João, Santarem doze de Dezembro de mil oitocen
tos e vinte, Recebi a tua de sinco do corrente, e por ella
vejo que passas bem o que estimo e vendo o teu contheu
do sou a dizerte que os dez Bois que agora me re
metes esccozavas e por isso to tinha já mandado di
zer mas como vem cá se gastarão, e agora só me
deves mandar mais a primeira semana de Ja
neiro que he quando percizarei de Bois porque
eu fui a Santo André e comprei dezaseis e destes
ainda tenho dois e dos que tu me remeteste só
tem morrido dois por serem muito mimozos que
estranhavão muito, á vista disto tenho gado
para este mez e só deves mandar para prince
piar a morrer a primeira semana do que vem
eu tãobem aqui comprei na feira dez e são bons,
não me dizes o custo dos dez Bois que agora reme
tes para mandar o dinheiro para baxo man
da dizelle porque não quero contas atrazadas,
Ora eu Julgo Francisco te ha de remeter huma
ordem de Veloso para reçeberes dinheiro em
Cantanhede e por isso me Lembro que faras a
feira da Oliveirinha adonde me deverás com
prar quatro Bois da soga porque estou sem
hum Boi de trabalho porque seis que truxe
do santo Andre e dois que tu compraste
na Oliveirinha quando daqui foste os mandas
te para Lisboa os quaes te custarão dezoito
e meia que mo disse o Souza dos Pinheiros,
estes tireios eu no Alto da Serra aos Mossos
e vendios aqui Domingo por vinte e huma
e tres quartas e deste modo estou sem Bois
de trabalho e por isso deves mandar os dittos
Os dittos quatro Bois para ver se vai ga
nhando a perda dos que morrem porque
os Bois que tu me remeteste facolhe honze
arrobas, e segundo o preço deles he carne
de vinte e tres tostõeis, e he por isso que se de
ve procurar os meios de recuperar este per
juizo, o qual só pode ser pela Asoga, os dois
Bois que morrerão pezarão vinte e quatro Ar
robas e nove Arrates, athe hoje he o que se me
offerece dizerte, conçerva a saude e sou teu
Irmão, Ignacio,