O autor queixa-se ao destinatário das injustiças que lhe foram feitas pela Inquisição.
Snor
Ds guarde Vm e faça sancto cõverta os santos, e pessa a Ds
castigo dos Inquisidores de Portugal de quãtos males per sua causa se
cometẽ oje en dia ẽ Portugal q elles são causa de tantos testimu
nhos falsos, e destruissão da fe de Xpõ meu Snor q os q são
catholicos per sua causa se fasem hereges, e sei isto de certa
sciencia. Eu lhe escrevi quatro veses retratando me das
falsidades q elles causarão, e gloriarãose de as publicarẽ do q
tudo an de dar a Ds muita conta, q cuidado q pstant obsequium
Deo, se fasem inemigos de Xpõ e pdem as almas. a Ds a vin
ganca. Diga a frei João q sempre fui qual sou, e sempre ei de
ser qual fui, e ei de ser, fui, e serei sempre o mesmo catholico e filho
da Igreja Romana, e tal foi o doctor Lopo Vaz e acabou e tais
seus filhos, mas q os Inquisidores o pagarão mui bẽ a Ds, e q sob
pene da maldicão de Ds são obrigados a me restituirẽ fama
honra, e bens, e injurias, e infamias e assi a todos os meus. dou
licenca a Vm pa ler as cartas q cõ esta vão q nelas vera mais.
troco todos os males q tanto ferirão por salvacão de almas q por
este servo indigno de Xpõ meu Snor, a elle se redusirão ja, e Ds
obrara muito q os servicos de Ds q o demonio impedio tomãdo
os Inquisidores por instrumẽto, Ds os ampliou, e estendeo por
todo o mundo q eu tenho por aposento, e ẽ seu servisso dera
acabar a vida, Nosso Snor a Vm todo seu. A frei Manoel arvelos, e
aos bons religiosos ẽcomendas estas cartas de
a quem usão
De V merce
Alvaro Vaz