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1591. Carta provavelmente não autógrafa de Vicência Jorge para Jerónimo Monteiro, pai do seu filho, sapateiro.

ResumoA autora escreve ao pai do seu filho para lamentar a forma como ele a tratou.
Autor(es) Vicência Jorge
Destinatário(s) Jerónimo Monteiro            
De Portugal, Lisboa, Oeiras
Para América, Brasil, Pernambuco, Paraíba
Contexto

Originalmente, tratava-se do processo por denúncia de bigamia de Jerónimo Monteiro, cristão-velho de 25 anos, natural de Oeiras, morador na Paraíba. Pelos dados do processo, Jerónimo Monteiro e Vicência Jorge «estiveram de amores», dos quais resultou um filho, nunca se consumando o casamento por oposição da família dela. Jerónimo Monteiro iniciou uma nova vida embarcando para Angola e, posteriormente, para o Brasil. Contraiu então matrimónio com Maria Salvadora em Filipeia na Paraíba. Chegou às mãos desta última, trazida por um negro, uma carta de Vicência Jorge. Era dirigida a Jerónimo Monteiro, que nem a chegou a ver. Maria Salvadora mandou um marinheiro copiar o texto e modificá-lo com o acrescento (transcrição modernizada) «molher ao meu marido mui certo Jerónimo Monteiro», rasgando, posteriormente, a carta original. Com este dado incriminatório, Maria Salvadora denunciou o marido perante o visitador do Santo Oficio, Heitor Furtado de Mendonça, que moveu processo por bigamia contra Jerónimo Monteiro, mandando-o prender. Enquanto denunciante do marido, Maria Salvadora acabou por falar demais e confessou a sua intervenção, pelo que Jerónimo Monteiro foi libertado, enquanto a mulher ia presa e era condenada por falso testemunho, falsificação e quebra do segredo do Santo Ofício.A carta aqui transcrita (CARDS2253) tem data anterior à carta falsa (CARDS2252) e não se explica no processo qual foi a sua importância para a averiguação dos factos, se bem que se depreenda que tenha servido para ilibar o réu.

Suporte quarto de folha não dobrado escrito no rosto e com o sobrescrito no verso.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 10755
Fólios 61r-61v
Transcrição Tiago Machado de Castro
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Tiago Machado de Castro
Modernização Sandra Antunes
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2012

Frase s-2 não me espanto não averdes do de mỹ pois fostes tão cru que o não ouvestes da vosa carne.
Frase s-3 mas eu vos ey por requerydo pa diemte de jsu de nazare pa estarmos a comta eu vos.
Frase s-4 pois sabeis mto bem q eu podera estar casada se não fora por amor de vos. e os travalhos que por vos pasey.
Frase s-6 mas este he o paguo que destes
Frase s-7 u nada tome.
Frase s-8 ds he bon juiz
Frase s-9 não vos enfado mais posto que mto tynha q dizer porqto o deyxo pa quoãodo estyveremos a juizo ante o justo juiz q todo ve e q não avera que neguar

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