Sentence s-5
| Ca eu disse a VSa o exceço em q estão os nossos trabos |
Sentence s-6
| os feitiços; não tem numero; |
Sentence s-7
| a todas as horas se achão; e ja despois q eu mandei a VSa aqle se tem achado por 7 vezes de varias castas; |
Sentence s-8
| mas agora meu Tio tenho por especial favor de N Pe o conhecimto q temos de hũa regateira q na nossa Igra esta fazendo feitiços continuamte; |
Sentence s-9
| esta tal ja eu no outro escrito dei algua noticia a VSa mas agora as tenho mto individuaes; |
Sentence s-10
| chamace esta tal Margarida por alcunha a Rata |
Sentence s-11
| tem mtos filhos; e o Marido agora fora; |
Sentence s-12
| mora aqui na pampulha perto de Anto de Araujo |
Sentence s-13
| dizem q não tem nomeáda de feiticeira; mas q mto grde; de Ladra goloza, preguicoza, e outras couzas mais q a mim me não emporta dizer; |
Sentence s-14
| pareceme por estes predicados todos; e p to mais q nós experimentamos mto parecida a Ma Thereza; |
Sentence s-15
| em dia do corpo g de Ds foy o pro dia em q Julgamos mal desta creatura; sem termos della nenhũ conhecimto mas logo N Sor nos mostrou; não era engano o nosso Juizo, pois da Igra ameaçou hũa freira; pondo lhe o dedo no narix; como fazemos, |
Sentence s-16
| e isto a pos em termos de morte e despois de dous dias não comer vomitou aqla fita amarela q eu lá mandei; |
Sentence s-17
| outra freira estando cantando o Tantum ergo; poz a rigateira os olhos na grade; e ella cahyo por terra sem sentidos com hũa dor no peito grandissima |
Sentence s-18
| saindo do coro despio o colete q pla menhã tinha ves- tido mto bem; e o achou cheyo de feiticos; e no peito tinha pregado hũ coração feito de cortiça todo cravado de pedaços de vidro cristalino; e quantide de alfenetes hũ prego grde no meyo; |
Sentence s-19
| outra freira se veyo do coro plo estado em q estava de ancias de vomitos e dores tornou pa o coro, e se sentou mto junto a porta delle; q hé mto distante da grade; onde eu; e outras estavamos tomando sentido nesta molher; |
Sentence s-20
| e qdo ella se levantava da oração voltou pa a grade; |
Sentence s-21
| sentio a freira lhe puchavão plos cabelos com tal força q lhe reutra vão a cabeça; e lhe deo hũa forte dor em hũ braço, |
Sentence s-22
| acodio a ver o q era; e achou o molho de cabelos q lhe arincarão da cabeça pregados no braço; com dous alfenetes; |
Sentence s-23
| tudo isto foy na missa do dia de 4a fra |
Sentence s-24
| no Do seguinte; adoeceo |
Sentence s-25
| a todas q estavão na grade derribou plo cham |
Sentence s-26
| outras como eu ja disse a VSa 6a fra dia de Sto Anto fomos pa a Missa de pla menham; e ao voltar pa se virem duas regateiras; cahyo hũa freira sem sentidos com hũa dor na cabeça, |
Sentence s-27
| dissenos despois o nosso Samchristam q estas du as erão Joanna por alcunhá a valenta; e hũa; cuja peçoa ca vem mtas ve zes de noite; |
Sentence s-28
| á missa do Dia veyo esta de q falo asima Margarida; e ja desde as ho- ras a sexta, e Noa; q se dizem antes da missa se comecarão a sentir os effos custumados q soponho foy ao entrar ella pla Igra |
Sentence s-29
| começouce a missa; e começarão as ancias aflicõens dores em todas; |
Sentence s-30
| e eu logo sobi a tribuna a ver se a conhecia; e a vi; e conheci mto bem e tntas freiras estar fazendo mtas acçois e gestos com Ma Thereza; |
Sentence s-31
| e conforme o q lá fas cá soce de |
Sentence s-32
| a Epistola pondo os olhos na grade Lançou do coro hũa freira com tal impetu q dizia e sentia morrer |
Sentence s-33
| qdo se dise sanctus, fez hũa acção q faz antes q olhe pa a grade e a este ponto cahyo outra sem sentidos por huã dor q lhe deo no peito cravandolhe nelle hũ grde alfenete; |
Sentence s-34
| ficou esta creatura como morta; e de qdo em qdo vinhão hũas ancias, e varias de vomitar; de modo q levantando o corpo em alto; parecia despedaçarce; |
Sentence s-35
| e de qdo em qdo punha a regateira os olhos na grade levando pro a mão a cabeça e fazendo varias voltas com a mão debaicho do capote; na núca; |
Sentence s-36
