1745. Carta de Francisca Josefa do Evangelista, freira, para o seu primo, António dos Santos, médico e familiar do Santo Ofício.

Resebo a carta de Vmce, e nela mesmo escrevo, por me achar sem papel, o q lhe peso não repare mto me ademiro andar Vmce inda na deligensia de achar a minha carta e esperar achala no comcurso de hũ povo tão grande perdida a sinco dias iso ou he zombar de mim, ou não sei q seja, se Vmce dela sabe procurea e dema q como ja lhe dise he da comsiençia a mim so compete queimala e não a Vmce pois so rezolvendoa eu em sinzas podirei ter algũ discanso, pois tenho tão pouco desde aquela maldita sigunda feira e tirei emqto não vir nas minhas maos o tal papel q daqui a sinco dias nos prensipiamos a comfesar pa o jubileu da prisiuncula e não sei como me ei de aver pois ando exzesperada e pa arenegada nada me falta com a estoria, asim, fasa Vmce escurpulo de semilhante q asim como ha viver tambem ha morrer, e eu não poso deichar de me comfesar em semilhante jubileo, q ninguem falta agora emquieteme mais a comsiensia, do q a trago Vmce q dis anda na deligensia, tem alguma esperansa ou serteza e asim o q a de ser o dipois, seje logo, e a tempo q me fasa menos roina mas Ds não quer apurarme mas tenho comfirmado, por mtas rezois ser meu capital emnemigo, pois não basta terme dezemparado, mas poemme em total dezesperação e qm não tem grande odio, não fas isto, emfim, fasame Vmce favor de ver se aparese a carta, e dema ou mandeme pelo donato q doutrem a não fio, e quando riseitar neste comvto, riseite tambem a rais e diga a me emfermeira, he pa mim pa q ela ma emtregue se me quizer fazer esta mce N S Espra oje sabado