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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

1633. Carta de Jorge Cabral, padre, para João Rodrigues de Campos, padre.

Autor(es)

Jorge Cabral      

Destinatário(s)

João Rodrigues de Campos                        

Resumo

O autor dá notícias da sua saúde e instruções sobre como o destinatário devia guiar a sua confessada na comunhão.

Texto: -

[1]
Pax christi
[2]
oje me deu o pe Ignacio montro a de VM de 9 do presente q pera mim foi grande alivio da doença q depois q vim dessa cidade, e cheguei a esta, quasi sempre me preseguio começando no fim de junho, tempo em q a Duqueza de Avro me mandou chamar pa a confessar (como faço cada mes de 15 anos a esta parte) estando ja mto quei-xoza porq largandome so hũ mes, pa a jornada q o sor bpo de Leiria me pedia, e a sua exca, eu a dila-tei perto de dous. enfim
[3]
E dias depois de chegar a Azeitão me deu a doença cõ tal impeto, q se me nã acudira paulo soares medico insigne da Duqueza cõ grande diligencia, e destreza, e sua exca cõ toda sua casa como se eu fora seu fo, sem duvida corria minha vida mto riscos
[4]
mas sabe ds q no meio dos mo-res perigos o q mais me cõsolava e animava erã as oracoens e os sacrificios de VM, e as dessas servas de Ds specialmte as de luzia de iesus q me pmeteu, ter sẽpre nellas particular lẽbranca de mim.
[5]
passadas 4 somanas, estando ja sẽ febre, cõ pmissão do medico e grande repugnancia da Duqueza, e de sua nora a Duqueza de Torres novas me passei a esta Lxa e casa de S Roque
[6]
porẽ cõ o abalo da liteira, e do mar, me tornou a fe-bre, e grande fastio cõ igual fraqueza, q cõtinuarã ate esta somana de modo q avera 4 dias estou sẽ febre e como sẽ fastio e vou cobrando forças
[7]
neste estado me tomou a de VM q pera mim foi de suma cõsolaçam asi por ter novas de VM, como por mas dar tam particulares dessa serva de Ds luzia de iesu; e por isso a tenho lido mtas vezes, posto q seu pai ontẽ mas deu aqui vindome ver, mas cõ a generalidade q a pai se permite.
[8]
muito estimei a nova noticia q VM me manda tresladãdo tudo do papel q ella por ordẽ de VM escreveo,
[9]
tudo friza e cõbina cõ o q tenho lido no ca-derno, cõ q se cõsolarã grandemte algũs pes graves mto espi-rituais desta casa a quẽ o comuniquei.
[10]
isto era o q o demonio te-mia quando no tpo de minha partida dessa cidade lhe quis psuadir q eu avia de levar a inqcam este ca-derno, e na mesa avia de ser tudo julgado por illusoens do demonio;
[11]
todos julgã isto por grandes mer-ces do ceo, e effeitos da divina graça mui especial.
[12]
a seu pai tenho la E qua dito, q nos dias em q cõ-mũgar e nos mais ẽ q ella der qualquer significação q nã esta pa comer, a deixe q Ds he o q a sustenta cõ iguarias de mor effeito e gosto,
[13]
ontẽ me disse q se algũ dia lhe fizera força q comese, fora levado do amor de pai, q ẽ leiria o avisei
[14]
nũca mais entendera nisso. pelo q VM lhe diga nesta parte se cõforme cõ o q entender ser mor gloria divina, e quietação de sua alma, por q seus pais, nã se escandalizẽ de ver q nã come as horas, e vezes q elles.
[15]
No q toca a comũgar ca-da dia, me parece acertado dilatar VM isso algũs meses, pola novidade, e q então pcure variar o lugar, q nã comũgue todos os 7 dias da somana na mesma igra,
[16]
nestes principios, a ella e cõpanhras me faça charide dar minhas lẽbranças e agradecimtos
[17]
gde Ds a VM
[18]
Lxa 19 de agosto de 633
[19]
De VM servo em christo Jorge Cabral

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