| em ella fazendo isto; era a cabeça e corpo da freira hũa debadoura; |
Sentence s-37
| isto vio meya comunide q estavamos observando o q ella na Igra fazia; e lá padecia a freira; |
Sentence s-38
| e asim pa nos serteficarmos mais fomos chamar Elena minha Irmãa a qual ja plas experiencias não es- tava no Coro receando algũ asalto; |
Sentence s-39
| veyo esta sem saber o pa q e tanto q chegou à porta do co- ro lhe derão tais ancias de vomitar e mal de cabeca q cahyo; mas recobrandose; tornamos nós a instar com ella entrasse só no Coro; pa nos Certeficarmos mais |
Sentence s-40
| entrou ella; e sem a ver a molher se sentou; |
Sentence s-41
| e a este tempo; fez a regateira o custumado sinal da mão na cabeça; e logo olhos na grades; |
Sentence s-42
| e no mesmo instante Hellena cahindo pa tras com cabeça, mãos e pez fazia tais menep meneyos q parecia hũ cam danado robolando plo cham com o rostro mais vermelho; e incha do q qm nelle tem hũa ercipola; |
Sentence s-43
| pegarão della 6. freiras q a tirarão fora do Coro; e emqto ella esteve nelle; a molher teve os olhos fitos na grade; |
Sentence s-44
| e ella cá espedaçandoce; e ella lá com as suas voltas; e menéos; |
Sentence s-45
| tiradas as pobres freiras do coro; e lhe chegarão a mão de N Pe com q tornarão a seus sentidos; e dizem q o q ellas sentirão agora nunca o tem experimentado; |
Sentence s-46
| não só as do coro padecerão nesta hora porq tambem outra freira a qm as bruchas martirizarão; estando fora do coro neste dia sentio os mesmos effos e as freiras quaizi todas q asistião a missa estavão de ancias e dores q se não podião ter em pé( |
Sentence s-47
| os dias Stos meu Tio) são memoraveis |
Sentence s-48
| despois q; esta molher esta na Igra nesta ocupação estas freiras; nenhũa a vio neste dia nem estavão em lugar onde a pudecem ver; |
Sentence s-49
| nunca está quieta com as mãos; hé notavel; |
Sentence s-50
| todo este dia de 6a fra paçamos mto mal; e á noite, hindo nós na porcição q fazemos |
Sentence s-51
| despois destes trabos pedindo mizericordia; e paçando por hũas cazas; onde no tempo; q ca estava Ma Thereza a virão ahy fazer varias maldes pucharão de dentro dellas por hũa freira com tal impeto; e força sem se ver qm q hindo 4 sigurandoa aqla força as levava a todas; mas ainda asim gritando por N Pe a tiramos; mas sem sentidos; e com a mão do sto tornou a elles; |
Sentence s-52
| vendo eu isto; tirei a noite á Imagem do sto a capa, escapulario, e hũ dos capelos; e cobri com estas armas as 3. camas das 3. q padecerão mais naqle dia; |
Sentence s-53
| e vindo as bruchas não poderão entrar nas celas; e dizião mto raivó zas; zombando (Não entramos porq não queremos; mas não porq o Frade nolo empeça; |
Sentence s-54
| e des- pois de mtos ameaços mas de fora das portas se forão embora; |
Sentence s-55
| mas ao dia seguinte plas duas horas, do dia entrarão na cela de hũa; dizendo- vimos agora fazer o q faltou de noite; porq como não estás agora amortalhada como te amortalharão com os vestidos do frade; nos a toda a hora pode mos entrar; e fazer o q quizermos; |
Sentence s-56
| e abrindo o peito, a ferirão com hũ vidro; |
Sentence s-57
| e do sangue q lan çou tingirão hũa fita branca com q fizerão hũ feitiço em hũ pedaço de cortiça cravandoo todo de lascas de vidro; |
Sentence s-58
| e cada hũa q metião deitavão hũa benção; e ella sentia lha cravavão pla Cabe com dores insoportaveis; |
Sentence s-59
| atarão a fita tinta no sangue em cruz na cortica; e pregando em cruz mtos alfenetes, e outros tortos; lhe pregarão com elles este feitiço no seu corpo; |
Sentence s-60
| conheceo ella mto bem ser a feiticeira a regateira da Igra; |
Sentence s-61
| e a outra esta mocinha q sempre sempre acompanha; |
Sentence s-62
| e es- tando pa ella rindo mto dizião- toma bem sentido pa dizeres tudo ao Velho calvo do clerigo (isto hé VSa) de qm nos não fazemos cazo nenhũ, |
Sentence s-63
| e a mais moça fazendo hũ coração de fita amarela a rematou com elle o feitiço dizendo- disse ao Velho calvo do clerigo q me conheça por esta diviza e se não fora a fantasma do frade q vosses levantarão( isto hé N Pe) ja vosses todas cahyão |
