início e a carta.
símbolo
borrões de tinta; sobrescrito rasgado num canto.
O autor pede dinheiro recorrendo a ameaças.
Reproduções não dispensam licença do DGARQ/TT.
O réu é descrito no processo como sendo, em 1825, "trabalhador, casado com Carlota Cândida, filho de Estêvão Peres e de Inês Alves, natural de Galiza, idade de vinte e quatro anos, morador na Rua da Conceição [à] Praça das Flores [Lisboa], estatura ordinária, cabelo ruço, pouca barba, olhos azuis, rosto comprido, jaqueta, colete e calças de romendos [e] de botins" (transcrição modernizada). Nos interrogatórios, assume-se como sendo ora criado, ora moço de recados. Para a Justiça, ele era ora trabalhador, ora moço de fretes. Em Lisboa, foi criado da viúva Inês Bárbara de Santana Xavier de Pontes, mas a patroa despediu-o. Na versão da senhora, que o veio a processar, Agostinho Peres chantageou-a, a ela e a outras senhoras, enviando-lhes cartas de extorsão cujos originais e cópias constam do processo. Depois de preso, fez várias exposições em que contava da sua pobreza, da da mulher e da criança que lhes morrera. Em 1826, depois de ter sido condenado a degredo perpétuo para Angola, recorreu da sentença e acabou degredado por três anos para Cabo Verde. Esta carta, CARDS0003, está transcrita também no processo pelo escrivão António José Ferreira de Passos. A leitura do escrivão é reproduzida abaixo devido à sua relevância para o estudo do galego. "Lisboa dezesete de Abril de mil oitocentos e vinte e cinco. Espero o patrocinio de Vossa Senhoria desta haja de achar resposta da Senhora Donna Marianna, e Donna Izabel Ilena; pesso e requeiro a quantia de vinte moedas, que destas sendo entregue eu conresponderei o dia ultimo de Junho, e desta pelo portador mandará a resposta, e que em mandando Resposta, conte com o meu patrocinio, e dos meus Camaradas; pois não mandando a respostas, quem hade sentir he Vossa Senhoria, pois não escapará o proprio Palacio, e sendo o portador entregue poderá Vossa Senhoria ficar descançada, e sem susto algum, pois espero de Vossa Senhoria a resposta, ejá, ejá, ejá´[.] Á Senhora Donna Maria Magalle. Santo Antonio da Convallecença Sete Rios".
Anonymous extortion letter, allegedly from Agostinho Peres, servant, Galician, to Mariana Bárbara Carvalho e Faria, a single gentlewoman.
A young Galician immigrant who had worked as a servant but had recently been fired was arrested for writing extortion letters to rich ladies living in Lisbon, including his former employer.
Please bless me, Madam.
This has to have an answer. I'm here to ask and demand from you, Mrs. Mariana and Mrs. Isabel Helena, to give me the amount of twenty coins. And if these are delivered, I will repay you the last day of June. And regarding this [letter], you will send an answer by the errand man. And, if you give the answer, you can count on my protection and that of my comrades. Because if you don't answer, Madam, you will feel the consequences, because not even your palace will be spared. And if the errand man will receive it, you don't need to be frightened, Madam, or to fear a thing. So I'm waiting for your answer, Madam, right now, right now, right now.
Etc Etc Etc Etc Etc
ria
posta
mo
posta
dor
nhoria
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