Cara Prenda.
Eu Já defalecida, pego na penna para lhe en
viar a
cauza da minha molestia, e dos meus
Sentimen
tos, pois Já pençava que não tornaria mais a ver, o vosso
Rosto encantador; pois
não paço hora nem estante,
que se me não reprezente, no teatro dos meus sentidos,
mas
não tenho Correspondido hás Suas mimozas Letras,
por cauza da minha Molestia.
Hó Seos, tanto vos tenho pedido a morte, por me ver
numa Solidão de huma Cama, Sem
poder falar
a hum Bem, q tanto o trago retratado nas minhas
edeias, sem nas poder aLeviar.
Mas Só as Alevio, quando veijo, os vosso mi
mozos Cabelos q vós me destes, para
desfazer á vista
deles, as minhas Lembranças, e aliviar os meus
Olhos, que têem sido
duas fontes, q têem Corrido
pelo meu rosto, pois por minha vontade todos os
dias vos
Iria ver, aSeitara Este Coração magoa
do, de huma firme Amante que só a
vista terão desc
anço os meos Olhos.
Quando o meu Coração palpita
Ele em Segredo me diz,
Que contigo tarde ou Sedo
Hei de vir a ser felis.
Quando vires o
meu Cabelo
Lança os Olhos para o chão,
Lembrate só deste meu
triste terno Coração
Vai tu Carta ser entregue
As Lindas
mãos de meu bem,
Para que poça saber
O qto eu lhe quero bem