PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

CARDS2018

[1724]. Carta de Francisco Gonçalves Machado Carrina, padre, para seu tio, Jorge Fernandes, também padre.

SummaryO autor escreve a seu tio, o padre Jorge Fernandes, para lhe dar instruções sobre procedimentos relacionados com negócios seus e dá notícias do seu processo judicial.
Author(s) Francisco Gonçalves Machado Carrina
Addressee(s) Jorge Fernandes            
From Portugal, Miranda
To Portugal, Bragança, Argozelo
Context

Segundo informações do Caderno do Promotor, alguns moradores de Argozelo identificados como «gente de nação dos cristãos novos» disseram que Isabel Gamboa, moça solteira e «mulher meretriz», difamava todos os moradores com mentiras e nomes muito injuriosos, vivendo durante o dia e à noite com a porta aberta, pelo que havia pendências e discórdias entre ela e aqueles moradores. Isabel Gamboa nem seria daquele lugar e não pagava a sisa, pelo que os moradores pediram a sua expulsão ao Juiz de Fora (19/10/1730). Depois de expulsa, Isabel Gamboa começou a queixar-se dizendo que, se a queriam expulsar, era por ela não querer «ajudiar» com eles, no que foi ouvida pelo padre Francisco Gonçalves Machado Carrina, que denunciou o caso ao Santo Ofício. O comissário que se deslocou a Argozelo não concluiu nada do auto de testemunhas a que procedeu. Comentou até, na carta de 20/10/1731 que dirigiu a um Inquisidor de Coimbra (transcrição normalizada): «Na forma que VSa. me ordena, fiz esta diligência inquirindo as testemunhas nela conteúdas, com aquela exação e cuidado que a matéria pede, sem que pudesse alcançar cousa alguma mais que o deposto pelas tais testemunhas, de cuja verdade não posso fazer firme conceito. Porque as pessoas que, pela sua qualidade e limpeza de sangue, se fazem dignas de crédito não podem saber cousa alguma dos particulares da gente de nação dos cristãos novos pela grande cautela que usam, mostrando-se nas suas ações exteriores mais pios, devotos e católicos que os mesmos cristãos velhos.» (fl. 254v). A Inquisição não terá chegado a levar esta suspeita de judaísmo por diante, pelo que houve lugar à instauração de processo. Os moradores de Argozelo que Isabel Gamboa denunciara, entretanto, fizeram a sua própria exposição ao Santo Ofício e alegaram sobretudo que o padre Francisco Gonçalves Machado Carrina era «inimigo capital dos sobreditos moradores», conservando destes um ódio que o levava a maquinar as mais ardilosas artimanhas para os incriminar. Como o dito padre era «de tão má língua», chegava a insultar os moradores de «cães, perros, judeus e hebreus», como pretenderam provar pelas catorze cartas que enviaram à Inquisição e que o padre tinha trocado, anos antes, com um seu tio. A razão do conflito entre o padre e os moradores não fica nunca muito clara na documentação conservada, mas teve provavelmente a ver com o facto de o padre ter sido processado no passado sob acusação de ter engravidado uma jovem.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Support meia folha de papel dobrada ecrita numa face e com sobrescrito noutra.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Coimbra, Cadernos do Promotor
Archival Reference Livro 361
Folios [259j]r-v
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Ana Luísa Costa
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Ana Luísa Costa
Transcription date2008

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Ao pe jorje Frz Meu thio e sor a que des gde Arguzelo

Meu thio e sor na Carta que mandei ao franco sr mandava dizer a V m que a sentenCa da prizão sahira heu Condenado nas Custas fundoce na Comtraproducente do homem e de fra q mo tiraram a huns artigos que heu não nomiei por serem testemunhas dadas por mim mostrei os Autos aos juis de fora desta Cidade dise me que os puzese in braga e pa la esta apelada e asim diga ao sr que me mande o dro da vinha e veija don an de sahir mais ceis mil Reis vendo o que qizer e mamdemmos sobre o ser prezo da parte do santo ofiCio e fatos e tudo o mais tudo desimulou o Vgro gal q ja agora nam pode estar mais conhecido que imda que heu tivera tanta justica Como o Castelo de outro mas Con tudo hiso não Chore o gosto aos Cais q a porta lhe an de bater as Misas as pence oje e findas estas mandeme mais inda que se tarde bon he telo ganhado a todo o tenpo q

de seu sobrinho frano MaChado Carrina

Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textText viewWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view