PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

CARDS1041

1651. Carta de Beatriz Camela para Maria Gorjoa, curandeira.

SummaryA autora pede um favor a Maria Gorjoa.
Author(s) Beatriz Camela
Addressee(s) Maria Gorjoa            
From S.l.
To S.l.
Context

No topo da carta lê-se a seguinte nota: "tambem se achou a R. esta Carta".

Processo relativo a Maria Gorjoa, de alcunha a Cutilante. Era natural de Peniche e aí moradora, casada com Pedro Rodrigues. Foi presa em julho de 1646 sob a acusação de exercer feitiçaria e bruxaria. Maria Gorjoa teria adivinhado vários furtos, entre os quais um furto a um fidalgo a quem tinham roubado ouro e prata, recebendo por esta premonição a quantia de seis ou sete mil réis. Além disso, também foi acusada de curar pessoas com recurso a mezinhas. Eis um dos casos em que esteve envolvida: a ré encontrou uma mulher muito doente, a quem os remédios nada faziam, e disse-lhe que a doença dela era consequência de um feitiço. A doente deu a Maria Gorjoa uma bolsa que a pessoa que a haveria enfeitiçado lhe dera. A ré, ao abrir a bolsa, retirou de dentro uma pele de lobo branco, bem como uns papéis com corações desenhados e com uns escritos ilegíveis, que só Maria Gorjoa entendia. Enterrou o papel e, de noite, recolheu-se com a enferma e deu-lhe algo para comer. De imediato a enferma melhorou. Passados oito a nove dias, a doente ficou sã e pagou-lhe. A ré teria curado também outras pessoas por meio de palavras ininteligíveis e de beberagens. No ano de 1647, em dezembro, foi condenada ao degredo por dois anos para Castro Marim, abjuração de fé e cumprimento de penitências espirituais. Todavia, não cumpriu o degredo, tendo regressado a Peniche e às feitiçarias, pelo que voltou a ser presa, agora no Limoeiro. Em 1651, Maria Gorjoa foi novamente condenada ao degredo, mas desta vez para Angola ou para o Brasil, e pelo dobro do tempo.

Support uma folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio e no verso do segundo.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 7278
Folios [103]r e [104]v
Transcription Ana Rita Guilherme
Main Revision Mariana Gomes
Contextualization Ana Rita Guilherme
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

A Snra Maria grojoa q des gde mtos annos na vila de Penhiche

Minha Snra ma grojoa não me espanta a mim o dar vm pouquo Credito a dous homẽs q la mandei falar com vm aserqua de hu furto q se me fes a noite da misa do galo porquanto vm me não conhese nem a eles mas enpenho a vm minha palavra e sei q devo a molher de bem q não hei mister quen entreseda per mim porq en esta tera ben me conhesem nem eu quis niso enfadar a snra ma da maia ainda qdo sou mto hua cativa e amigua mas o q eu pertendo pagar com meu dro não acho aver couza milhor e ce vm me quer fazer esta vm atrevendoce a histo como o portador dira en tudo leva o q vm ordenar e como quizer e ce vm for servida vir a esta tera estimaloei mto e achara vm o agazalho de hũa molher donzela con hũa criada e hirmão cleriguo e o q diguo nesta não sao palavras fenjiydas cenão pura verdade como vm conhecera de min en tudo querendome fazer vir e avizarme e com o portador pode vm tratar o q quizer e en esta e mais ocaziõis mandar que eu q a sirva a quem des gde

oje 3 dias do mes de marso d 1651 mto cativa de vm Breitis Camela - prolelo

Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence viewSyntactic annotation