Sentence s-64
| fizerão mais hũa cabeça toda cravada de mais de 50 alfenetes, e emqto a fabricarão dizia a rega teira (aperta; e crava bem; |
Sentence s-65
| emfim despois de mta zombaria se forão; |
Sentence s-66
| ficou esta freira á 3 di- as em estado de chaga do peito; e da dor q lhe deo com o alfenete q lhe cravou na mesma q mete com pachão; |
Sentence s-67
| e só qdo se lhe poem a mão de N Pe milhora; |
Sentence s-68
| mas torna a vir q N Pe bem nos esta mostran do q quer favorecernos; mas q não pode de todo porq Ds não tem ainda tirado a permição q deo ao Demo pa nos perceguir; |
Sentence s-69
| mas ainda q nós aceitamos isto como castigo merecido plos no ssos peccados; comtudo; parecenos ser justo fazeremce as deligas por se prenderem estas creaturas de q há evidencias tam certas da sua malde, |
Sentence s-70
| hũas em q eu falei a VSa q chamão as freitas e tem hũa sobra ou fa q entendemos ser esta da fita amarela; porq asim nolo disserão sem se saber q ca se via com esta diviza; tem gde nomeada no bairro de feiticras |
Sentence s-71
| de 4a pa 5a fra paçada se achou repentinamte morta hũa; e hé hũa q a sua vista lançou por terra hũa freira |
Sentence s-72
| se héra, ou não; eu não lho levanto digo, o q dizem; e o q experimentamos; |
Sentence s-73
| mas ca ficão as outras; q todas parecem ser boas peças; |
Sentence s-74
| neste dia q digo em q as duas horas do dia fizerão este feitiço cortarão mais a esta freira pte dos cabellos; e fazendo hũa trança de Lam entretecida com os cabelos; e com 4 alfenetes atarão ao outro feitiço; |
Sentence s-75
| não tem explicação meu Tio tais martirios; e os effos delles; |
Sentence s-76
| á poucos dias apareceo hũ coraçãi todo pingado de Lacre e cera mtos alfenetes; agulhas; e vidros; escritas com sangue estas palavras Inferno Inferno; 5 vezes repetidas; |
Sentence s-77
| e asim dizem mtas vezes; (queremos espedaçar estes corpos e Levar com as almas comnosco ao Inferno) |
Sentence s-78
| Perdoime VSa plo amor de Ds tal Leitura mas aflicção em q nos vemos nos faz recorrer a VSa como o unico remo abaicho de Ds |
Sentence s-79
| Hellena paça couzas notaveis; mas como hé mto calada nada quer dizer só aqlo q se vé não pode encobrir; |
Sentence s-80
| e nos como Irmãas sabemos mais porq em mtos apertos lhe acodimos |
Sentence s-81
| e não foy piqueno o q teve qdo lhe pregarão no estomago, e peito hũ feitiço com mtos Lacres e ceras q tinha 3 hostias juntas pegadas em zombaria de 3. dias a fio q por respto des tes seus trabos lhe mandou comungar o seu confeçor; |
Sentence s-82
| e despois deste feitiço tem tido trabo grde qdo vay comungar; |
Sentence s-83
| este lhe pos Urçula; e tambem hũ xpto cortado de hũa ostia con san gue q ella urcula pizou com os pes mtas vezes; |
Sentence s-84
| e Hellena me disse isto porq mo entrega pa eu o dar ao Pe Presdo Fr Thomas; porq ellas despois destes feitiços; em lhe pegando caem no cham; sem sentidos; e fazem outras couzas mais; porq impossibilitão pa lhe tocarem e hé percizo q outra peçoa tome conta com estas couzas; |
Sentence s-85
| esta hé a cauza por q eu sey della algũas couzas de q ella me pede sempre mto segredo; |
Sentence s-86
| e como pa VSa se não deve este guar dar lhe dou pte de algũas couzas ficando infinitas; q siguro a VSa q não há dia em q não apareção novides e diabruras; |
Sentence s-87
| VSa plo amor de Ds nos acuda com o q puder q isto pa- rece está N Sor aclarando e mostrando as couzas pa se me por remo |
Sentence s-88
| nós nos resignamos na sua sma vontade q se for servido deste pa sempre este castigo; será justo; e nos o aceitamos; |
Sentence s-89
| mas pareceme não será dezagrado seu dar eu a VSa esta emformação e de toda esta Comunide |
Sentence s-93
| Não se esqueça VSa nos seus sacrificios de nós; e das sobras com especi- alide q algũas dellas são as q mais padecem e as vezes encubro os nomes por não magoar tanto a VSa q bem conheço, o seu amor |