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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0528

1781. Carta de José de Saldanha, militar, geógrafo e astrónomo, para a sua mulher, Mariana Efigénia da Fonseca Pereira.

Autor(es)

José de Saldanha      

Destinatario(s)

Mariana Efigénia da Fonseca Pereira                        

Resumen

O autor dá notícias à esposa dos seus primeiros tempos vividos no Brasil, mostrando-se muito afetuoso e saudoso.
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Minha querida Mariana tanto do meu C deste modo q te pertendo encinár, deste modo que te quero confundir, deste modo que me mostro enfadado, e finalmte deste modo q evidentemte te dou a conhecer o meu cuidado, o meu Amor, a ma firmeza, a ma lembrança, a minha saudade; mas talvez ainda me não entendas, porq pode ser que te chegue primro esta á tua mão, do que huã extensa carta q prezentemte te estou escre-vendo pa hir em direitura a essa cide em o primro dos Navios, dos q estão a sair por es-tes quinze dias, nella me queixo amargamte ou pa milhor dizer se queixa o meu sentimto de ver chegar aqui tres Navios dessa terra, q sairão no principio de Março, treze dias depois da nossa partida, e eu me vi sem cartas, e sem noticias algumas.

Imita-me sequér ao menos nisto, emprégo todo o meu cuidado em esquadrinhár modos de te alegrár, e como, supondo-me por mim, acho isto da comrrespondencia o unico ali-vio na Auzencia eu to pertendo dár; eu procuro, eu exami-no por todas as partes as ocazioens de Na-vios, ou pa essa, ou para o Porto: Assim ago-ra como parte este primro do que o que vai para essa, eu fiz parar hum pouco a outra ma carta, emquanto te fazia esta.

A meu Bem, meu Amor Deus permita q tu estejas boa, q tu te devirtas, e que te não tenha faltado couza que alguma, porq todo o meu dezejo, o teu descanço, a tua alegria; Ah ma Cara Menina, se disto eu tivece a certeza; a certeza sim de q te não consómes concervando-me sem-pre o teu fiel Amor, emtão que pode-ria talvez ter refrigerio o meu pezar. Ou-tra Molestia eu aqui não padeço, o Ar são, fertil o terreno, solitarios paceios, a-praziveis á ma melancolia, Dizem que boas Quintas, eu o não duvido, porq tudo aqui são bosques de altos Arvoredos; convivencia aqui não nenhuma, porq se ha Raparigas algumas q sejão boas, o q eu certamte inda não vi, estão escondidas, ou metidas por dentro de miudas Rotulas de q se compoem todas as genellas; De dia não se huma unica Mu-lher branca; de noite o que aparece pellas ruas são algumas das corridas, inda essas de feissimas caras, misturadas com Mulatas outras q tais: emfim tudo máo, e assim deve ser onde falta a ma Mariana. Oh meu Amor se eu te tivéra, de tudo se me da-va bem pouco; ágora que me arrependo de te não ter mandado vir logo depois de rece-bida comigo, para aqui: o meu Amor que me tem reprezentado isto como facil; na Car-ta q agora te estou escrevendo te falo nisso com maiores explicaçoens. Mas eu não sei se o dezejo q me alucina.

Deixame pois concluir esta carta pa tor-nár á outra. Péssote não te esqueças de mim q vejas se podes tãobem escrever pello Por-to; mandando falár nisso ao Lxa, pessote plo Amor de Deus não exprimentes falta algu-ma; porq quèro q avizes ao do Lxa pa q elle te o q precizares, e el me avize pa lho sa-tisfazer. Não digas a ninguem que eu te escrevi agóra porq eu o não posso fazer nem ainda pa caza. Avizame de tudo o q te tem socedido e aDeus Rio de Janro 7. de Abril de 1781.

Mto teu do C Jozê.


Leyenda:

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