PSCR0688 1718. Carta de Ana da Conceição para o marido, Teodoro Pereira da Costa. Author(s)
Ana da Conceição
Addressee(s)
Teodoro Pereira da Costa
Summary
A autora dá ao marido notícias sobre a venda de umas casas suas, sobre a doença de uma criada e sobre como se sente abandonada pelos seus conhecidos, tendo encontrado apoio apenas numa pessoa. Expressa as saudades que ela e o seu filho sentem dele, e o desejo de o ver em breve.
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Querida prenda dos meus olhos
Estimarei q estas regras vos ache com perfeita
saude Livre de toda A molestia q vos possa a
flegir q he o que eu mais estimarei Ds vos
asista com aquella saude q vos dezejais pa meu
Amparo ; recebi duas vossas e dellas fis a estima
cão q vos me meresseis servindo de grande Alivio
em meio de tam dilatadas esperanssas
En ellas me dizeis me mandaveis hũms lenssos A
minha mãe não chegarão tambem me falais em hũas
coartas de tabaco , huma so recebi estando Inda
vos na Baya eu estimey mto por ter A fortuna
de ver prendas vossas nesta frota veio or
dem pa se venderem As cazas como se venderão
e pello gosto q tinha nellas as mandei Arematar
e chegarão a des mil e tantos cruzados este fa
vor me fes hum compe nosso Jozeph Ribro salvado
o qual he padrinho de Crisma do nosso Anto elle he
dessas partes do Reino e nelle tenho Achado huma
vontade tam grande Acompanhada da obra em o de
zejo de vos servir pello q de vos tem ouvido me
dindo o meu dezemparo com a vossa falta q
posso dizer tive em ella nelle parte de hum gran
de Abrigo q Aquelles Amigos q vos ca tinhãs ,
nem huma sede de Agoa delles recebi q despois q
vos fostes desta terra nenhum mais me soube a por
ta porq eu não tinha quem mandasse fazer vesi
tas de grassa e só A thomazia he a que athe agora
me tem mandado lavar a minha roupa pello Amor
de Ds pois q foi tal a minha fortuna q fiquei
com Joana toda podre q athe aqui me não tem
feito couza nenhuma por estar cheia de Alporquas
o prestimo q tem he fazerme dar Dro ao capam do
mato quebrando sempre o regimto das curas se
não fora huma negra de meu compe não tinha
Com quem hir ouvir huma missa pormita Ds o
trazervos ja A vista dos meus olhos pa meu empa
ro pa sessarem tam dilatadas esperanssas por ser cou
za de mim mais dezejada pellos meus pecados
me castiga Ds sostentandome em esperanssa tão per
longada q cada momento me paresse huma eter
nidade fora de vossa vista não sei como ja estou vi
va por cauza das mtas penas e doenssas q tenho tido
despois de vossa partida o q em outro tempo em vossa
bao compa tudo hera nada pa mim por ter em vos
todo o Afago e Abrigo nao vos molesto mais so pesso
a Ds me satisfassa a minha vontade com a vossa boa
prezenssa e compa hoje 13 de marco de 1718 desta
vossa mto Amte e oBediente espoza q mto vos quer
Athe a morte Anna da Consseicão
Nosso filho se recomenda em vossas memorias e vos
tem sempre prezente emcomendando todos os dias a
Ds a seu Pay com a mta saudade q tem vossas e
lle Anda aprendendo A solva
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