Snr João da Silvra Pinto e Brum
Nunca quis dar credito ao q por tantas vezes, e por difren
tes pessoas se me dezia q a sa D Mecia Margarida de Figdo Cas
tel Brco de Moraes estava justa pa cazar com hú cavalheiro
dessa Provincia, e contra a vontade de seu Pay q Deos haja; jus
tamte o devia eu dovidar depois de ter tantos annos de ex
periencia da rarissima capacidade desta sra; acrecendo
mais q tendome preçuadido pa q eu quizece cazar
com ella chegamos aos termos q VSa vera do papel
q lhe remeto, estas, e mtas mais bem attendiveis circunstancias
q justificadas parão em meu poder herão as q me con-
dozião pa me não capacitar, porem como agora o sr R P M
Fr Joze da Silveira me certifica ser verdade, e q rompendoçe
esta noticia nesta Provincia imputão ser testemunho levan
tado por vSa rogandome, e com empos lhe de hua prova de verda
de pa vsa satisfazer aos mordazes, e aos cavalheiros q o
emcrepão; ponderandome circunstancias tanto dilicadas
q com efeito me moverão; comtudo nada seria bastante
pa hisso se o meu cazamento não foce tam publico nesta
Corte, e na cide do Porto ha mtos annos dito pela mesma sra
pois hera tal a sua paixão porq eu a não queria q chegou
a quererce por em fuga pa esta corte, e pa minha caza, e pa
lhe suspender estes panos me aconcelhou a Exma Sra D Ma
ria Magdalena de Mendonça q lhe aseitace o escrito de
cazamto, e passado algũ tempo me detreminou q o fizeçe
e o aprovou o sr Joaqm Ignacio da Cruz Sobral: Obriga
me mais a satisfazer o seu mano a concideracão do q
esta sra fes a seu Pay em não aseitar o cazamto que lhe
ajustou com vsa tendo o atrevimto de lhe dizer q que
ria cazar com outro faltando a obediencia do Pay, e a
Deos da promeça q lhe fes de cazar cómigo, continuando
a escreverme, e esquecendoce do q me dezia em respostas
das minhas cártas escritas nas costas das mesmas q con-
cervo pa se poder algum dia ver; qdo esta sra de cauza
a hiço; o qto eu honrado sou, e agora ainda quer embaracar
o cazamto de sua Irmãa feito pr seu Pay com VSa, se logo
q elle faleceo eu fizera o q os meus amigos me aconcilha
vão; tudo estava finalizado; porem o meu pençar he mto
difrente, e não devo abandonar o conhecimto q Deos me
deo de tudo o q se tem passado a este respeito, e q os dotes
temporais nada valem faltando os da alma; aqueles
podemce adequerir, mas estes não consta q se possão
recoperar; emfim Deos criou tudo pa os homens, mas
tambem criou homens pa tudo, a mim crioume pa ser
honrado, e como tal lhe digo q debaxo deste preteisto
e da amizade q sempre tive com o meu ao o sr João
Cora da Sa q Deos haja, a vSa lhe ofreço o meu pouco
prestimo pa lhe dezembraraçar este particular, e asim te
nho ocazião de mostrar ao publico qm eu sou, e qual hera
a amizade q eu tive com o meu ao, e q suposto este
morrece q eu ainda sou o mesmo; e não tenho duvida
em hir a prezença de S Mage reprezentarlhe tudo com
concentimto de vSa e da Sra D Izabel da Camara de Figdo
e Altro ma sra. Pela nota q o sr R P M Fr Joze
da Silveira me da, venho no conheçimto q o pertendente
da sra D Mecia, he de boa degistão, e a sra de mto rezomida pon
deracão; não se embaraçando em profeçar na clace das doi
das, e elle na q lhe he devida: se ambos incestirem na
tal pretenção; hamdem afinal tirarlhe hũ bom fruto,
levantando dois gravissimos padroens de eterna memo
ria nas suas geraçoens. Ha mtos tempos que
sey q esta sra embaraça os panos a vsa pa intrar naque
la caza, porem se vsa por mto favor o quizer fazermo
de a procurar, e lhe ler esta carta, e da minha pte dizerlhe
q olhe pa as q ultimamte lhe tenho escrevido, e q ja basta de
dar q falar ao mundo, e pela aflição q isto me cauza
ja hoje deixo de lhe escrever; porem passado o dia 6 de
Junho faço conta de fazer a minha jornada, e de hua
ves se acabara tudo, e milhor gozara vsa do seu descanço
efectuandoce o q ajustou com o sr João Cora da Sa q Deos
haja. Todas as ocazioens q tiver de servir
a vSa as hey de estimar. Ds Ge a vsa Lxa 27 de
Mayo de 1775
De vsa
Mto venor C
Manoel Joze Frra Grl