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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0322

1663. Carta de Simão Mendes de Almeida, mercador, para Nuno da Cunha Ataíde, conde de Pontével.

Author(s) Simão Gomes de Almeida      
Addressee(s) Nuno da Cunha de Ataíde      
In English

Friendship letter from Simão Mendes de Almeida, merchant, to Nuno da Cunha Ataíde, Count of Pontével

The author asks the addressee to help him prove his innocence and go back home in safety.

This is the Inquisition lawsuit of Simão Gomes, a 35 years old New Christian accused of Judaism. The defendant was a merchant, son of Francisco Carvalho and Brites Gomes and he was married to Guiomar Serrana, also a New Christian. He lived in London. Simão Gomes confessed having lived several years under the Judaic faith, after his father had taught him the Law of Moses. After he went to London, the defendant realized that he no longer wanted to live as a Jew, but he wished to convert himself to Christianism. He wrote friar Cristóvão do Rosário, a religious member of the ‘Ordem dos Pregadores’ and also the queen of England’s preacher, telling him about his intentions. Since his name was mentioned in several proceedings of family members accused of Judaism, Simão Gomes decided to present his confession to the Inquisition. He presented the letters he had written to friar Cristóvão do Rosário as proof of his conversion to Christianism after arriving at London. This way he hoped to gain forgiveness and some benefits that allowed him to come back to Lisbon with his family. He was well succeeded in his efforts. In an auto-de-fé on 23rd July 1664, the defendant was sentenced to abjuration in the form of instruction in the Catholic faith, spiritual penitence and payment of legal costs. He was released five days later.

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Snr Conde de ponterves Londres 8 de janeiro 1663

As novas que VSa me da de aver feito sua viasgem com bom suseso e saude foram pa mim e toda esta caza de grande gosto, senpre de deus a VSa felises susesos que pode fiar de mim lhos dezejo pelo que tenho de seu criado, e quando me de ocazios de seu serviso acoderei a ellas como tenho de obrigasão estarei no reconhesimento do grande amor e vontade que me tem. Vejo o que VSa pasou com eses Ilustrisimos snross sobre a minha pitisam e que das tres couzas mais importantes que nela pedia se me consediam duas por VSa entrevir nisto, mas que a treseira da comtestasão hera forsozo avendo culpa o confesala E hesa he toda a minha deficuldade pois não avendo delemquido neste pecado me he imposivel asertar com os Artigos que contra mim averam jurado os quais considero pelas rezões apontadas em minha petisão seram mutos e nenhum verdadeiro senão por cauza de minha auzensia eu não me hei de por em perigo de perder a vida por demenuto tendo o exenplo de tantos como por esta via padesem nem tam poco de culpar a inusentes com falsidade. pensei que o que purpunha ainda que defecultozo, me fariam eses ilustrisimos snross esmola em o conseder por sua benenidade e por VSa me apadrenhar pois se pedia isto hera so por não deizar minha molher e filhos nestas partes entre ereges e gudeus e Bem se verefica que se heu o fora não nesesitando a deus grasas de nada que não avia de falar neste particular mas como o meu entento he so o irme pa esa sidade porque meus filhos não se percam atropelava por todos os entereses que se me podiam aqui ofreser fazendo antes heleisam dese Reino que do d espanha em o qual sam oje todos os portugezes muto mal vistos de qualquer qualidade que sejam, atendendo so a salvasam que he a mais inportante, e pera dar exenplo ao mundo de meus prosedimentos nas couzas da fe e pera que conhesesem os que de mim tivesem sospeita de que heu era judeu o contrario= e afirmo a VSa de verdade que hainda que heu nese Reino o ouvera sido que me bastava o vir a esta sidade e haver visto huma caza que haqui ha desta gente pera logo me deser desta openiam por aver alcansado que todas suas serimonias e rretos judaicos he hum mero embuste fundado en couzas pasadas e pervio. so o que pode faser animar a hum homem de bem a ser judeu sam aos benefisios e denidades que gozam e a grande estimasam que deles se fas adonde quer que asistem. a consequensia sacara VSa como tam prudente. consedero que não nase o desviarseme o que so entendo por falta de vontade que heses ilustrisimos snross tem de favoreserme senão porque a minha roim fortuna e grandes pecados mo enpedem pera que viva com maiores penas pois fico enposibilitado de poder consigir o que tanto desejo. e a deus tomo por testemunha que não o fazia por outro algum interes mas pelo que tenho apontado e Bem deve VSa considerar que has couzas dese reino não estam de prezente en tan bom estado que se posa de prezente ir vivo a elle. se heses ilustrisimos snross como tam zelozos de deus me quiserem conseder este favor na forma referida ainda que heu o não mereso podem estar sertos que fazem huma grande ora de mizericordia e hum grande serviso a deus, em falta que o não meresa sou desgrasado pois ha minha roim fortuna me serra as portas de minha salvasão e de meus filhos. fio de VSa obrara por bem neste particullar quanto lhe for posivel pa que posa alcansar o que portendo e que nesa sidade posa livremente dizer que VSa he meu amo e de quem hei resebido o que ate oje nenhum outro tem alcansado. e poderia ser que nunca eu fose tam venturozo que heses ilustrissimos snross me consedesem o poder eu bolver a ese Reino com minha molher e filhos con seguransa fiado en suas verdadeiras pallavras que folgasem muito de me averem feito esta grasa porque lhe avia de dar Algumas notisias destas partes. Ademais de ficar senpre conhesendo a obrigasam que me correu de servir a esta santa caza que comigo avia uzado tam grande mizericordia do que se ofresa me fara VSa dar aviso encaregando a carta a pesoa de satisfasam pera que chege a meu poder porqu estas materias sam muto delliquadas deus a VSa gde. somos a 12 de fevereiro esta carta he a copia de outra qu escrevo a VSa por huma Pesoa q veio com de duarte da silva que chamão franco da Corazere que confirmo en copia, e digo qu espero que VSa me fasa favor pello que minha vontade lhe merese apadrinhar de novo este meu negosio pa que llivremente posa bolver a esa sidade asegurando VSa a eses Ilustrisimos snros que ham d estimar mto averem uzado commigo esta mizericordia de que heu bolva a ese reino, não me alargo mais neste particullar por ser escusado o que farei bocalmente quando se me conseda o que pertendo e vendo eses snross no que peso VSa me mandara hum papel asinado destes Ilustrisimos snross pa que con toda a seguransa posa bolver, e logo me despacharei pa ir confio en deus de dar a VSa as grasas deste benefisio e que ha de ter em mim hum escravo pera servilo. espero aviso de VSa con boas novas de sua saude e da senhora condesa minha senhora en cuja conpanhia se goze VSa fellises anos e lhe de o susesos que heu lhe dezejo e a VSa gde deus

O maior Amigo e servidor de VSa ettc Simão Gomes de almda


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