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Maarten Janssen, 2014-

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[1734]. Carta de Leonor Caetana, recolhida, para [frei André da Conceição], sacerdote franciscano.

Author(s)

Leonor Caetana      

Addressee(s)

André da Conceição                        

Summary

Num misto de queixas e recriminações, a autora adverte o seu padre confessor para que admita as suas culpas perante o Tribunal do Santo Ofício.
Page 20r

[1]
J M J
[2]
Sr

ou pa milhor dizer grandisimo imbostei

[3]
ro V m serra algum demonio do inferno se o não he he
[4]
peLLo menos seu escravo q asim anda temtando as almas
[5]
tam sotilmte digame se achou em algum livro q paçaçe pe
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lla sta incriçição as doutrinas q nos inçinou o Luçifē q se qu
[7]
is fazer mais q Ds digame N Sor quando andava no mundo
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obrou alguma ves com as molheres q seguio q as asoens tam to
[9]
rpes q comnoscõ obrou q a madelena permetio lhe alimp
[10]
açe os pés com os cabelos e não tocou mais nada tornolhe a dize
[11]
r q se não he dimonio tem logo com elle algum patto q asim se a
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treveo a vençerme na materia em q eu hera tam estrem
[13]
eçida ó açeivozo jodas q asim me vendeu falçamte quantas ve
[14]
zes lhe diçe o qto hera estremeçida ó quem ti
[15]
veçe com o demonio páto he q me poderia vençer tam sagasmte
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com o seu falço amor d alma dizendome q tudo qto me fazia
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hera naçido do amor d alma q dahi se não seguia senão mais a
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mor de Ds ó grandiçimo imbósteiro digame q premo espera
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de quem tem servido tantos anos os q se chamava ao demo
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nio seu mosso eu o conçidero agora seu escravo terra porve
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ntora algum séo q lhe de por premo ou tera algum infe
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reno q lhe de pa sempre ora pello amor de Ds não viva m
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ais tenpo tam sego abra os olhos pello amor de Ds q ainda
[24]
tem tenpo olhe q esta Ds com os bracos abertos pa o reçe
[25]
ber ora não despreze a sua méziriçordia q o está esperan
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do q o podera ter ja lançado no inferno olhe q lhe digo isto
[27]
da pte de Ds olhe q lhe digo as verdades ólhe q dezengano com tenpo
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olhe q lhe tenho agora verdadeiro amor d alma qto Vosa m me que
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ria condenar a minha olhe não o segue o seu mosso de quem Vosa
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m he escravo dizendolhe q ja não tem remedio a sua culpa o
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lhe q ainda ten tenpo q ainda q lhe tenha dado o sengue do
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braço todo tem remedio olhe q estam sincó fontes de sengue
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nas sinco chagas de Christo pa lavar todas as suas culpas ora não
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despreze tanta miziricordia ora se ha de de dar gosto a todo o in
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tento de gloria a Ds i a toda a corte do céo pois tanta recebe na
[36]
converção de hum peccdor vaçe aos pés de Christo confe
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confece todos os seos peccdos e chornios con lagrimas de sengue se pocivel for mas não pa
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re ahi a sua confição q perçizamte se ha de confassar a sta incricição e se não morera quei
[39]
mado ó se Vosa m se não quize aporveitar do q lhe digo eu serei a q lhe asópre no fogo digame
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Vosa m tam innorante he q não adevertia q o seu mosso q algum dia lhe avia descrobri as suas im
[41]
bostiçes o pe barmeu lhas descobrio mas bemdito seja o sor pa sempre q deça miada tam iriçada
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ja estou dezimbilinhada pois me confisei ao sor pe fr afonço de sta ma jaralmte de todo qto com Vosa m
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pacei tornolhe a dizer q me esqueçeu q me confeçei ao sor pe fr afonço de sta ma pe miçiorario q
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ca nos touxe Ds qui somte pa mi tirarem do ingano em q vivia em cuja obediencia agora estou e de
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de Vosa m não quero nada pois tenho renoçiado todo qto he de Vosa m nem dos olhos mais o quero ver pois
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simtam segamte me inganou renoçio e portesto diante de toda a santiçima trindade e da sempre vir
[47]
gem Ma e de toda corte do céo em como da obediençia de Vosa m não quero nada nem das suas imbós
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tiçes o mesmo portesto q faço da minha pte façoo da pte da Anta q esta com o mesmo prepozito e qualquer
[49]
de nós pareçe hum Liam dezatado o q pa quem tam segamte nós queis inganar o q lhe faziamos com
[50]
o falço amor d alma lhe fariamos agora se o cacaramos com hum intranhavel hodio q nos conte
[51]
ntavamos com o fazer num piçado q ao mesmo tenpo q Ds tocou a hum tocou a outra pois ao mesmo
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tenpo fomos anbas a mais precioza botiça boscar a mais saudavel medeçina q llogo fiquemos sara
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doas agora nem pa a cama d onde nós levantemos de tam inferma deença voltemos os olhos pa não
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tornramos a mesma imfermidade pois achamos tom perciozo medecina sem serrem como as suas
[55]
tpirolas douradas q com o ouro de algumas bomas couzas q nos dezia imcobria ao amargozo do veneno
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q vinha dentro da pirola agora ja de tais bocados não quero gostar pois de todo o meu coração renosio
[57]
todo qto he de Vosa m e qto quartas tinha suas e todo o mais q tinha seu quemei numa fogeira nem
[58]
me responda a esta q não lhe quero ver nem a Letra Vosa m dirmiha q falo agora com mta paixão
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q eu tambem procorava as ocázioens sim confeço a minha culgpa q tambem cahi neça inoran
[60]
çia mas foi porq me enganou q todo hera nacido do amor d alma q dahi se não seguia senão mais
[61]
amor de Ds q as primeiras vezes qto foi vioLentada qtas vezes me dice q não tinha espirito pa nada
[62]
e asim me foi façilitando no q eu hera tam acautelada mas seja o Snr bemdito pa sempre q como
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sabia q estava inoçente pois me fiava q em qto me dizia hera verdade e como o Snr conheceo a minha
[64]
inocença me quis acodir a tenpo ó Ds do meu coração quem me podera darvos tantos Louvores como vos
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tem dando todos os bem aventorrados no céo por me tirares de çemelhante ingano o se eu podera
[66]
converter todo em lingoas pa vos Louvar por me trazeres a esta terra quem nós tiraçe do ingano em
[67]
q viviamos qdo codavamos q hiamos mto direitas


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